Luiz Inácio Lula da Silva,
brasileiro, viúvo, residente e domiciliado em São Bernardo do Campo-SP., nascido
aos 27 dias do mês de outubro de 1945, no distrito de Caetés, no município de
Garanhuns, mesorregião do agreste pernambucano.
É profundamente amado pela
classe pobre trabalhadora, com quem muito se identifica e representa, por nela
ter nascido e participado de todos os dissabores que lhes são inerentes.
Filho de agricultores pobres,
viu, ainda muito pequeno, sua mãe ser abandonada pelo seu pai, que fugiu, com a
concubina, para o sudeste do país, deixando-o com sua mãe e seus sete irmãos a
mercê da fome e da miséria.
Em 1952, aos sete anos de
idade, juntamente com a mãe e os irmãos, migraram dessa região pernambucana,
para o sudeste do pais, tanto para fugir do caos em que toda família se
encontrava, como para sua mãe, motivada por um falso convite recebido através
de uma carta, se encontrar com o seu pai.
Após treze consecutivos e cansativos
dias de viagem em pau-de-arara, (modalidade nordestina de transporte que consiste
em se adaptar caminhões de carga para transportar passageiros. Constando
essa adaptação em se improvisar varões transversais e verticais de madeira, nas
carrocerias de caminhões, no formato de gaiola, para servirem de fixação à lonas,
e ao mesmo tempo servir de apoio aos passageiros, que se seguravam nesses
varões durante a viagem. Semelhantes as araras que, quando transportadas em
varões, se agarram aos mesmos e grasnam durante a viagem. Da mesma forma, os
passageiros, agarrados aos varões faziam, para mitigar a fome, o cansaço e o
sono, bastante algazarra, em forma de orações, canções, gritos e aboios de
vaqueiros), chegaram em Itapema, (hoje, Vicente de Carvalho), no município de
Guarujá-SP., cansados e alquebrados e se instalaram na mesma residência da
segunda família do pai, onde descobriram que o convite havia sido um blefe de
um dos irmãos mais velhos de Lula, no intuito de convergir para um mesmo lugar,
a família dispersada pela desventura de um ato irresponsável do pai.
A convivência das duas
famílias juntas foi chocante, difícil e humilhante. Sua sofredora mãe não
merecia tamanho sofrimento e humilhação. Mas o infante Luiz Inácio, de apenas
sete anos, abdicou da infância e da adolescência e caiu na batalha para
angariar meios de tirar sua mãe de tão constrangedora situação. Usou de todos
os recursos honestos de sobrevivência. Vendou laranjas no cais. Retirou lenha
do mangue para venda e consumo doméstico. Andou quilômetros para pegar água
potável, em poços tubulares, para venda e consumo da família. Catou mariscos e
caranguejos no mangue para venda e consumo, conseguindo assim ajudar a sua mãe a
sair do convívio humilhante e ir morar, com os filhos, em uma casa visinha,
extremamente pobre, mas sem a inconveniência de um compartilhamento
indesejável.
Em 1954 sua mãe mudou-se para São Paulo, capital do estado,
indo residir na Vila Carioca, um bairro localizado no distrito
do Ipiranga. Mas Luiz Inácio, de imediato, não acompanhou a mãe, porque
estava matriculado no Grupo Escolar Marcílio Dias, no Guarujá, para ser alfabetizado,
apesar da falta de incentivo do pai que, por ser analfabeto, entendia que seus
filhos não deveriam ir à escola, para, assim, poderem trabalhar e contribuir
para renda familiar.
Em 1956, com onze anos,
mudou-se para São Paulo, capital, e foi morar com sua mãe na Vila Carioca,
continuando, assim, com os mais variados labores para ajudar na renda familiar, tais como:
trabalhar em tinturaria, engraxar sapatos, auxiliar em escritório, etc. Aos
quatorze anos apenas, e pela primeira vez, teve sua carteira de trabalho assinada
pela empresa Armazéns Gerais Colúmbia, onde trabalhou.
Em 1961, fez, no SENAI Roberto
Simonsen, no bairro do Ipiranga, um curso profissionalizante de torneiro
mecânica, e essa oportunidade, segundo ele, teria sido se concretizado a
conquista de seu direito à cidadania.
Agora, profissionalmente habilitado,
foi trabalhar em uma siderúrgica de produção de parafusos, já como torneiro
mecânico. E foi ali, no chão de fábrica, que a alcunha Lula, embora já fosse
praticada no seio familiar, se expandisse mais popularmente
Também foi ali, que, em 1964,
aos 19 anos, esmagou seu quinto quirodáctilo da mão esquerda, (dedo mindinho),
enquanto trabalhava num torno mecânico, e, pela demora, pelos dirigentes da
fábrica, no encaminhamento ao socorro médico, teve que amputar o dedo. Mutilação
essa que o deixou triste, mas não o deprimiu. Recebeu, onze meses depois, uma
indenização de 350 mil cruzeiros, oportunidade em que comprou, para
sua mãe, móveis domiciliares e um terreno.
Depois trabalhou na
Frismolducar, mas foi demitido por se ter recusado a trabalhar aos sábados.
Em 1965, em razão da recessão
causada pelo golpe militar, ficou, juntamente como seus irmãos, desempregado
durante todo ano. Nesse ano ele e sua família passaram por severas privações e sobreviveram
de trabalhos eventuais, (os famosos "bicos").
Em 1966, foi admitido nas
Indústrias Villares, uma grande empresa metalúrgica de São Bernardo do
Campo, no ABC Paulista, onde teve melhor remuneração, respaldada por uma
intensa atuação no setor produtivo da empresa.
Embora, à época, ainda não
tinha uma visão sindicalista, filiou-se, em 1968 ao Sindicato de Metalúrgicos
de São Bernardo do Campo e Diadema. E, apesar da inexperiência sindical, já era
apontado pelos sindicalistas como uma pessoa com espírito de liderança e
carisma.
Em 1969, sob forte influência
de seu irmão, José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, militante
do Partido Comunista Brasileiro, foi convencido a integrar a chapa de
candidatura a dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, e
essa chapa, na qual o seu nome figurava dentre os suplentes, foi a eleita. Mas
ele continuou a exercer, normalmente, suas atividades de torneiro mecânico na
empresa em que trabalhava.
Em 1972, elegeu-se 1º
secretário do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e
Diadema, mas ainda continuou a exercer suas atividades de torneiro
mecânico na empresa em que mantinha vínculo empregatício.
Pela condição de 1º secretário
do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, ele foi
indicado a dirigir a recém criada
Diretoria de Previdência Social e FGTS. E, dessa vez, ele deixou
de exercer suas atividades de torneiro mecânico, desvinculando-se da empresa em
que mantinha vínculo empregatício e passando a ter dedicação exclusiva aos
labores sindicais.
Em 1973, fez, nos Estados
Unidos, um curso sobre sindicalismo, na AFL-CIO (American Federation of
Labor and Congress of Industrial Organizations-Federação Americana do Trabalho
e Congresso de Organizações Industriais), a maior central
operária dos Estados Unidos e Canadá. Fundada
em 1955 pela fusão da AFL (1886) com a CIO (1935). É composta por 54
federações nacionais e internacionais de sindicatos dos Estados
Unidos e do Canadá, que, juntos, representam mais de 10 milhões de
trabalhadores e integra a Confederação Internacional das Organizações
Sindicais Livres.
Em 1975, pela sua brilhante
atuação frente a diretoria de
previdência social e FGTS, foi convidado a candidatar-se a presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo
do Campo e Diadema e a sua chapa foi a vitoriosa do certame.
Sua atuação como dirigente
sindical foi reveladora, e ganhou projeção nacional, pelas bandeiras
levantadas, reinvindicações de direitos que
deixaram de ser atribuídos aos trabalhadores, com o movimento que ele liderou em
1977, reivindicando a complementação da reposição aos salários do índice correto
da inflação de 1973, por ter tido um índice de correção inferior ao índice
real inflacionário, fato esse reconhecido pelo próprio governo de que o índice
de inflação divulgado havia sido bem menor que o real ocorrido. O equivale
dizer os salários tiveram reajuste menor do que o devido. Esse pleito sindical
liderado por Luva teve ampla cobertura da imprensa, (e em plena vigência
do AI-5), mas o governo não atendeu as reinvindicações.
Reeleito, em 1978, passou
a liderar as negociações e as greves de metalúrgicos de sua base que passaram a
acontecer em larga escala a partir desse ano, quais haviam cessado de ocorrer
desde o endurecimento repressivo da ditadura militar na década
anterior.
Por liderar as greves dos
metalúrgicos da Região do ABC, no final dos anos 1970 e
início dos anos 1980, Lula foi preso, cassado como dirigente sindical e
processado com base na Lei de Segurança Nacional.
Durante o movimento grevista,
a ideia de fundar um partido representante dos trabalhadores amadureceu e,
em 1980, Lula se juntou a sindicalistas, intelectuais, representantes dos
movimentos sociais e católicos militantes da Teologia da
Libertação para formar o Partido dos Trabalhadores (PT), do qual
foi o primeiro presidente.
Em 1980, em pleno curso
de uma greve no ABC paulista, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo
do Campo sofreu intervenção aprovada por Murilo Macedo, então ministro do
Trabalho do general João Batista Figueiredo, e Lula foi detido por trinta
e um dias nas instalações do DOPS paulista. Em 1981,
a Justiça Militar o condenou a três anos e meio de detenção por
incitação à desordem coletiva. Tendo recorrido, foi absolvido no ano seguinte.
Em 1982, Lula participou das eleições para o governo de São Paulo e perdeu. No mesmo ano alterou judicialmente seu nome de Luiz Inácio da Silva para Luiz Inácio Lula da Silva visando usá-lo em pleitos eleitorais futuros, pois a legislação vigente proibia o uso de apelidos pelos candidatos. Em 1984, participou, ao lado de Ulisses Guimarães, Fernando Henrique Cardoso, Eduardo Suplicy, Tancredo Neves, entre outros, da campanha Diretas Já, que clamava pela volta de eleições presidenciais diretas no país. A campanha Diretas Já acabou não tendo sucesso e as eleições presidenciais de 1985 foram feitas por um Colégio Eleitoral de forma indireta. Lula e o PT abstiveram-se de participar desta eleição. O processo indicou o governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, que participou ativamente na campanha das Diretas Já, como novo presidente do Brasil. Com a morte de Tancredo Neves, antes da sua posse como presidente em 1985, assume a presidência o vice José Sarney. Lula e o PT decidem firmar uma posição independente, mas logo se encontram no campo da oposição ao novo governo.
Em 1986, foi eleito
deputado federal por São Paulo com a maior votação para a Câmara
Federal até aquele momento, tendo participado da elaboração
da Constituição Federal de 1988. Foi favorável à limitação
do direito de propriedade privada, ao aborto, à jornada semanal de 40 horas, à
soberania popular, ao voto aos 16 anos, à estatização do sistema financeiro, à
criação de um fundo de apoio à reforma agrária e ao rompimento de relações
diplomáticas com países que adotassem políticas de discriminação racial.
Em 1989, realizou-se a
primeira eleição direta para presidente desde o golpe militar de 1964.
Lula se candidatou a presidente e ficou em segundo lugar. No segundo
turno Fernando Collor de Mello, candidato do PRN, primeiro colocado
no turno inicial das eleições, recebeu apoio dos meios de comunicação e
empresários, uma vez que estes se sentiam intimidados ante a perspectiva do ex-sindicalista,
radical e alinhado às teses de esquerda chegar à presidência, e Collor
foi eleito presidente.
A campanha de Fernando
Collor no segundo turno foi fértil em práticas tidas, na época, por
moralmente duvidosas, e que combinavam preconceitos políticos e sociais: Lula
foi identificado como um trânsfuga do comunismo, a quem a queda do Muro
de Berlim havia transformado em anacronismo, e seus atos
político-eleitorais (comícios, passeatas) foram descritos com conotações
desmoralizantes (segundo o acadêmico Bernardo Kucinski, tal teria
sido facilitado pela infiltração de agentes provocadores de Collor nos comícios
do PT. Collor acusou ainda Lula de desejar sequestrar ativos financeiros de
particulares (o que a equipe econômica do futuro governo Collor fez após sua
eleição).
Articulistas da grande
imprensa pronunciaram-se de forma indecorosa sobre Lula: o comentarista Paulo
Francis o chamou de "ralé", "besta quadrada" e disse
que se ele chegasse ao poder, o país viraria uma "grande bosta". Além
disso, uma antiga namorada de Lula, Miriam Cordeiro, com a qual ele teve uma
filha, surgiu na propaganda televisiva de Collor durante o segundo turno das
eleições para acusar seu ex-namorado de "racista" e de ter lhe
proposto abortar a filha que tiveram.
O PSDB, hoje maior rival
eleitoral do PT, na época, declarou apoio oficial a Lula no segundo turno. O
candidato tucano, Mário Covas, que havia ficado em quarto lugar naquela
eleição, subiu em palanques ao lado de Lula em defesa da candidatura petista.
Às vésperas da eleição,
a Rede Globo promoveu um debate final entre ambos os candidatos e, no
dia seguinte, levou ao ar uma versão editada do programa em sua exibição
no Jornal Nacional. O então diretor do Gallup Carlos Eduardo Matheus,
entre outros, sustentou que a edição foi favorável a Collor e teria
influenciado o eleitorado (fato este admitido mais tarde por várias memórias
de participantes do evento, mostrado no documentário Beyond Citizen Kane).
A eleição propriamente dita comportou ainda a alegada manipulação política do
sequestro do empresário do setor de supermercados Abílio Diniz, que,
libertado do cativeiro no dia da eleição, seus sequestradores foram
apresentados pela polícia vestindo camisetas do PT (aberto inquérito para
apurar se coube à polícia vestir os criminosos, foi dois anos depois arquivado
por falta de provas).
Apesar da sua derrota em 1989,
Lula manteve sólida liderança no PT, bem como prestígio internacional, como no
destaque obtido quando da fundação do Foro de São Paulo, em São
Bernardo do Campo, em 1990. Tratava-se de um encontro periódico de
lideranças partidárias que visava congregar e reorganizar as esquerdas latino
americanas, que estavam politicamente desorganizadas com a expansão do
neoliberalismo após a queda do muro de Berlim.
Em 1994, Luiz Inácio Lula da Silva voltou a candidatar-se à presidência e foi novamente derrotado, ainda no primeiro turno, dessa vez pelo candidato do PSDB, Fernando Henrique Cardoso. Em 1998, Lula saiu pela terceira vez derrotado como candidato à presidência da República, em uma eleição novamente decidida no primeiro turno. No entanto, manteve papel de destaque na esquerda brasileira, ao apresentar-se numa chapa que tinha como candidato à vice-presidência o seu antigo rival Leonel Brizola, que havia disputado arduamente com Lula sua ida ao segundo turno das eleições de 1989 como adversário de Collor. Lula tornou-se um dos principais opositores da política econômica do governo eleito, sobretudo da política de privatização de empresas estatais realizadas nesse período.
Em 1994, Luiz Inácio Lula da Silva voltou a candidatar-se à presidência e foi novamente derrotado, ainda no primeiro turno, dessa vez pelo candidato do PSDB, Fernando Henrique Cardoso. Em 1998, Lula saiu pela terceira vez derrotado como candidato à presidência da República, em uma eleição novamente decidida no primeiro turno. No entanto, manteve papel de destaque na esquerda brasileira, ao apresentar-se numa chapa que tinha como candidato à vice-presidência o seu antigo rival Leonel Brizola, que havia disputado arduamente com Lula sua ida ao segundo turno das eleições de 1989 como adversário de Collor. Lula tornou-se um dos principais opositores da política econômica do governo eleito, sobretudo da política de privatização de empresas estatais realizadas nesse período.
A desvalorização do real em
janeiro de 1999, logo após a eleição de 1998, as crises internacionais,
deficiências administrativas como as que permitiram
o apagão de 2001, e principalmente o pequeno crescimento
econômico no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso fortaleceram a
posição eleitoral de Lula nos quatro anos seguintes. Abdicando dos "erros"
cometidos em campanhas anteriores, como a manifestação de posições tidas por
radicais, Lula escolhe para candidato à vice-presidência, o senador mineiro e
empresário têxtil José Alencar, do PL, partido ao qual o PT se aliou.
A campanha eleitoral de Lula optou em 2002 por um discurso moderado, prometendo
a ortodoxia econômica, respeito aos contratos e reconhecimento da dívida
externa do país, conquistando a confiança de parte da classe média e do
empresariado.
Em 27 de
outubro de 2002, Lula foi eleito presidente do Brasil, derrotando o
candidato apoiado pela situação, o ex-ministro da Saúde e então senador pelo
Estado de São Paulo José Serra do PSDB. No seu discurso
de diplomação, Lula afirmou: "E eu, que durante tantas vezes fui acusado
de não ter um diploma superior, ganho o meu primeiro diploma, o diploma de
presidente da República do meu país."
Em 1 de janeiro de 2003, a história brasileira é
marcada pela posse de um ex-operário ao posto mais elevado do país, que o governou
em dois mandatos: de 2003 a 2006, e de 2007 a 2011.
O Governo Lula terminou com aprovação recorde da população, com
número superior a 80% de avaliação positiva. Teve como principais marcas a
manutenção da estabilidade econômica, a retomada do crescimento do País e a
redução da pobreza e da desigualdade social. O governo Lula também se
notabilizou pela busca do país em sediar grandes eventos esportivos, como os Jogos
Pan-Americanos de 2007 e a escolha do Brasil para sediar a Copa do
Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, embora essas decisões tenham
gerado polêmica quanto aos possíveis prejuízos e legados de cada
evento.
O governo Lula registrou crescimento de 32,62% do PIB (média
de 4%) e 23,05% da renda per capita (média de 2,8%). . Lula
assumiu com a inflação em 12,53% e entregou a 5,90%.
A gestão Lula iniciou dando seguimento à política econômica do
governo anterior, FHC. Para tanto, nomeou Henrique Meirelles,
deputado federal eleito pelo PSDB de Goiás em 2002, para a
direção do Banco Central do Brasil dando um forte sinal para o
mercado - principalmente o Internacional, em que Meirelles é bastante conhecido
por ter sido presidente do Bank Boston - de que não haveria mudanças
bruscas na condução da política econômica em seu governo. Nomeou o médico
sanitarista e ex-prefeito de Ribeirão Preto Antônio Palocci,
pertencente aos quadros do PT, como Ministro da Fazenda. Após seguidas
denúncias contra Palocci feitas pela mídia, no caso conhecido como "Escândalo
da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo", este pediu demissão
(em 27 de agosto de 2009, o STF arquivou a denúncia feita contra
Palocci). O seu substituto foi o economista e professor universitário Guido
Mantega, que assumiu o ministério em 27 de março de 2006.
O Governo Lula caracterizou-se pela baixa inflação, que ficou
controlada, redução do desemprego e constantes recordes da balança
comercial. Tambem observou-se o recorde na produção da indústria
automobilística em 2005, e o maior crescimento real do salário mínimo.
Em 2010, Alan Mulally, presidente mundial da Ford afirmou
que graças aos programas de incentivo do Governo Lula foi possível ao país sair
de forma efetiva da crise mundial. Durante a crise a retração do PIB foi de
apenas 0,2%, mostrando um resultado melhor que as grandes economias do mundo
obtiveram.
Nos oito anos do Governo Lula, a taxa de inflação oficial do
País, representada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou,
em sete oportunidades, dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário
Nacional (CMN). A exceção ficou por conta justamente do primeiro ano da
gestão, em 2003, quando o IPCA, mesmo mostrando uma alta menor, de 9,30%, ante
a taxa de 12,53% de 2002, ficou acima da meta ajustada de 8,5% anunciada pelo
Banco Central.
Em 2004, depois de o CMN estipular uma meta de inflação
acumulada de 5,5% para aquele ano, com tolerância de 2,5 pontos porcentuais
para baixo ou para cima, o IPCA atingiu uma taxa final de 7,60%, bem próxima do
teto estabelecido. Em 2005, a inflação oficial do País fechou o período
com uma alta acumulada de 5,69%, dentro da meta de 4,5%, com tolerância de 2,5
pontos para cima ou para baixo.
A partir de 2006, o CMN manteve o ponto central da meta
inflacionária do Brasil em 4,5%, mas reduziu as margens para 2 pontos
porcentuais para cima ou para baixo. Foi exatamente nesse ano que o IPCA
atingiu a marca de 3,14%, a menor taxa desde o início de implantação das metas,
em 1999.
Em 2007 e 2008, a inflação acumulada avançou para os níveis de
4,46% e de 5,90%, respectivamente, mas ainda continuaram dentro do intervalo
perseguido pelo Banco Central. Em 2009, em virtude, principalmente, da
alta menor no preços dos alimentos, o IPCA acumulado desacelerou para a marca
de 4,31%. No último ano do governo Lula, a inflação apresentou importante
aceleração, registrando alta de 5,91%. Apesar de ainda ter ficado dentro
da meta do CMN, de 4,5%, com tolerância de 2 pontos para cima ou para baixo, o
IPCA foi o maior desde 2004.
O PIB apresentou expansão média de 4% ao ano, entre 2003
e 2010. O desempenho superou o do governo anterior, Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002), que mostrou expansão média do PIB de 2,3% ao
ano. O número médio dos oito anos ficou, porém, abaixo da média de
crescimento da economia brasileira do período republicano, de 4,55%, e colocou
o Governo Lula na 19ª posição em ranking de 29 presidentes, conforme estudo do
economista Reinaldo Gonçalves, professor da UFRJ. Quando se divide o
período por dois mandatos, a média foi de 3,5%, no primeiro (2003-2006), e de
4,5%, no segundo (2007-2010).
O resultado médio melhor da segunda metade do Governo Lula foi
beneficiado especialmente pelo número do último ano de mandato, já que a
economia brasileira apresentou, em 2010, expressiva expansão de 7,5% ante 2009,
o maior crescimento desde 1986, quando o PIB também cresceu 7,5%, segundo o
IBGE.
Lula iniciou o governo com uma expansão modesta, de 1,1% em
2003. Teve seu melhor resultado justamente em 2010, após uma retração de
0,6% registrada no ano anterior.] O
segundo melhor resultado do PIB brasileiro, nos oito anos de governo foi em
2007, com expansão de 6,1%. Em 2004, a economia cresceu 5,7%; em 2005,
3,2%; em 2006, 4%; e, em 2008, 5,2%.
Em 2008, quando o aquecimento
da demanda e da atividade econômica nacional já geravam preocupações para o
cumprimento das metas de inflação e obrigavam o Banco Central a apertar a
política monetária por meio do aumento da taxa básica de juros, a crise
financeira mundial originada nos Estados Unidos atingiu o Brasil no
último trimestre. Mas, como o primeiro semestre ainda havia apresentado um
desempenho econômico forte, o PIB nacional terminou o ano com uma taxa de
expansão de 5,1%.
Já sob influência dos impactos
da crise financeira global especialmente no aumento do desemprego no País no
primeiro bimestre de 2009, a aprovação do governo Lula, que, em dezembro de
2008, havia batido novo recorde, ao atingir, segundo a Pesquisa Datafolha, a
marca de 70% de avaliação de "ótimo" ou "bom", sofreu
queda em março de 2009, para 65%. Foi a primeira redução observada no segundo
mandato do presidente. Sobre a crise deu as seguintes declarações:
“
|
A imprensa, de vez em
quando, fica doida: 'Mas, presidente Lula, e a crise americana?' Perguntem
para o Bush. A crise é dele, não é minha.
|
”
|
—Lula, durante discurso em
Mossoró-RN, julho de 2008.
|
“
|
Eu estou muito confiante de
que a crise americana, se ela chegar aqui... lá ela é um tsunami, aqui ela
vai chegar uma marolinha, que não dá nem para esquiar.
|
”
|
—Lula, durante entrevista no
ABC paulista, outubro de 2008.
|
Combate aos efeitos da crise e
retomada da popularidade:
A queda na avaliação positiva
foi bastante efêmera, já que, logo no mês de maio de 2009, pesquisas voltaram a
trazer crescimento na aprovação do governo, também em consequência da
estabilidade do Brasil frente à crise econômica internacional. Na Pesquisa
Datafolha publicada em 31 de maio do mesmo ano, a avaliação positiva voltou ao
patamar de novembro, quando a taxa de aprovação do governo chegou ao recorde de
70%.
Pelos frutos desta
popularidade, Lula foi considerado, pela Revista Época, um dos cem
brasileiros mais influentes do ano de 2009.
Em março de 2010, pesquisa
Datafolha publicada no jornal Folha de S.Paulo constatou que a popularidade de
Lula atingiu seu melhor valor desde 2003. 76% dos pesquisados apontaram o
governo como ótimo ou bom e 4% acharam o governo ruim ou péssimo.
Dentre suas diretrizes de
trabalho está a atuação defensiva na área de Relações Exteriores, com
atuação estrategicamente focada na OMC e formação de grupos de
trabalho formados por países em desenvolvimento, bem como interações
específicas com a União Europeia, melhorando a exposição do país
internacionalmente. Essa forte atuação gerou resultados na ampliação do
comércio brasileiro com diversos países e na consequente diminuição da
dependência dos Estados Unidos e da União Europeia nas exportações brasileiras.
Essa orientação fortemente comercial da política externa resultou num crescimento
inédito das exportações brasileiras: em sete anos de governo Lula, as exportações
totalizaram US$ 937 bilhões.
Ainda na política externa,
o governo Lula atua para integrar o continente Sul Americano, expandir e
fortalecer o Mercosul, obtendo alguns avanços, como o aumento de mais de
100% nas exportações para a América do Sul, fortalecendo o comércio regional.
Dentre os últimos eventos a
serem estudados, incluem-se:
A proposta de entrada da Venezuela no Mercosul;
Os presidentes da
Bolívia, Evo Morales, e do Equador, Rafael Correa, também
manifestando interesse mútuo em estreitar os laços comerciais com o Brasil;
A insistência na obtenção de
um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas;
A crescente projeção da
influência brasileira pelo mundo:
Em 26 de março de 2009, por
ocasião da visita do primeiro-ministro britânico Gordon Brown ao
Brasil, Lula afirmou que a crise foi causada por "comportamentos
irracionais de gente branca de olhos azuis". A declaração deixou Brown
constrangido e ganhou destaque na imprensa britânica.
Em 2 de abril de 2009, durante
almoço que fez parte da reunião de líderes do G20, em Londres, na
Inglaterra, o presidente dos EUA, Barack Obama, elogiou publicamente Lula,
dizendo que o presidente brasileiro era "o cara" e também o
"político mais popular do mundo".
Em dezembro do mesmo ano,
quando em visita à Alemanha, o Süddeutsche Zeitung, jornal de maior
tiragem naquele país, chamou-o de superstar e de "o político
mais popular do planeta", diante de quem "os poderosos do planeta
fazem fila". E, ao se referir-se à visita de Lula, informou que "Lula
honra Berlim e Hamburgo" com sua visita.
A política externa do governo
Lula também é considerada controversa por alguns órgãos de imprensa, pelo
suposto apoio do Brasil a países acusados de violações a direitos humanos,
tanto em votações na ONU quanto na aproximação política com essas
nações. Casos notórios que causaram polêmica foram a abstenção do Brasil
na votação de um pedido de investigação sobre violações de direitos humanos no
Sudão, a visita do presidente iraniano ao Brasil em 2009 e o apoio à conduta do
governo cubano de prender opositores políticos, inclusive com críticas de Lula
àqueles que protestavam com greve de fome.
Tal política externa não
impediu, entretanto, que nesse mesmo ano, num espaço de tempo não maior que
dois meses, o Brasil tenha recebido as visitas de Shimon Peres, presidente
de Israel, e de Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional
Palestiniana (Palestina, no Brasil), além do próprio presidente do Irã.
Apesar do grande número de
escândalos políticos que envolveram o PT durante seu mandato, a popularidade do
então presidente da república continuava expressiva, fato atribuído por seus
adversários a uma forma de governo populista, por conta dos benefícios
monetários e alimentícios oferecidos às famílias de baixa renda através de
programas sociais como o Bolsa Família. Apesar de só fornecer o auxílio a
famílias de baixa renda, o presidente afirma que aqueles auxiliados pelo
programa tentam ascender a uma nova classe social, mesmo considerando a
possibilidade de perder o auxílio conferido pelo programa.
Sob o comando de Lula, o
Brasil também prestou importante auxílio a países que passaram por grandes
tragédias no início de 2010. Em janeiro, o país ajudou no apoio às vítimas do
terremoto no Haiti. No final de fevereiro, ajudou no auxílio às
vítimas do terremoto no Chile.
Ainda na política externa
exerceu o mandato de Presidente Pro-tempore do Mercosul.
Carreira como palestrante e
colunista:
Lula após deixar seu cargo de
Presidente, iniciou carreira de palestrante. Sua primeira palestra foi em março
de 2011 para executivos da LG. As estimativas dos valores de suas
palestras rondam a casa dos 200 mil reais no Brasil e 332 mil reais no
exterior. Entre outubro de 2011 e março de 2012, Lula visitou mais de 30
países.
Em abril de 2013, o
ex-presidente assinou um contrato com o jornal norte-americano The New
York Times para escrever uma coluna mensal no jornal sobre política e
economia internacionais.
Vida pessoal
Casamentos e filhos:
Lula e a segunda esposa,
Marisa Letícia:
Em 24 de maio de 1969,
Lula se casou com a operária mineira Maria de Lourdes da Silva, irmã
de seu melhor amigo, Jacinto Ribeiro dos Santos, o "Lambari". Lourdes
contraiu hepatite no oitavo mês de gravidez, em junho de 1971, vindo
a falecer quando os médicos decidiram fazer uma cesariana para tentar
salvar mãe e filho, que também não sobreviveu. Em 1974, teve uma
filha chamada Lurian com a enfermeira Miriam Cordeiro, sua namorada
na época. Mais tarde, naquele mesmo ano, casou-se com a então viúva Marisa
Letícia Casa dos Santos, vindo anos depois a adotar o filho dela, Marcos
Cláudio, que nem chegara a conhecer o pai biológico. O casamento de mais de
trinta anos com Marisa gerou três filhos: Fábio Luís (nascido em
1975), Sandro Luís (nascido em 1979), e Luís Cláudio (nascido em 1985).
Três dias antes de Lula deixar
a presidência, o Ministério das Relações Exteriores concedeu um passaporte diplomático
ao seu filho Luís Cláudio. O passaporte diplomático do país é destinado a
autoridades, diplomatas ou pessoas que representem o país no exterior, dando
privilégios em diversos países. Em decisão judicial, o passaporte foi suspenso
pela justiça em 2012, pois segundo a decisão do juiz, houve uma "absoluta
confusão de interesses públicos com interesses pessoais".
Câncer de laringe:
Em 29 de outubro de 2011, foi
diagnosticado com câncer de laringe pela equipe do médico Paulo Hoff
do hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Fumante durante quarenta anos,
após começar a apresentar rouquidão por um tempo prolongado, foi
identificado um tumor maligno de tamanho médio (dois a três centímetros)
na laringe do ex-presidente. A assessoria de imprensa do Instituto
Lula, ONG do ex-presidente, informou que o tratamento iria iniciar
com sessão de quimioterapia em 31 de outubro, mas, a pedido de
Lula, não foi divulgado o número de sessões que foram realizadas. No entanto,
foi divulgada a duração aproximada do tratamento, que estimava-se de três meses
segundo o oncologista Artur Katz, responsável pelo tratamento do
ex-presidente. Lula realizou o tratamento no Hospital Sírio-Libanês.
Em nota à imprensa, no mesmo
dia do anúncio do câncer, Dilma demonstrou solidariedade a Luiz Inácio e disse
que "junta-se à torcida do povo brasileiro" pela melhora do
ex-presidente, também se disse preocupada com ele e que acredita na recuperação
rápida da sua saúde:
“Como Presidenta da República
e ex-ministra do presidente Lula, mas, sobretudo, como sua amiga, companheira,
irmã e admiradora, estarei a seu lado com meu apoio e amizade para acompanhar a
superação de mais esse obstáculo”.
José Sarney, presidente do
Senado, também divulgou em nota oficial à imprensa que espera a recuperação de
Lula e disse: "Lula é um lutador, já venceu muitas batalhas e vencerá mais
esta:
“
|
O presidente Lula é um
líder, um símbolo e um exemplo para todos nós. Tenho certeza de que, com sua
força, determinação e capacidade de superação de adversidades de todo o tipo,
vai vencer mais esse desafio. Contará também, para isso, com o apoio e a
força de D. Mariza”.
|
”
|
Lula em 2013:
Antecipando-se aos efeitos
adversos da quimioterapia, que incluem a queda dos cabelos, sua
esposa, Marisa Letícia, cortou a barba e os cabelos de Lula, deixando
apenas o bigode. Foi a primeira vez que o ex-presidente mudou sua aparência
radicalmente, já que mantinha a barba desde os anos 1970, quando ainda era sindicalista.
Em 28 de março de 2012, o
Hospital Sírio-Libanês informou que os exames de Lula mostravam "ausência
de tumor visível", demonstrando boa resposta ao tratamento. Em vídeo,
Lula disse que sentia intensa náusea, o que o impedia de se alimentar e o
fez emagrecer cerca de 16 quilos rapidamente, além de manter uma dieta ausente
de sólidos.
Em 31 de maio de 2012, Lula
esteve presente no Programa do Ratinho, em sua primeira aparição em um
programa de televisão após a descoberta do câncer. Na ocasião, Lula disse que a
única possibilidade de ele ser candidato presidencial em 2014 era se Dilma não
quisesse se reeleger. Informou também que estava fazendo duas horas por dia
de fisioterapia.
Prêmios e honrarias:
Lula recebe, em 2012, o Título
de Cidadão Paulistano e a Medalha Anchieta da Câmara Municipal de São
Paulo.
Desde 2003, quando assumiu a
presidência pela primeira vez, Lula acumulou aproximadamente 300 condecorações.
Segundo a revista
norte-americana Newsweek, Lula era, no final de 2008, a 18ª pessoa mais
poderosa do mundo, ocupando a liderança do ranking na América Latina. Em
lista divulgada pela revista Forbes em novembro de 2009, Lula foi
considerado a 33ª pessoa mais poderosa do mundo. Em 2009 foi
considerado o "homem do ano" pelos jornais Le Monde e El
País. De acordo com o jornal britânico Financial Times, Lula foi uma
das 50 pessoas que moldaram a década de 2000 devido a seu
"charme e habilidade política" e também por ser "o líder mais
popular da história do país". Uma publicação do jornal Haaretz,
com sede em Israel, feita em 12 de março de 2010, afirmou que Lula é o
"profeta do diálogo", por suas intermediações em busca da paz
no Oriente Médio. Em abril do mesmo ano, a revista Time listou
Lula como um dos 25 líderes mais influentes do mundo.
Em 2008, a UNESCO concedeu
a Lula o Prêmio pela paz Félix Houphouët-Boigny. Em pesquisa
publicada no primeiro dia do ano de 2010 pelo Instituto
Datafolha, Lula era a personalidade mais confiável dos brasileiros dentre uma
lista de 27. No Fórum Econômico Mundial de 2010, realizado
em Davos, na Suíça, recebeu a premiação inédita de Estadista Global,
pela sua atuação no meio ambiente, na erradicação da pobreza e na
redistribuição de renda e nas ações em outros setores com a finalidade de
melhorar a condição mundial. No mesmo ano, foi condecorado pela Organização
das Nações Unidas como o Campeão Mundial na Luta Contra a Fome e a
Desnutrição Infantil. Em 2011, após deixar a presidência, Lula
recebeu o prêmio Norte-Sul do Conselho da Europa e foi um dos candidatos
ao Prêmio Nobel da Paz pelo Brasil após indicação feita
pelo ex-senador petista Aloizio Mercadante. No dia 17 de março de
2013, o ex-presidente recebeu a Ordem Nacional da República do Benin, a
mais alta condecoração beninense, na cidade de Cotonou.
No Brasil, recebeu medalhas
da Ordem do Mérito Militar, da Ordem do Mérito Naval, da Ordem
do Mérito Aeronáutico, da Ordem do Cruzeiro do Sul, da Ordem do
Rio Branco, da Ordem Nacional do Mérito e da Ordem do
Mérito Judiciário Militar. Em âmbito internacional, foi condecorado com as
medalhas da Ordem da Águia Asteca (México), da Ordem Amílcar
Cabral (Cabo Verde), da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor,
Lealdade e Mérito (Portugal), da Ordem da Estrela Equatorial (Gabão), da Ordem
do Banho (Reino Unido), da Ordem de Omar Torrijos (Panamá), da Ordem
Nacional do Mérito (Argélia), da Ordem da Liberdade (Portugal), da
Ordem de Boyacá (Colômbia), e da Ordem Marechal Francisco Solano López (Paraguai). Recebeu
também o Prêmio Internacional Don Quixote de la Mancha (Espanha) por ter
instituído o ensino obrigatório da língua espanhola na rede pública
de ensino.
Lula foi condecorado
como doutor honoris causa pela Universidade Federal de
Viçosa, pela Universidade de Coimbra (Portugal), pela Universidade
Federal de Pernambuco, pela Universidade Federal Rural de Pernambuco,
pela Universidade de Pernambuco, pela Universidade Federal da
Bahia, e pela Universidade Federal do ABC. Embora outras
universidades nacionais e internacionais tenham feito diversos convites para
que o então presidente recebesse a honraria, Lula recusou todos os
títulos honoris causa enquanto ocupou a cadeira de chefe do estado
brasileiro, passando a aceitá-los apenas após deixar o cargo. Em outubro
de 2011, Lula recebeu o título de doutor honoris causa da
prestigiada Fundação Sciences-Po da França. Foi o primeiro
latino-americano a receber este título. A Sciences Po foi fundada em 1871 e
apenas 16 personalidades no mundo possuíam esta premiação até então.
Acusações de corrupção:
A partir do início de 2016, a
vida do político passou a mostrar-se bem conturbada, com investigações contra
si por acusações dos crimes de lavagem
de dinheiro, falsidade ideológica e ocultação de patrimônio.
Lula é réu em cinco ações
penais, três das quais estão no âmbito da Operação Lava Jato. Em
janeiro de 2016 o ministério público de São Paulo considerou ter
obtido indícios suficientes para
denunciar o ex-presidente Lula pelo crime de lavagem de dinheiro. Segundo a investigação a
construtora OAS, investigada na Operação Lava Jato, teria reservado
para a família do petista um apartamento triplex no Guarujá, e pago ainda,
segundo a investigação, por uma reforma estrutural no imóvel no valor de 777
mil reais. Os promotores apuram também
se a construtora usou outros
apartamentos no mesmo prédio para lavar dinheiro ou beneficiar outras pessoas
indevidamente. Em fevereiro do mesmo ano Sérgio Moro, juiz federal
que conduz os processos da Operação Lava Jato, autorizou a abertura de
inquérito para que a Polícia Federal investigue o Sítio Santa Bárbara, em Atibaia,
usado pelo ex-presidente. A família de Lula usa frequentemente o sítio, que foi
reformado em 2011. Segundo
a Revista Época, entre 2012 e 2015 Lula e a família viajaram 111 vezes
ao sítio, que tem 173 mil metros quadrados, lago, piscina e uma ampla
residência.
O MPF suspeita que as empreiteiras OAS e Odebrecht tenham
realizado obras na propriedade rural como compensação por contratos
com o governo. Segundo a investigação, a reforma teria custado aproximadamente
500 mil reais. De acordo com O
Estado de S. Paulo, a empreiteira OAS pagou em dinheiro vivo os móveis e
eletrodomésticos da cozinha e da área de serviço do sítio, e ainda segundo o jornal o total comprado para
o sítio foi de 180 mil reais.
Sobre o sítio em Atibaia,
o Instituto Lula afirmou, em nota, que o ex-presidente Lula nunca escondeu que
frequenta em dias de descanso o sítio Santa Bárbara, que pertence a amigos dele
e de sua família. O instituto afirma que não há nada ilegal nestes fatos, que
só eles não servem para vincular Lula a qualquer espécie de suspeita ou
investigação.
Denúncias do MPF:
Em 21 de julho de 2016,
Lula foi denunciado pelo Ministério Público Federal de Brasilia por obstrução
à justiça na Lava Jato. Em 29 de julho a Justiça Federal de Brasília
aceitou a denúncia do MPF e Lula se tornou réu da ação. Em 9 de dezembro
de 2016, o MPF denunciou à Justiça o ex-presidente Lula e o filho dele, Luiz
Cláudio Lula da Silva, pelos crimes de tráfico de influência, lavagem
de dinheiro e organização criminosa no âmbito da Operação
Zelotes. De acordo com a acusação,
Lula “integrou um esquema que vendia a promessa” de interferências no governo
federal para beneficiar empresas.
Condenação sobre o triplex do
Guarujá.
Em 12 de julho de 2017, o
juiz Sérgio Moro sentenciou Lula a 9 anos e 6 meses de prisão pelos
crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, incluindo o
recebimento de propina da OAS Empreendimentos no valor de
2 252 472 reais. Foi o
primeiro presidente do Brasil condenado criminalmente desde a promulgação
da Constituição de 1988.
Houve reações de apoio e
indignação por parte do meio político. Membros da antiga oposição aos governos
petistas elogiaram a sentença, incluindo Ronaldo Caiado e Jair
Bolsonaro. Políticos petistas e aliados condenaram a decisão,
incluindo Gleisi Hoffmann e Dilma Rousseff. Os autores
do processo de impeachment de Dilma Rouseff, entre eles Miguel
Reale Júnior, elogiaram a decisão de Moro. Houve manifestações a favor e
contra a condenação de Lula na cidade de São Paulo.
Em
24 de janeiro de 2017, Marisa foi internada na UTI do Hospital Sírio-Libanês, após
sofrer um acidente vascular cerebral hemorrágico
(AVC). Em 2 de fevereiro, o portal UOL anunciou que ex-primeira dama havia tido
morte cerebral decretada, entretanto o Hospital
Sírio-Libanês anunciou que a mesma seria
submetida aos primeiros exames para a testificação de morte cerebral no dia
seguinte. Após esses exames, o hospital divulgou nota confirmando a morte de
Marisa, constatada às 18h57 de 3 de fevereiro de 2017. Sua família
autorizou a doação de seus órgãos e a Secretaria Estadual de Saúde confirmou
que seriam doados rins, fígado e as córneas.
Em 24 de janeiro de
2018, em um julgamento que recebeu atenção internacional, Lula foi condenado em segunda instância. A
sentença foi unânime entre os três desembargadores da 8.ª Turma do Tribunal
Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), em favor de manter a condenação anterior e ainda ampliar a pena de prisão do ex-presidente por corrupção passiva e
lavagem de dinheiro no caso do triplex em Guarujá (SP). Os desembargadores
decidiram ampliar a pena para doze anos e um mês de prisão, com início em regime
fechado. As conclusões foram que ele recebeu propina de um esquema de
corrupção na Petrobras e que essa propina foi entregue em forma de apartamento. O cumprimento da pena se iniciaria após o
esgotamento de recursos que fossem possíveis no âmbito do próprio TRF-4. Mesmo
condenado, Lula não perdeu imediatamente o direito de se candidatar nas
eleições de 2018.
Em
6 de março de 2018, a quinta turma do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) negou, por
unanimidade, o habeas corpus preventivo, decidindo assim que
Lula pode ser preso após segunda instância. O pedido do ex-presidente ainda
será analisado pelo STF.
Segundo
o jornal britânico The Guardian, o resultado "complica seus
planos para concorrer a um terceiro mandato e marca uma extraordinária mudança
de sorte para o líder mais popular da
história brasileira moderna". O jornal espanhol El País disse
que condenação "compromete as aspirações do político de
esquerda para um novo mandato nas eleições presidenciais de outubro”, já que a
sentença significa que ele será declarado inelegível, lembrando que Lula ainda
poderia recorrer judicialmente. A TV Al Jazeera declarou que a
tensão social no país foi agravada pela crise e que houve protestos tanto a favor como contra o ex-presidente. O periódico
britânico Financial Times asseverou que "Os ativos
brasileiros, que já estavam se recuperando muito antes da decisão, ampliaram
seus ganhos nas notícias" e demonstrou clareza quanto à prisão de Lula antes das eleições. O
jornal argentino El Clarín destacou a fala do juiz Leandro
Paulsen, o segundo desembargador a dar o seu voto, de que a participação de
Lula no esquema de desvio de dinheiro da Petrobras foi “inequívoca"... O jornal francês Le Monde,
chamando Lula de “pai dos pobres” e
de “figura mítica da política brasileira”,
disse que a decisão pode assinar a “morte política” do ex-presidente. O Washington
Post considerou que "A condenação
em 2ª instância tem o potencial de significar o fim da carreira política de Lula".
Aguardando a prisão pelos supostos crimes cometidos, Lula segue, em palanques, afirmando a sua inocência e solicitando
aos representantes do Ministério Público que apresentem as provas materiais
de seus crimes, até agora ainda não
apresentadas.
(as informações biográficas e
outros dados foram transcritos da Enciclopédia Virtual Wikipédia)