Nasceu Mairinque, arredores da
cidade de São Paulo, (hoje, cidade de Itu), no bairro Dona Catarina (que leva o
nome de sua mãe, em sua homenagem), no Estado de São Paulo, em 4 de
outubro de 1841 e faleceu na cidade de Piracicaba, no
Estado em São Paulo, em 3 de dezembro de 1902). Foi
um advogado e político brasileiro. Foi presidente do estado
de São Paulo, (cargo equivalente ao de governador), senador,
presidente da Assembleia Nacional Constituinte de 1891 e
terceiro presidente do Brasil, tendo sido o primeiro civil a assumir o
cargo e o primeiro presidente por eleição direta.
Prudente de Moraes representava a ascensão da oligarquia
cafeicultora e dos políticos civis ao poder nacional, após um período de
domínio do poder executivo por parte dos militares, no qual essa oligarquia
mantinha-se dominando apenas o poder Legislativo.
Formação e Início da Carreira
Prudente de Moraes, sendo
descendente dos primeiros colonizadores de São Paulo. Seus pais eram
José Marcelino de Barros e Catarina Maria de Morais. Em 1846, com cerca de
cinco anos de idade, Prudente perdeu o pai, que era tropeiro e fazia
a rota Santos-Itu, assassinado por um escravo. Sua mãe casou-se com o
viúvo Caetano José Gomes Carneiro. Prudente graduou-se na Faculdade de
Direito de São Paulo em 1863, e, no mesmo ano, transferiu-se para Piracicaba,
onde exerceu advocacia durante dois anos. Em 28 de maio de 1866,
Prudente casou-se com Adelaide Benvinda Gordo, na residência dos pais
dela, em Santos. Após o casamento, fixaram-se em Piracicaba, e na
atualidade, a residência onde viveram tornou-se o Museu Histórico e
Pedagógico Prudente de Moraes. Prudente teve nove filhos com Adelaide,
sendo que dois faleceram na menoridade, Maria Thereza e Maria Jovita,
falecidas, respectivamente, aos onze e a um ano de idade. Além desses nove
filhos, Prudente teve um filho fora do casamento na época em que era estudante
de Direito, chamado José.
No Império, pertenceu ao Partido Liberal (PL), monarquista.
Elegeu-se vereador, sendo o mais votado, com 420 votos em 1864, presidindo
a Câmara Municipal de Piracicaba. Em 1877, no exercício de vereador,
Prudente conseguiu mudar o nome da cidade, que na época chamava-se Vila Nova da
Constituição, e passou a se denominar Piracicaba, nome indígena da região, que
quer dizer "lugar onde os peixes moram".
Em 1873, transferiu-se para o Partido Republicano Paulista (PRP),
declarando-se republicano, tendência que representou na Assembleia
Provincial.
Foi deputado provincial em São Paulo e deputado
à Assembleia Geral do Império, defendendo, além da forma republicana de
governo, o abolicionismo e o federalismo. Como deputado
provincial trabalhou na complexa questão das divisas de São Paulo com Minas
Gerais, tema no qual era especialista.
No Início
da República
Proclamada a República, foi nomeado, por Deodoro da Fonseca,
chefe da junta governativa que governou São Paulo de 16 de novembro a
14 de dezembro de 1889, nomeado em seguida governador, permanecendo no
cargo até 18 de outubro de 1890, quando renunciou para assumir uma cadeira
no Senado.
No governo de São Paulo, reorganizou e modernizou a
administração, especialmente o Tesouro e o Arquivo do Tesouro, ampliou a Força
Pública, sendo que a transição para a república em São Paulo, com a
nomeação de novos administradores, secretários e intendentes municipais ocorreu
em tranquilidade. Reorganizou a Escola Normal, que deu origem à Escola
Normal Caetano de Campos.
Chegou a ser vice-presidente do Senado, e presidiu a Assembleia
Constituinte de 1890-1891. Elaborada a Constituição, disputou
com Deodoro da Fonseca a presidência da República, sendo, porém,
derrotado.
Após a derrota para Deodoro, eleito indiretamente com 129 votos
contra 97, Prudente de Moraes tornou-se presidente do Senado até o final do seu
mandato.
Na Presidência da República
A eleição
Na disputa pela sucessão de Floriano Peixoto, que chegara à
presidência devido ao golpe de 23 de novembro de 1891,
candidatou-se pelo Partido Republicano Federal (PRF), fundado pelo
paulista Francisco Glicério em 1893. Venceu as eleições
presidenciais de 1º de março de 1894 e tomou posse no
dia 15 de novembro daquele ano, tornando-se o primeiro
presidente do Brasil a ser eleito pelo voto direto e o primeiro presidente
civil do Brasil. Prudente teve 276.583 votos contra 38.291 de seu principal
competidor Afonso Pena, em uma eleição que teve mais 29 políticos que
foram votados. Seu vice-presidente foi o médico Manuel Vitorino
Pereira. A sua eleição marcou a chegada ao poder da oligarquia cafeeira paulista
em substituição aos setores militares.
Os quatro anos de governo de Prudente de Moraes foram agitados,
tanto por problemas político-partidários, (a perda do apoio do Partido
Republicano Federal), como pela oposição dos setores florianistas e pela
continuação, no Rio Grande do Sul, da Revolta Federalista (1893-1895).
Prudente de Moraes dedicou todos os seus esforços à pacificação
das facções, que tinham em seus extremos os defensores do governo forte de
Floriano e os partidários da monarquia. Durante seu governo, abandonou uma a
uma as medidas inovadoras de Floriano Peixoto. Essa cautela de Prudente
foi necessária, já que os florianistas ainda tinham uma certa força,
principalmente no Exército. Além disso, o vice-presidente estava
ligado às ideias de Floriano. Prudente de Moraes imprimiu uma direção ao
governo que atendeu mais aos cafeicultores e afastou os militares da política.
Mandato (1894-1898)
No início do seu governo, conseguiu pacificar a Revolução
Federalista no Rio Grande do Sul, assinando a paz com os rebeldes,
que receberam anistia.
Prudente de Moraes restabeleceu as relações diplomáticas
com Portugal, rompidas por Floriano durante a Revolta da
Armada, e assinou o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação com
o Japão, em novembro de 1895, com o objetivo de fomentar a vinda
de imigrantes japoneses.
Enfrentou
a questão diplomática envolvendo os ingleses, que acharam por
bem, em julho de 1895, tomar posse da Ilha da Trindade, situada a
aproximadamente 1.200 quilômetros do litoral do Espírito Santo,
sob o pretexto de ali instalar uma estação telegráfica. A França, com
incursões abaixo do Rio Oiapoque, invadiu o Amapá a partir
de Guiana Francesa, atacando e incendiando alguns povoados próximos à
fronteira. O primeiro presidente civil do Brasil, em vez de recorrer às armas,
preferiu o arbitramento internacional, de Portugal no caso da Ilha
da Trindade, e da Suíça no caso do Amapá. As questões diplomáticas
foram resolvidas favoravelmente ao Brasil.
As dificuldades econômico-financeiras, herdadas da crise do
encilhamento, acentuaram-se em sua administração, sobretudo devido aos gastos
militares, aumentando as dívidas com os credores estrangeiros.
Com
a assessoria de seus ministros da Fazenda, Rodrigues Alves e Bernardino
de Campos, negociou com os banqueiros ingleses a consolidação
da dívida externa, operação financeira que ficou conhecida como funding
loan, base da política executada por Joaquim Murtinho nos quatro
anos seguintes.
No
plano da política externa, resolveu, favoravelmente, para o Brasil a
questão dos limites com a Argentina, arbitrada pelo presidente norte-americano Grover
Cleveland, em que se destacou o representante brasileiro, o Barão do Rio
Branco.
Enfrentou, ainda, a revolta da Escola Militar. Fez então
valer a sua autoridade: fechou a escola e o clube militar. Mas
pouco tempo depois enfrentaria um movimento rebelde ainda maior: a Guerra
de Canudos, no sertão baiano.
Obrigado
a submeter-se a uma cirurgia, afastou-se do poder entre 10 de novembro de
1896 e 4 de março de 1897, passando o cargo ao vice-presidente, o médico
baiano Manuel Vitorino Pereira. Nesta interinidade, Manuel Vitorino
transferiu a sede do governo do Palácio Itamaraty para o Palácio
do Catete.
Com
a vitória dos amotinados de Antônio Conselheiro sobre várias
expedições militares, a situação voltou a deteriorar-se. Prudente interrompeu a
convalescença e nomeou ministro da Guerra o general Carlos
Machado de Bittencourt, que liderou nova expedição e derrotou os rebeldes.
Durante o seu governo, as divergências internas no PR Federal e a Guerra
de Canudos desgastam o governo. Mesmo com a vitória das tropas do governo na
guerra, os ânimos não se acalmam.
O Atentado
Contra Prudente de Morais
Em 5 de novembro de 1897, durante uma cerimônia
militar em que recepcionaria dois batalhões do Exército que retornavam de
Canudos no Arsenal de Guerra (atual Museu Histórico Nacional),
sofreu um atentado contra sua vida praticado pelo anspeçada, (posto militar da classe das praças, existente nas forças armadas), Marcellino
Bispo de Mello; escapou ileso, mas seu ministro da Guerra, Marechal
Bittencourt, faleceu, defendendo a vida de Prudente. O presidente decretou,
então, estado de sítio, para o Distrito Federal, (Rio de Janeiro e Niterói),
conseguindo assim se livrar dos oposicionistas mais incômodos.
De
início, o vice-presidente Manuel Vitorino, que possuía divergências políticas
com Prudente de Moraes, foi indiciado no inquérito sobre o atentado, acusado de
envolvimento. Vitorino respondeu com um Manifesto em que proclamava inocência e
seu nome não foi incluído no despacho final do processo, mas sua carreira
política foi arruinada. Marcellino, feito prisioneiro e encontrado enforcado na
cadeia com um lençol, não foi mais do que mero instrumento de conspiração
política. Embora sua morte tenha comprometido as investigações, foram apontados
Capitão Deocleciano Martyr e José de Souza Velloso como mentores intelectuais
do crime.
Ministérios e Ministros
·
Ministério da Justiça e Negócios Interiores:
·
Antônio Gonçalves Ferreira (15 de novembro de 1894 — 30 de
agosto de 1896)
·
Alberto de Seixas Martins Torres (30 de agosto de 1896 — 7
de janeiro de 1897)
·
Bernardino José de Campos Júnior (interinamente - 7 de
janeiro de 1897 — 19 de janeiro de 1897)
·
Amaro Cavalcanti (19 de janeiro de 1897 — 15 de novembro de
1898)
·
Ministério da Marinha:
·
Eliziário José Barbosa, Almirante (15 de novembro de 1894 — 21
de novembro de 1896)
·
Manuel José Alves Barbosa (21 de novembro de 1896 — 15 de
novembro de 1898)
·
Ministério da Guerra:
·
Bernardo Vasques, general-de-divisão (15 de novembro de 1894 —
23 de novembro de 1896)
·
Dionísio Evangelista de Castro Cerqueira, general-de-brigada
(interinamente - 23 de novembro de 1896 — 4 de janeiro de 1897)
·
Francisco de Paula Argolo, general-de-brigada (4 de janeiro de
1897 — 17 de maio de 1897)
·
Carlos Machado de Bittencourt, marechal (17 de maio de 1897 — 5
de novembro de 1897)
·
João Tomás de Cantuária, general-de-divisão (6 de novembro de
1897 — 15 de novembro de 1898)
·
Ministério das Relações Exteriores:
·
Carlos Augusto de Carvalho (15 de novembro de 1894 — 1 de
setembro de 1896)
·
Dionísio Evangelista de Castro Cerqueira (1 de setembro de
1896 — 15 de novembro de 1898)
·
Ministério da Fazenda:
·
Francisco de Paula Rodrigues Alves (15 de novembro de 1894
— 20 de novembro de 1896)
·
Bernardino José de Campos Júnior (20 de novembro de 1896 —
15 de novembro de 1898)
·
Ministério da Indústria, Viação e Obras
Públicas:
·
Antônio Olinto dos Santos Pires (15 de novembro de 1894 —
20 de novembro de 1896)
·
Joaquim Duarte Murtinho (20 de novembro de 1896 — 1 de
outubro de 1897)
·
Dionísio Evangelista de Castro Cerqueira (1 de outubro de
1897 — 13 de novembro de 1897)
·
Sebastião Eurico Gonçalves de Lacerda (13 de novembro de
1897 — 27 de junho de 1898)
·
Jerônimo Rodrigues de Morais Jardim, marechal (27 de junho de
1898 — 15 de novembro de 1898)
Vida Após
a Presidência
Prudente de Moraes desfrutava de grande popularidade ao fim do
mandato, em 15 de novembro de 1898, quando passou o cargo de Presidente da
República a Campos Sales e retirou-se para Piracicaba, onde exerceria
a advocacia por alguns anos. Faleceu devido a uma tuberculose em 3 ou
13 de dezembro de 1902. Prudente de Moraes está enterrado no
"Cemitério da Saudade", localizado na cidade de Piracicaba.
É
homenageado dando seu nome às cidades de: Presidente Prudente (SP), Prudentópolis (PR)
e Prudente de Moraes (MG).
Nenhum comentário:
Postar um comentário