Nasceu em Guaratinguetá,
São Paulo, em 7 de julho de 1848 e faleceu em 16 de janeiro de 1919, no Rio
de Janeiro. Foi um advogado, político brasileiro, Conselheiro do Império, presidente da província
de São Paulo, presidente do estado de São Paulo, ministro da fazenda e
quinto presidente do Brasil.
Governou São Paulo por três mandatos: 1887-1888, como presidente
da província, e como quinto presidente do estado de 1900 a 1902 e como nono
presidente do estado de 1912 a 1916.
Elegeu-se duas vezes, cumprindo integralmente o primeiro mandato
(1902 a 1906), mas faleceu antes de assumir o segundo mandato (que deveria se
estender de 1918 a 1922).
Início da carreira política
Filho do português Domingos Rodrigues Alves (natural
de Ponte de Lima) e de Isabel Perpétua de Marins, estudou no Colégio
Pedro II no Rio de Janeiro. O pai veio para o Brasil em 1832,
fixando-se em Guaratinguetá; abandonou a vida de comércio e se dedicou à
lavoura, tornando-se plantador de café. Casou-se com a filha de Antônio de
Paula e Silva, um membro de uma antiga família local, Isabel; a outra filha de
Paula e Silva, Guilhermina, se casou com o filho do Visconde de Guaratinguetá,
José Martiniano de Oliveira Borges. Viviam no Largo do Rosário, hoje Praça
Conselheiro Rodrigues Alves, e tiveram 13 filhos. Domingos Rodrigues Alves
morreu aos 94 anos.
Depois dos estudos, passou para o Colégio Pedro II, e ali
permaneceu sete anos no internato. Era colega de Joaquim Nabuco, que dizia
nunca ter tirado o primeiro lugar por culpa de Rodrigues Alves! Bacharelou-se
em letras e diplomou-se na tradicional Academia do Largo de São Francisco (Academia
de Direito de São Paulo, hoje USP), na turma de 1870. A ela, em
determinado período, pertenceram também Rui Barbosa, Aureliano
Coutinho, Castro Alves e Afonso Pena. Também pertenceu a essa
privilegiada turma o paranaense Brasílio Itiberê da Cunha, autor da
modinha A Sertaneja, a primeira manifestação nacionalista na música
brasileira. Itiberê foi destacado diplomata, honrando seu grupo acadêmico.
Segundo Afonso Arinos foi a turma mais gloriosa que jamais cursou qualquer
faculdade de direito brasileira.
Em 1875 casou-se com Ana Guilhermina de Oliveira Borges, neta
de Francisco de Assis e Oliveira Borges, Visconde de Guaratinguetá, cuja
propriedade principal era a Fazenda das Três Barras.
O visconde era de humilde extração, diz Afonso Arinos. Filho de
pais pouco abonados, a fortuna veio a princípio da primeira esposa. No decorrer
da sua existência, pelas suas qualidades pessoais e pelo seu amor ao trabalho,
transformou-se em verdadeiro potentado. Falecido em 1879, sendo Rodrigues Alves
advogado da viúva e inventariante, verificou-se que devia ser um dos homens
mais ricos do Brasil no Segundo Reinado. O montante partilhável foi a mais de
mil contos, fortuna gigantesca pois correspondia a meio por cento de toda
a circulação monetária do país.
A carreira política de Rodrigues Alves começou apoiada em dois
importantes e sólidos pilares: primeiro, a influência que lhe passou o poderoso
visconde, chefe conservador da província, escolhido justamente por representar
na época a região que, em razão da enorme produção cafeeira, era a mais rica de
São Paulo. Segundo, o fato de pertencer à Burschenschaft ou Bucha
como chamavam os estudantes, misteriosa sociedade secreta que existiu por
muitos anos no Largo de São Francisco. De seus quadros saíram um sem número de
estadistas com fortíssima influência na política brasileira do final do Império e
na República Velha.
Foi juiz de paz, promotor e vereador em
Guaratinguetá, deputado provincial e geral pelo Partido
Conservador. Empresário de sucesso do ramo do café, tornou-se a
terceira maior fortuna do país; a fazenda onde morava tinha quatrocentos
cômodos e as refeições eram servidas em talheres de vermeil.
Governo de São Paulo
Governou São Paulo entre 1887 e 1888 como presidente da província
de São Paulo e foi conselheiro do império, título que usou até o fim da
vida, sempre chamado de "Conselheiro Rodrigues Alves", e pela alcunha de Chiquinho
de Paula. Seu filho, Oscar Rodrigues Alves e seu irmão Virgílio Rodrigues
Alves, também se destacaram na política paulista.
Com o advento da República filia-se ao Partido
Republicano Paulista (PRP) ao qual permaneceria filiado até o fim da vida.
Em 1890 foi eleito deputado para a Assembleia Constituinte e em 1891
foi nomeado ministro da Fazenda do governo de Floriano Peixoto.
Em 1893 foi eleito senador por seu estado, renunciando em 1894 para
ocupar novamente a pasta da Fazenda no governo Prudente de Morais.
Rodrigues Alves foi o negociador da consolidação dos empréstimos externos com
os banqueiros ingleses da Família Rothschild.
Rodrigues Alves foi presidente do estado de São Paulo em
1900, antes de assumir a presidência da República em 1901, época na qual
inaugurou a primeira usina hidrelétrica da São Paulo Light, a Usina
de Santana de Parnaíba, conhecida como Barragem Edgard de Souza.
Em seu segundo governo em São Paulo, em 1901, explodiu uma
revolta em Paranaíba no sul do Mato Grosso do Sul que
ameaçou o oeste de São Paulo levando Rodrigues Alves a enviar tropas estaduais
para a região, e houve neste governo grandes surtos de febre amarela e
outras doenças fatais.
Presidente da República
Rodrigues Alves foi eleito presidente da
república em 1 de março de 1902, obtendo 592.039 votos contra 42.542 de seu
principal competidor Quintino Bocaiúva.
O vice-presidente eleito foi Francisco Silviano de Almeida Brandão, que faleceu, sendo substituído por Afonso
Pena.
Em seu governo ocorreu a campanha de vacinação obrigatória
contra a varíola, promovida pelo médico sanitarista e ministro
da Saúde Osvaldo Cruz. A obrigatoriedade de vacinação provocou uma revolta
popular que ficou conhecida como Revolta da Vacina, movimento
ocorrido em 1904, com a adesão também dos alunos da Escola Militar da
Praia Vermelha, que acabou sendo fechada. Rodrigues Alves promoveu a reforma
urbana da cidade do Rio de Janeiro, realizada sob os planos do seu
prefeito, o engenheiro Pereira Passos, que incluiu, além do
remodelamento da cidade, a melhoria de estradas de ferro e a
construção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Houve também o Convênio
de Taubaté, que foi a primeira política de valorização do café. Esse convênio
reuniu São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Os três estados decidiram que
o governo federal compraria e estocaria as sacas de café para evitar a queda de
preço. Também determinaram um imposto de três francos por saca exportada.
Sua administração financeira foi muito bem-sucedida. O
presidente dispunha de muito dinheiro, já que seu governo coincidiu com o auge
do ciclo da borracha no Brasil, cabendo ao país 97% da produção
mundial. Em 1903, Rodrigues Alves comprou a região do Acre da Bolívia,
pelo Tratado de Petrópolis - processo conduzido pelo então diplomata José
Maria da Silva Paranhos Júnior (barão do Rio Branco). Deixou a presidência
com grande prestígio, sendo chamado "o grande presidente".
Depois de Rodrigues Alves, nenhum paulista governou o Brasil,
exceto por alguns dias Ranieri Mazzilli e Ulysses Guimarães, até
2016, quando Michel Temer assumiu o cargo por ser vice de Dilma
Rousseff, afastada da presidência. Em 2018 foi eleito Jair Bolsonaro,
primeiro presidente paulista eleito, de forma direta, desde Rodrigues
Alves.
O último governo em São Paulo e a reeleição para Presidente do
Brasil
Em 1912, foi novamente eleito presidente do estado de São
Paulo, ficando vários meses afastado por motivo de doença, e, em 1916,
encerrado o mandato de Presidente de São Paulo, voltou a ocupar uma cadeira
no Senado Federal. Dado o prestígio de Rodrigues Alves em todo o Brasil, o
Presidente Hermes da Fonseca não se arriscou a declarar a intervenção
federal em São Paulo, como fizera com os outros estados que não apoiaram sua
candidatura em 1910, na sua Política das Salvações.
Neste governo iniciou a restauração do Rodovia Caminho do
Mar, chamada de Estrada do Vergueiro, construiu a Ponte no Rio Tietê em Barra
Bonita, que existe até hoje.
Em 1912, reorganizou o Gabinete de Investigações e Capturas
criado em 1910, o que modernizou e reequipou a Polícia Civil de São
Paulo.
Também em 1912, a lei 1357, implantou a Faculdade de
Medicina e Cirurgia de São Paulo, atual Faculdade de Medicina da USP,
sendo que as primeiras aulas foram dadas já em 1913.
Foi eleito para o segundo mandato como presidente em 1º de março
de 1918 com quase a totalidade dos votos: 386.467 votos contra 1.258 votos
obtidos por Nilo Peçanha.
Contraiu a gripe espanhola e não tomou posse na
presidência da república em 15 de novembro de 1918. O vice-presidente
eleito Delfim Moreira o substituiu na presidência no dia 15 de
novembro de 1918. Em virtude do falecimento de Rodrigues Alves, ocorrido em
janeiro de 1919, Delfim Moreira assumiu interinamente até ser feita nova
eleição (à época a Constituição previa que o vice só assumiria definitivamente,
caso o presidente morresse depois de dois anos de sua posse, ou seja, a metade
de seu mandato). De sua posse em 15 de novembro até o falecimento de
Rodrigues Alves, Delfim Moreira sempre o visitava para pedir sua orientação e
conselhos.
Rodrigues Alves morreu em sua casa, na Rua Senador Vergueiro, no
bairro do Flamengo. Seu corpo foi embalsamado e velado na capela do
Palácio do Catete e depois sepultado em Guaratinguetá, no Cemitério da
Irmandade do Senhor dos Passos.
Ministérios e Ministros
Fazenda: José
Leopoldo de Bulhões Jardim
Guerra: general Francisco de Paula Argolo
Indústria, Viação e Obras Públicas: Lauro Severiano Müller
Justiça e Negócios Interiores: José Joaquim Seabra, Félix
Gaspar de Barros e Almeida
Marinha: vice-almirante Júlio César de Noronha
Relações Exteriores: José Joaquim Seabra -
interino; José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco.
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