“E,
quando vos conduzirem às sinagogas, aos magistrados e potestades, não estejais
solícitos de como ou do que haveis de responder, nem do que haveis de dizer”.
(Lucas 12:11)
Jesus foi vítima dos representantes
desses principados e potestades, (imperadores, reis, governadores, prefeitos, procuradores,
sumo-sacerdotes, etc.), desde seu nascimento, quando Herodes, o Grande, rei da
Judeia, queria mata-lo, ainda quando criança, com medo de perder para ele o seu
trono, como se o ministério de Jesus fosse sentar nos estofados fedorentos dos
tronos daqui da terra. E as perseguições prosseguiram até o matarem em pleno desenvolvimento de seu
ministério, por medo de perderem seus tronos e por inveja do ser especialíssimo
que ele era. Um homem altivo, forte de físico e de caráter, de alma límpida,
clara. Um homem sincero, sábio, de linguagem branda para com os humildes e
áspera para com os poderosos. Sua pregação era feita na língua da localidade
onde ele se encontrava, numa tonalidade capaz de ser ouvida por todos os
presentes e num nível de linguagem que alcançava o entendimento de todos,
porque ele falava em parábolas adequadas às leis permanentes da natureza para
todos os lugares em qualquer tempo, por isso suas palavras nunca envelhecem. Era
amado e aclamado com louvor nas praças e passeios públicos, todos os dias, por
mais de cinco mil pessoas que vinham de todos os lugares, para vê-lo, ouvi-lo, adora-lo
e serem curadas por seus prodígios e
milagres que eram tantos que não haveria no mundo nem livros e nem computadores
que pudessem registrar tudo que ele disse e descrever todos os milagres que
foram feitos nos três anos de seu ministério e nos trinta e três anos de sua
passagem aqui na terra.
Vamos, nesta postagem,
falar do tempo e dos lugares por onde Jesus andou, com quem lidou e quem eram os
representantes de principados e potestades nos lugares onde esteve, e que influencia
tiveram direta ou indiretamente, nos fatos relacionados com o seu nascimento,
vida, ministério e morte.
“Mas
em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.
Porque
estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados,
nem as potestades, nem o presente, nem o porvir,
Nem
a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor
de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor”. (Romanos 8:37 a 39)
TEMPO E LOCAL DOS
ACONTECIMENTOS
Todos os fatos
relacionados com o nascimento, vida, ministério
e morte de Jesus Cristo aconteceram numa região da antiga República Romana,
no início da terceira década da transição de República Romana, de regime
monárquico, cujo último monarca foi o rei Júlio César, para Império Romano, de
regime imperial, cujo primeiro imperador e fundador do império foi Caio Júlio
César Otaviano, que se auto conclamou Imperador
Romano em 27 a.C., com o nome de César Augusto, tendo o nascimento de Jesus
acontecido no ano 6 a.C., vinte e um anos depois do surgimento do Império
Romano e ainda na vigência do Imperador Cesar Augusto.
O Império Romano tinha
uma área de abrangência equivalente a aproximadamente, 6,5 milhões de
quilômetros quadrados de superfície terrestre dividida em regiões denominadas
de Províncias Imperiais Romanas, e foi numa dessas províncias, a Província
Imperial Romana da Judeia, que ocorreu a vinda, o ministério e a morte de Jesus
Cristo. Dentro dessa Província havia uma
área de 30.000 Km² denominada de Palestina, um estreito trecho de favorável
passagem entre a África e Ásia, a 30 graus de latitude norte, banhada pelo Mar
Mediterrâneo (extremo leste) em toda sua extensão ocidental.
Limitava-se, ao Norte,
com a Síria e Fenícia.
Ao Sul, com o Deserto do Sinai.
Ao Leste, com partes da Síria e partes da Arábia.
Ao Oeste, com o Mar Mediterrâneo.
Ao Sul, com o Deserto do Sinai.
Ao Leste, com partes da Síria e partes da Arábia.
Ao Oeste, com o Mar Mediterrâneo.
Seu território tinha um comprimento,
na direção norte-sul, de 250 km com uma largura média de 120 km. Comparando-se
com estados brasileiros, a Palestina seria um pouco maior do que o estado de
Sergipe.
Constituída por uma planície
costeira, uma faixa de colinas, uma cadeia de baixas montanhas e uma vertente oriental,
mais ou menos desértica, tinha, na época, os principais aglomerados urbanos:
Judeia, Samaria, Galileia, Fenícia, Gaulanítide, Decápoles e Pereia. Se
compararmos a antiga Palestina com uma organização geo-política dos tempos
atuais, para melhor entendermos suas divisões territoriais, diríamos que a Palestina
equivaleria a um país e as localidades: Decápoles, Fenícia, Galileia,
Gaulanítide, Judeia, Pereia e Samaria equivaleriam aos estados, com suas
cidades: Filadelfia, Gadara e Gersa, pertencentes a Decápoles; Monte Carmelo,
Monte Hermon, Ptolemaida e Tiro, pertencentes a Fenícia; Cafarnaum, Caná e
Nazaré, pertencentes a Galiléia; Betsaida, pertencente a Gaulanítide; Azoto,
Asquelom, Barseba, Gaza, Hebrom, Jericó,Jerusalém, Massada e Rafia, pertencentes
a Judéia e Ary, Cesaréia, Emaus, Jabré e Monte Gerizim, pertencentes a Samaria.
E tudo isso compunha a Província Imperial Romana da Judeia, que, na época da
antiga República Romana, era chamada de Reino da Judeia.
As Províncias do Império
Romano eram governadas por reis, etnarcas e tetrarcas e as cidades, vilas e
vilarejos dessas Províncias eram governadas por prefeitos ou procuradores, mas o
Reino da Judeia, com a mudança política, não mudou de imediato para o nome de Província
Imperial Romana da Judeia. Permaneceu com o nome de Reino da Judeia e com o mesmo
governante, que era o famigerado Rei Herodes, o Grande, que foi conclamado rei
da Judeia, aos 25 anos de idade, ainda pela República Romana, no ano 40 a.C., por
indicação do então procurador geral de Roma sobre toda a Palestina, o patriarca
idumeu, Antípater, que era o seu pai e amigo do Imperador César Augusto, por
isso ele continuou como rei da Judeia, inclusive com os mesmos poderes que lhes
foram conferidos pela antiga República Romana, onde ele podia até indicar o
sumo sacerdote para presidir o Grande Sinédrio. Ele era um homem muito cruel,
cheio de manias e reconhecidamente megalomaníaco, cuja alcunha com que auto se intitulou,
“Herodes, o Grande”, denunciava essa sua megalomania.
Até certo ponto essa sua
megalomania beneficiou a Judeia pelas grandes obras construídas em sua gestão
como: anfiteatros, hipódromos, aquedutos, a reconstrução do Templo de Jerusalém,
(depois de Jerusalém ser invadida e tomada, no terceiro ano de seu governo), o
seu palácio real denominado Heródio, suntuosamente construído numa colina no deserto
da Judeia, com luxuosas casas de banho, a libertação da Galileia das mãos de
vários bandos de assaltantes que assolavam a população, etc. Essas gestões
administrativas também contribuíram para que o Imperador Romano César Augusto
permitisse sua continuidade no cargo de rei do Reino da Judeia.
CIRCUNSTANTES DE CRISTO ANTES DO MINISTÉRIO
Foi nessa região que Jesus viveu 31 dos 33 anos
de sua vida, porque 2 anos ele passou no Egito, 27 anos, aproximadamente, na
cidade de Nazaré, da Galileia e os 4
últimos anos ele fez base de chegadas e partidas em Cafarnaum enquanto
peregrinava por toda Palestina.
Era chamado de Nazareno ou Galileu, mas ele era judeu e não
nasceu em Nazaré da Galileia e sim, em Belém da Judeia, em circunstâncias,
aparentemente, ocasionais, porque seus pais eram judeus originários de Belém, uma
cidadezinha situada a doze quilômetros de Jerusalém, próxima a orla do deserto
da Judéia, mas, apesar disso, era fértil, abundante em pasto para a criação de
animais e abundante em produção de cereais para o fabrico de pão, daí o
significado de seu nome, “Casa do Pão”, significado estendido posteriormente a
Jesus, pelas suas próprias palavras : “E
Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e
quem crê em mim nunca terá sede”. (João 6:35).
Tendo o Imperador Romano, César Augusto, publicado que
todas as cidades do Império Romano promovessem um recenseamento de todos os
seus patrícios, inclusive dos que moravam fora da cidade, ocorreu, pois, que
quando foi publicado o início do recenseamento de Belém, Maria se encontrava
num adiantado estado de gestação, todavia, o casal resolveu, mesmo assim, viajar à Belém para cumprir a obrigação
determinada pelo imperador. A distancia entre Nazaré e Belém era de 112 Km, a
estrada era ruim, sinuosa e discrepante
e o transporte disponível era montaria a jumentos e foi nessas condições
que eles viajaram e chegaram a tempo, porém muito cansados e afadigados, e além
do mais, não encontraram vaga nas estalagens, pois todas as estalagens da
cidade estavam lotadas pelo grande
número de pessoas que vieram de fora com a mesma finalidade que eles. Mas,
funcionários da estalagem, preocupados com o avançado estado gestacional de Maria,
improvisaram uma acomodação nas dependências externas da estalagem, onde os
animais de montaria dos hóspedes eram abrigados e foi nesse local e nessas circunstâncias
que Maria deu a luz ao menino Jesus, tendo sido uma manjedoura, (cocheira de
madeira onde é colocado capim para os animais se alimentarem), que lhe serviu
de berço: “E deu à luz a seu filho
primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não
havia lugar para eles na estalagem”. (Lucas 2:7). E nessas circunstancias
aparentemente ocasionais de seu nascimento em Belém nada tinha de ocasional,
simplesmente as escrituras estavam sendo
cumpridas quando o profeta bíblico Miqueias diz: “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti
me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos,
desde os dias da eternidade”. (Miquéias 5:2).
Mas Deus e os seus anjos estavam ali com o menino e com
os seus pais, inclusive os anjos avisaram
a uns pastores de ovelhas que estavam nos arredores e eles vieram servir
ao menino Jesus e aos seus pais, como também vieram visitar o menino,
trazendo-lhe ouro, incenso e mirra como presentes, três importantes reis de distantes comunidades, chamados
de magos porque eram grandes estudiosos de astronomia, denominados Melchior,
Gaspar e Baltazar, que vinham há muito tempo estudando as profecias dos antigos
profetas sobre o nascimento de Jesus, e tendo sido orientados por sinais
astronômicos em forma de grande brilho nos céus, interpretados por eles como o
nascimento de uma nova estrela, e que, conforme seus estudos, culminava com o
nascimento de Jesus, (sendo hoje essa realidade comprovada pela astronomia, que,
segundo estudos confirmados por Johannes Kepler, ocorreu no final do ano 7 a.C,
uma conjunção de Júpiter e Saturno na constelação de Peixes, fenômeno
astronômico que acontece a cada 794 anos e resplandece no céu noturno um brilho
intenso pela proximidade dos dois planetas, parecendo uma estrela dupla de
grande brilho), e eles partiram, seguindo a direçãoção oriental da
estrela, em busca da localização geográfica anunciada pelos profetas bíblicos
onde se daria o nascimento do Menino Jesus, e depois de longa caminhada
chegaram a Jerusalem, na Judeia e lá receberam orientação e foram para Belém: “E, entrando na casa, acharam o menino com
Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros,
ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra”. (Mateus 2:11).
Quando eles passaram por Jerusalém procurando a cidade de
Belém, a forma como eles se referiam ao menino na busca, chamou a atenção de
muitos, inclusive de Herodes, o Grande, pois eles assim se referiam ao menino: “Dizendo: Onde está aquele que é nascido rei
dos judeus? porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo”.
(Mateus 2:2). “E o rei Herodes, ouvindo isto, perturbou-se, e toda Jerusalém
com ele”. (Mateus 2:2).
“Então
Herodes, chamando secretamente os magos, inquiriu exatamente deles acerca do
tempo em que a estrela lhes aparecera.
E,
enviando-os a Belém, disse: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino e,
quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore”. (Mateus
2:7-8).
Mas os reis, orientados
por um anjo, não voltaram por Jerusalém: “E,
sendo por divina revelação avisados em sonhos para que não voltassem para junto
de Herodes, partiram para a sua terra por outro caminho”. (Mateus 2:12).
“Então Herodes, vendo
que tinha sido iludido pelos magos, irritou-se muito, e mandou matar todos os
meninos que havia em Belém, e em todos os seus contornos, de dois anos para
baixo, segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos”. (Mateus 2: 16).
Enquanto isso, lá em Belém, vendo José que Maria e o
menino estavam aptos para viajar, José se
preparou para retornar com eles para Nazaré, pois os reis magos já haviam se
retirado para as suas cidades. Mas um anjo de Deus o avisou em sonhos que ele
com Maria e o menino, fugissem para o Egito, porque Herodes queria matar o
menino: “E, tendo eles se retirado, eis que o
anjo do Senhor apareceu a José em sonhos, dizendo: Levanta-te, e toma o menino
e sua mãe, e foge para o Egito, e demora-te lá até que eu te diga; porque
Herodes há de procurar o menino para o matar”. (Mateus 2: 13).
Não há relato bíblico para qual cidade do Egito José
fugiu com o Menino Jesus, apenas a Bíblia relata que foram orientados para irem,
(vide Mateus 2: 13), e relata que foram
orientados para retornarem a terra de Israel: “Morto, porém, Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu num sonho a
José no Egito, Dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a
terra de Israel; porque já estão mortos os que procuravam a morte do menino”. (Mateus
2: 19 -20).
“E,
quando acabaram de cumprir tudo segundo a lei do Senhor, voltaram à Galileia,
para a sua cidade de Nazaré.
E
o menino crescia, e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de
Deus estava sobre ele”. (Lucas 2: 29 a 40).
Considerando que Jesus nasceu entre o final do ano 7 a.C.
e o início do ano 6 a.C., e viajou para o Egito com uma faixa etária de dois
meses, ou seja, após a sua circuncisão, (que é feita quando a criança completa
oito dias de nascida) e a sua apresentação no templo, (que é feita depois que a
criança, do sexo masculino, completa quarenta dias de nascida) e retornado no
ano da morte de Herodes, que ocorreu no ano 4 a.C., deduz-se que Jesus tenha
morado no Egito durante dois anos, aproximadamente. Portanto, foi com essa
idade que ele chegou em Nazaré da Galileia, sendo Herodes Antipas, filho de Herodes, o Grande,
tetrarca da Galileia e seu irmão Arquelau, etnarca da Judeia, com a promessa de
Cesar Augusto de vir a ser rei da Judeia caso se mostrasse merecedor do cargo,
porque Arquelau não apresentava, na ótica do Imperador, preparo suficiente para substituir seu pai num reino tão vasto e tão plural que vinha sendo
conduzido há muitos anos e, também na
ótica de César Augusto, muito bem, pelo falecido Herodes, o Grande.
Jesus morou com seus pais na cidade de Nazaré, desde o
ano 4 a.C., quando chegou do Egito, aos 2 anos de idade, até, aproximadamente,
um ano antes de iniciar seu ministério, que ocorreu no ano 24 d.C., acreditando-se
que ele tenha ido morar na cidade de Cafarnaum com 29 anos de idade para
implantar ali uma base de apoio aos deslocamentos de seu ministério, porque
Cafarnaum situava-se às margens do Mar da Galileia, se tornando um bom local
para se deslocar para vários lugares da Palestina, utilizando barco como meio
de transporte.
Durante o tempo em que
Jesus morou com seus pais na cidade de Nazaré, ele levou uma vida normal como
toda criança, todo adolescente, todo jovem e adulto jovem, brincando,
estudando, participando da rotina da família, que, no caso dele, era auxiliando
seu pai nos labores da oficina de carpintaria, que era o ofício de seu pai, viajando,
com seus pais, todos os anos, para a cidade de Jerusalém, para participarem da
festa da páscoa, que era o costume dos judeus residentes fora da Judeia, se
deslocarem, anualmente, para Jerusalém, para participarem da festa da páscoa: “Ora, todos os anos iam seus pais a
Jerusalém à festa da páscoa;
E,
tendo ele já doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume do dia da festa.
E,
regressando eles, terminados aqueles dias, ficou o menino Jesus em Jerusalém, e
não o soube José, nem sua mãe.
Pensando,
porém, eles que viria de companhia pelo caminho, andaram caminho de um dia, e
procuravam-no entre os parentes e conhecidos;
E,
como o não encontrassem, voltaram a Jerusalém em busca dele.
E
aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, assentado no meio dos
doutores, ouvindo-os, e interrogando-os.
E
todos os que o ouviam admiravam a sua inteligência e respostas.
E
quando o viram, maravilharam-se, e disse-lhe sua mãe: Filho, por que fizeste
assim para conosco? Eis que teu pai e eu ansiosos te procurávamos.
E
ele lhes disse: Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar
dos negócios de meu Pai?
E
eles não compreenderam as palavras que lhes dizia.
E
desceu com eles, e foi para Nazaré, e era-lhes sujeito. E sua mãe guardava no
seu coração todas estas coisas.
E crescia Jesus em sabedoria,
e em estatura, e em graça para com Deus e os homens”. (Lucas 2: 41 a 52)).
CIRCUNSTANTES DE CRISTO
DURANTE O MINISTÉRIO
No ano 6 d.C., houve um
grande motim em Jerusalém e a maneira inábil como Arquelau gerenciou o
problema, evidenciou seu despreparo para o exercício do poder, que somado a
outros fatos negativos ocorridos nos dez anos como etnarca da Judeia, dentre eles despotismo, fez com que o Imperador
César Augusto o destituísse do cargo e ainda o exilasse em Viena, na província
da Gália, decretando que o Reino da Judeia estaria extinto, passando a ser
apenas uma Província Imperial, administrada por um procurador, (também chamado
de prefeito) indicado pelo Imperador e
subordinado ao governador da província imperial da Síria.
Os crimes religiosos contra
as leis de Moisés da Província Imperial da Judeia continuaram a ser resolvidos
pelo Grande Sinédrio, que era um tribunal de justiça que já julgava esses
crimes e controlava a vida religiosa do povo e agora julgava pequenos crimes
seculares, exceto os de pena capital, que eram julgados pelo prefeito de
Jerusalém, quando os julgados fossem judeus, ou pelo tetrarca da Galileia, ou
outros tetrarcas, quando não judeus. A sede permanecia em Jerusalém, mas o sumo-sacerdote,
que o presidia, agora era indicado pelo Imperador Romano. O sinédrio era formado por 71 membros, onde
um sumo sacerdote era o presidente, e os 70 restantes eram outros
sumo-sacerdotes, anciãos, sacerdotes do partido dos saduceus, escribas e
fariseus.
Os saduceus eram homens
que pertenciam uma espécie de partido que defendia que os sacerdotes deveriam pertencer a uma estirpe de linhagens
sacerdotais. Os escribas eram os escrivães encarregados de redigir as demandas religiosas e
seculares do sinédrio, como também exercer as funções de contador, secretário,
copista, arquivista, etc. Os
fariseus eram um grupo de judeus
conhecedores e, aparentemente, devotos a Torá e se apresentavam na
sociedade como fundamentalistas quanto ao cumprimento das leis de Moisés, e no
entanto, juntamente com os escribas, participavam ou eram coniventes com Caifás
na participação de falcatruas no sinédrio, que também eram estendidas à
sociedade, por isso que Jesus dedica um discurso inteiro para criticá-los severamente:
“Então falou Jesus à multidão, e aos seus
discípulos,
Dizendo:
Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus.
Todas
as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas
não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem;
Pois
atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens;
eles, porém, nem com o dedo querem movê-los;
E
fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos
filactérios, e alargam as franjas das suas vestes,
E
amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas,
E
as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi.
Vós,
porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber,
o Cristo, e todos vós sois irmãos.
E
a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está
nos céus.
Nem
vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo.
O
maior dentre vós será vosso servo.
E
o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será
exaltado.
Mas
ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que fechais aos homens o reino
dos céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando.
Ai
de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que devorais as casas das viúvas,
sob pretexto de prolongadas orações; por isso sofrereis mais rigoroso juízo.
Ai
de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que percorreis o mar e a terra
para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno
duas vezes mais do que vós.
Ai
de vós, condutores cegos! pois que dizeis: Qualquer que jurar pelo templo, isso
nada é; mas o que jurar pelo ouro do templo, esse é devedor.
Insensatos
e cegos! Pois qual é maior: o ouro, ou o templo, que santifica o ouro?
E
aquele que jurar pelo altar isso nada é; mas aquele que jurar pela oferta que
está sobre o altar, esse é devedor.
Insensatos
e cegos! Pois qual é maior: a oferta, ou o altar, que santifica a oferta?
Portanto,
o que jurar pelo altar, jura por ele e por tudo o que sobre ele está;
E,
o que jurar pelo templo, jura por ele e por aquele que nele habita;
E,
o que jurar pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que está assentado
nele.
Ai
de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e
o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a
fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.
Condutores
cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo.
Ai
de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que limpais o exterior do copo e
do prato, mas o interior está cheio de rapina e de iniqüidade.
Fariseu
cego! limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior
fique limpo.
Ai
de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos
sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente
estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia.
Assim
também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais
cheios de hipocrisia e de iniqüidade.
Ai
de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que edificais os sepulcros dos
profetas e adornais os monumentos dos justos,
E
dizeis: Se existíssemos no tempo de nossos pais, nunca nos associaríamos com
eles para derramar o sangue dos profetas.
Assim,
vós mesmos testificais que sois filhos dos que mataram os profetas.
Enchei
vós, pois, a medida de vossos pais.
Serpentes,
raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?
Portanto,
eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas; a uns deles matareis e
crucificareis; e a outros deles açoitareis nas vossas sinagogas e os
perseguireis de cidade em cidade;
Para
que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde
o sangue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que
matastes entre o santuário e o altar.
Em
verdade vos digo que todas estas coisas hão de vir sobre esta geração”. (Mateus
23: 1 a 36).
CONVOCAÇÃO DOS APÓSTOLOS
Quando Jesus iniciou o Divino
Ministério para o qual foi ungido, (entre os anos aproximados de 24 a 26 d.C.),
aos 30 anos de idade, aproximadamente, ele elegeu doze homens para serem seus
discípulos, (receberem seus ensinamentos) e futuros apóstolos, (posteriores propagadores
da doutrina cristã): “E, chamando os
seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os
expulsarem, e para curarem toda a enfermidade e todo o mal.
Ora,
os nomes dos doze apóstolos são estes: O primeiro, Simão, chamado Pedro, e
André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão;
Filipe
e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Lebeu,
apelidado Tadeu;
Simão
o Zelote, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu”. (Mateus 10:1 a 4). Eram homem simples, na maioria
pescadores , de pouca ou nenhuma escolaridade, mas eram muito honestos, íntegros,
puros de coração e cumpridores dos seus deveres.
Jesus pregou e obrou
muito milagres em Cafarnaum: “E tu,
Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque,
se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela
permanecido até hoje.
Eu
vos digo, porém, que haverá menos rigor para os de Sodoma, no dia do juízo, do
que para ti”. (Mateus 11:23 a 24), porque ele morava lá, mas pregava e
obrava milagres por toda Galileia, toda Judeia,
enfim, por toda Palestina e sua fama se espalhava muito rapidamente pelo
além muro de todas as comunidades circunvizinhas, tanto por causa dos milagres
por ele obrados, como por causa de seus
discursos, que eram proferidos com veemência e, embora não fossem contrários as
normas e postulados civis do Império Romano, eram impactantes. Quando se referia às leis religiosas de
Moisés, ele respeitava o conteúdo, porem, em algumas situações, suavizava
a conotação textual para uma conotação que sugerisse mais tolerancia,
menos arrogancia, mais paciente, porem, sem contrariar o conteúdo original da
lei: “Ouvistes que foi dito: Olho por
olho, e dente por dente.
Eu,
porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face
direita, oferece-lhe também a outra;
E,
ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa;
E,
se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas.
Dá
a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes”. (Mateus
5:38 a 42).
MILAGRES DE CRISTO E
SINAIS DE SUA DIVINDADE
Porém, muito mais impactantes do que seus
discursos eram os seus atos, os quais sim, contrariavam algumas leis. Mas essas
leis ele podia contrariar, porque eram as leis dele e de seu pai celestial, que
são as leis da natureza e ninguém, no universo, depois de criado, teve o poder
de mudar a ordem física e biológica das coisas, exceto ele, provando que era um
Deus e filho do próprio Deus. E em diversas ocasiões Jesus mostrou que tinha
poder sobre a natureza, como em uma ocasião em que ele acalmou uma tempestade: “Entrando
ele no barco, seus discípulos o seguiram.
De repente, uma violenta tempestade
abateu-se sobre o mar, de forma que as ondas inundavam o barco. Jesus, porém,
dormia.
Os discípulos foram acordá-lo,
clamando: "Senhor, salva-nos! Vamos morrer!"
Ele perguntou: "Por que vocês
estão com tanto medo, homens de pequena fé?" Então ele se levantou e
repreendeu os ventos e o mar, e fez-se completa bonança.
Os homens ficaram perplexos e perguntaram:
"Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem?" (Mateus 8: 23 a 27).
Em outra ocasião ele surpreendeu a todos quando ressuscitou um morto em
estado de putrefação:
“Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se tu
estivesses aqui, meu irmão não teria morrido.
Mas
também agora sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá.
Disse-lhe
Jesus: Teu irmão há de ressuscitar.
Disse-lhe
Marta: Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia.
Disse-lhe
Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto,
viverá;
E
todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?
Disse-lhe
ela: Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir
ao mundo”.(João 11:21 a 27).
“Disse
Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse-lhe: SENHOR, já cheira mal,
porque é já de quatro dias.
Disse-lhe
Jesus: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?
Tiraram,
pois, a pedra de onde o defunto jazia. E Jesus, levantando os olhos para cima, disse:
Pai, graças te dou, por me haveres ouvido.
Eu
bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que está
em redor, para que creiam que tu me enviaste.
E,
tendo dito isto, clamou com grande voz: Lázaro, sai para fora.
E
o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto
envolto num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o, e deixai-o ir.
Muitos,
pois, dentre os judeus que tinham vindo a Maria, e que tinham visto o que Jesus
fizera, creram nele.
Os
fariseus formam conselho para matarem Jesus
Mas
alguns deles foram ter com os fariseus, e disseram-lhes o que Jesus tinha
feito.
Depois
os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho, e diziam: Que
faremos? porquanto este homem faz muitos sinais.
Se
o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e tirar-nos-ão o nosso
lugar e a nação.
E
Caifás, um deles que era sumo sacerdote naquele ano, lhes disse: Vós nada
sabeis”, (João 11:39 a 49).
Jesus, em muitos de seus prodígios, obrava milagres e
deixava, em alguns milagres, sinais claríssimos de quem era ele. Nesse fenômeno
da ressureição Lázaro, Jesus fez algo mais do que um milagre. Ele deu um sinal
de que, realmente, era o Messias que haveria de vir, porque, até aquele
momento, não havia na história da humanidade alguém que tivesse ressuscitado um
morto em estado de putrefação e, com certeza, não haverá um outro que assim o
faça. Por isso que todos que o amavam ficaram maravilhados diante do fato e os
seus antagônicos ficaram boquiabertos, principalmente o sumo sacerdote Caifás,
que sabia que ele era o Cristo de Deus, ao ponto de dizer a todos em voz alta:
“vós nada sabeis”. Essa afirmativa
caracterizava a consciência que eles tinham de suas incapacidades, tanto para
estarem nas posições que estavam, como para qualquer outra coisa, comparando-os
com Jesus. E em vez deles ficarem felizes com um Deus no mesmo espaço, eles
ficavam mais temerosos de perderem suas posições para aquele verdadeiramente
poderoso que ali estava, diante de todos, acompanhado de homens simples e
rudes, no meio do povão, calçando as mesmas sandálias baratas, vestindo as
mesmas túnicas simplórias, inconsúteis, (formadas de uma só peça, sem costuras),
comendo com eles o peixe de suas redes de pescar, assado em fogueira feita no
chão, a céu aberto, falando com eles e com todos, nas suas línguas e
respondendo a todas as perguntas que lhe fossem formuladas, sobre qualquer
assunto, até mesmo as perguntas dos fariseus do sinédrio, que, a mando de
Caifás, vinham lhe questionar leis
mosaicas para testar se ele cumpria essas leis e lhe imputar crimes na ausência
de quaisquer descumprimento de leis, porque seus imputadores de crimes também
lhe testavam com leis seculares. E o mais culpado desses seus perseguidores era
o sumo sacerdote Caifás, o presidente do sinédrio, porque, enquanto os gestores
seculares nada sabiam a respeito da vinda de um filho de Deus para habitar na
terra, e queriam condenar Jesus porque imaginavam que se tratasse de alguém da
casa de Davi que vinha resgatar o reino de Judá, Caifás conhecia as escrituras
e sabia que as descrições dos profetas sobre a vinda do Messias correspondia
com as mesmas do nascimento de Jesus, comprovada pelo testemunho dos poderes
extraordinários de Jesus de ressuscitar mortos, fazer mudos falarem, surdos
ouvirem, cegos verem, paralíticos andarem, dar ordens aos elementos da natureza
no sentido de acalmar as tempestades, andar sobre as águas do mar, multiplicar
pães e peixes, transformar água em vinho, fazia-o ver que nele havia uma
condição superior a condição de um simples humano, mesmo assim ele queria mata-lo
para não perder o seu lugar para o filho de Deus, colocando a sua posição de
chefe do sinédrio acima do poder Divino, ele mesmo pregava nas sinagogas e no
templo sagrado todos os dias, a palavra dos profetas sobre a vinda do filho de
Deus.
ESCRIBAS E FARISEUS BUSCAM INCRIMINAR JESUS
E os fariseus não encontrando em suas palavras, nem em
seus atos, nada que pudesse lhe incriminar religiosamente, forjaram, como
estratégia, um flagrante de adultério de uma prostituta em praça pública,
atitude delituosa nas leis mosaicas, e levaram a prostituta até Jesus para
solicitar seu julgamento: “E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma
mulher apanhada em adultério;
E,
pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio
ato, adulterando.
E
na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?
Isto
diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus,
inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.
E,
como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de
entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.
E,
tornando a inclinar-se, escrevia na terra.
Quando
ouviram isto, redargüidos da consciência, saíram um a um, a começar pelos mais
velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio.
E,
endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe:
Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
E
ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno;
vai-te, e não peques mais”. (João 8:3 a 11).
Teve outra ocasião em
que os fariseus queriam induzi-lo a cometer crime civil contrariando a lei de
pagamento de impostos, que é a mais agradável para os gestores públicos e a
mais desagradável para os contribuintes, indagando-o sobre a questão em via
pública: “Então, retirando-se os
fariseus, consultaram entre si como o surpreenderiam nalguma palavra;
E
enviaram-lhe os seus discípulos, com os herodianos, dizendo: Mestre, bem
sabemos que és verdadeiro, e ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, e de
ninguém se te dá, porque não olhas a aparência dos homens.
Dize-nos,
pois, que te parece? É lícito pagar o tributo a César, ou não?
Jesus,
porém, conhecendo a sua malícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas?
Mostrai-me
a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um dinheiro.
E
ele diz-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição?
Dizem-lhe
eles: De César. Então ele lhes disse: Dai pois a César o que é de César, e a
Deus o que é de Deus.
E
eles, ouvindo isto, maravilharam-se, e, deixando-o, se retiraram”. (Mateus 22:
15 a 22).
Vendo sua integridade, os próprios representantes dos principados
e potestades tentavam seduzi-lo convidando-o a entrar em seus palácios, sentar-se
às suas mesas para comer e beber com eles, no intuito de fazer com que ele se
sentisse atraído pelas suas pompas e prestigiasse suas autoridades. Mas Jesus recusava
seus convites e continuava indiferente aos seus cargos e posições, o que os
deixava muito mais irritados e se sentindo cada vez mais inferiorizados por ele.
Essa perseguição começou
depois que Jesus entrou em Jerusalém, cidade que ele deixou por último para dar
continuidade ao seu ministério, porque ele sabia que em Jerusalém, no centro
nervoso da Judeia, ele seria preso, julgado, condenado e morto, pelos seus
adversários que sentavam-se no palácio
que fora de Herodes, o Grande, e agora era a sede da prefeitura da Província
Imperial da Judeia, como também os que sentavam no Grande Sinédrio. Por isso ele pressagiou que um dia Jerusalém se
arrependeria disso: “Jerusalém,
Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas
vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos
debaixo das asas, e tu não quiseste!
Eis
que a vossa casa vai ficar-vos deserta;
Porque
eu vos digo que desde agora me não vereis mais, até que digais: Bendito o que
vem em nome do Senhor”.
(Mateus 23: 37 a 39).
Na época Jerusalém ficava entre o Vale do Cedron e o Monte das Oliveiras,
pela direita e a torrente Hinom, a esquerda. No centro da cidade, junto ao muro
ocidental do templo, encontram-se a Tiropéion. A nordeste, na parte externa de
suas muralhas, ficava a piscina de Betesda. A noroeste do recinto do templo
ficava a fortaleza Antônia. Descendo pelo lado ocidental do muro, em ângulo
reto, na parte externa, ficava o monte da Caveira e um pouco mais abaixo, em um
recinto retangular, murado, ficava o palácio do tetrarca da Galileia, Herodes
Antipas. No ângulo sudoeste da cidade ficava uma espécie de bairro que era
habitado por essênios, tendo sido numa dessas casas que Jesus celebrou a última
ceia e nela se formou a primeira comunidade cristã. Bem próximo a essa casa
ficava o sinédrio, que era o palácio de Caifás e a sudeste deste local ficava a
piscina de Siloé.
DECAPITAÇÃO DE JOÃO BATISTA
João Batista, primo de Jesus e
último profeta bíblico, desenvolveu toda
sua pregação paralela a de Jesus, em outras cidades da Judeia, cumprindo
sua missão de anunciar ao povo judeu que a vinda do Messias, prometida por Deus, já havia se concretizado e ele já estava pregando as Boas Novas por toda Palestina,
e todos deveriam se arrepender de seus pecados se converterem a Cristo,
batizando os convertidos nas águas do rio Jordão e alertando-os que só com o arrependimento de seus pecados é que Cristo os resgataria para a vida eterna, do
contrário queimariam eternamente no fogo do inferno: “Respondeu
João a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem
aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar a
correia das alparcas; esse vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.
Ele
tem a pá na sua mão; e limpará a sua eira, e ajuntará o trigo no seu celeiro,
mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga”. (Lucas 3: 16 e 17).
Num de seus discursos João
Batista, fala do adultério cometido por Herodes Antipas em ter tomado para si
Herodíades, a mulher de seu irmão
Filipe, governador de
Batanéia, Traconítide e Auranítide. Irritada Herodíades pede a Herodes a prisão
e morte de João Batista.
Ele o prende, mas não o mata, com intenção
de libertá-lo posteriormente porque acreditava que João era um profeta de Deus,
deixando o pedido de Herodíades sem ser atendido. Porem, no dia do aniversário
de Herodes, Salomé, sua sobrinha, filha de seu irmão Filipe, uma belíssima
adolescente, dançou para ele, a mando de Herodíades, a dança do ventre e ele,
demonstrando voluptuosidade pela formosura corporal da menina, disse que ela podia lhe pedir o que quisesse
que ele a daria, até metade de seu reino, se fosse pedido. E ela, orientada pela
mãe, pediu a cabeça de João Batista num prato e Herodes Antipas, mesmo
percebendo a trama, não voltou atrás em sua palavra e mandou decapitar João Batista e entregou sua cabeça a Salomé.
Quando Jesus soube do
assassinato de João Batista, ele estava próximo a entrar em Jerusalém e disse aos seus discípulos: “Em verdade vos digo que, entre os que de
mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista; mas aquele
que é o menor no reino dos céus é maior do que ele”. (Mateus 11:11),
ENTRADA DE JESUS EM
JERUSALEM
“Foi,
pois, Jesus seis dias antes da páscoa a Betânia, onde estava Lázaro, o que
falecera, e a quem ressuscitara dentre os mortos.
Fizeram-lhe,
pois, ali uma ceia, e Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com
ele.
Então
Maria, tomando um arrátel de ungüento de nardo puro, de muito preço, ungiu os
pés de Jesus, e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro
do ungüento.
Então,
um dos seus discípulos, Judas Iscariotes, filho de Simão, o que havia de
traí-lo, disse:
Por
que não se vendeu este ungüento por trezentos dinheiros e não se deu aos
pobres?
Ora,
ele disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão
e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava.
Disse,
pois, Jesus: Deixai-a; para o dia da minha sepultura guardou isto;
Porque
os pobres sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes.
E
muita gente dos judeus soube que ele estava ali; e foram, não só por causa de
Jesus, mas também para ver a Lázaro, a quem ressuscitara dentre os mortos.
E
os principais dos sacerdotes tomaram deliberação para matar também a Lázaro;
Porque
muitos dos judeus, por causa dele, iam e criam em Jesus.
No
dia seguinte, ouvindo uma grande multidão, que viera à festa, que Jesus vinha a
Jerusalém,
Tomaram
ramos de palmeiras, e saíram-lhe ao encontro, e clamavam: Hosana! Bendito o Rei
de Israel que vem em nome do Senhor.
E
achou Jesus um jumentinho, e assentou-se sobre ele, como está escrito:
Não
temas, ó filha de Sião; eis que o teu Rei vem assentado sobre o filho de uma
jumenta.
Os
seus discípulos, porém, não entenderam isto no princípio; mas, quando Jesus foi
glorificado, então se lembraram de que isto estava escrito dele, e que isto lhe
fizeram.
A
multidão, pois, que estava com ele quando Lázaro foi chamado da sepultura,
testificava que ele o ressuscitara dentre os mortos.
Por
isso a multidão lhe saiu ao encontro, porque tinham ouvido que ele fizera este
sinal.
Disseram,
pois, os fariseus entre si: Vedes que nada aproveitais? Eis que toda a gente
vai após ele.
Alguns
gregos desejam ver a Jesus - Jesus fala da sua glorificação. ouve-se uma voz do
céu - Jesus, a luz do mundo
Ora,
havia alguns gregos, entre os que tinham subido a adorar no dia da festa.
Estes,
pois, dirigiram-se a Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e rogaram-lhe,
dizendo: Senhor, queríamos ver a Jesus.
Filipe
foi dizê-lo a André, e então André e Filipe o disseram a Jesus.
E
Jesus lhes respondeu, dizendo: É chegada a hora em que o Filho do homem há de
ser glorificado.
Na
verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não
morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.
Quem
ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á
para a vida eterna.
Se
alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E,
se alguém me servir, meu Pai o honrará.
Agora
a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas
para isto vim a esta hora.
Pai,
glorifica o teu nome. Então veio uma voz do céu que dizia: Já o tenho
glorificado, e outra vez o glorificarei.
Ora,
a multidão que ali estava, e que a ouvira, dizia que havia sido um trovão.
Outros diziam: Um anjo lhe falou.
Respondeu
Jesus, e disse: Não veio esta voz por amor de mim, mas por amor de vós.
Agora
é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo.
E
eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim.
E
dizia isto, significando de que morte havia de morrer.
Respondeu-lhe
a multidão: Nós temos ouvido da lei, que o Cristo permanece para sempre; e como
dizes tu que convém que o Filho do homem seja levantado? Quem é esse Filho do
homem?
Disse-lhes,
pois, Jesus: A luz ainda está convosco por um pouco de tempo. Andai enquanto
tendes luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não
sabe para onde vai.
Enquanto
tendes luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz. Estas coisas disse
Jesus e, retirando-se, escondeu-se deles”. (Mateus 12; 1 a 36).
Quando Jesus saiu do
meio deles em Betânia, ele foi para Jerusalém, dirigindo-se para a sinagoga como fazia em toda cidade que entrava. Mas em
Jerusalém, ele teve uma surpresa.
Ao chegar no Templo Sagrado se deparou
com um enorme comércio de animais, mesas de câmbio monetário, vasos, enfim,
todos os produtos integrantes do culto que seriam utilizados pelos fieis dentro
do Templo, estavam sendo vendidos lá fora. Vendo isto Jesus se aborreceu
profundamente e utilizando-se de um azorrague feito de um entrançado de cordas, derrubou as bancas, as cadeiras dos cambistas e soltou os animais que estavam a
venda, conforme esta escrito: “E vieram
a Jerusalém; e Jesus, entrando no templo, começou a expulsar os que vendiam e
compravam no templo; e derrubou as mesas dos cambiadores e as cadeiras dos que
vendiam pombas.
E
não consentia que alguém levasse algum vaso pelo templo.
E
os ensinava, dizendo: Não está escrito: A minha casa será chamada, por todas as
nações, casa de oração? Mas vós a tendes feito covil de ladrões.
E
os escribas e príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido isto, buscavam ocasião
para o matar; pois eles o temiam, porque toda a multidão estava admirada acerca
da sua doutrina”. (Mateus 11:15 a 18).
OS ASSASSINOS DE JESUS
Quando Jesus entrou em
Jerusalém, os representantes dos principados e potestades eram: Tibério César,
Imperador Romano; Herodes Antipas, (o assassino de João Batista), Tetrarca da
Galileia; Pôncio Pilatos, prefeito da Província Imperial da Judeia e Caifás, sumo-sacerdote
e presidente do Grande Sinédrio. Estes seriam os que, direta ou indiretamente, assassinariam
Jesus, mas as estratégias seriam articuladas por um elemento de alta
periculosidade chamado Anás, que era
sogro de Caifáz e vivia, há muitos anos, ardilosamente infiltrado no alto
comando do sinédrio e na alta cúpula romana, mas, oficialmente, era despojado
de qualquer cargo público, e assim preferia, para manipular, como eminencia
parda, o sumo-sacerdote presidente do sinédrio da vez, que sempre era um
parente seu. Era um hábil articulador de falcatruas e vivia das operações
delituosas e fraudulentas dentro e fora do sinédrio. Por isso ele era o mais
interessado em eliminar Jesus, por medo de não mais continuar sendo o
estelionatário de luxo que sempre fora.
No alto da colina de
Sião, erguia-se o suntuoso palácio de Anás, com duas grandes alas no pavimento
superior, sendo uma destinada a sua residência e a outra a residência de seu
genro. E muita riqueza havia no interior daquele palácio. Para se ter uma ideia,
até fios de ouro havia no tecido das túnicas de Caifás e isso por estratégia de
Anás, para dar uma conotação de autoridade ao presidente e a sua influencia sobre
ele passar despercebida.
Com mais de setenta anos
de idade e sofrendo de insônia a mais de três anos, ainda era uma raposa
astuta. O alto comando do supremo tribunal sempre esteve em suas mãos ou nas
mãos de alguém de sua família, pois ele por duas vezes dirigiu o sinédrio e
todos os seus cinco filhos já haviam exercido o cargo pelos menos uma vez e, no
momento, o alto posto era de seu genro, mas todas as decisões do sinédrio, a
muitos anos, eram tomadas por ele.
Toda perversa e complicada
teia de mafiosos do Grande Sinédrio, em toda a Judeia, era manobrada por ele e
todos os cargos chaves de todo sinédrio estavam nas mãos de pessoas indicadas
por ele e que lhe eram subservientes, cordatos às suas ordens, covardes, medrosos, enfim,
despidos de ideais, porque assim eram escolhidos.
As altas autoridades, os
príncipes dos sacerdotes, enfim, as elites judaicas, procuravam, pessoalmente,
Anás para conchavos e propinas, porque ele dominava um comércio estratosférico
ao Templo Sagrado de lucros exorbitantes, que era a venda de animais para os
sacrifícios e a banca de cambio, que fazia a troca com alta usura, das moedas
trazidas pelos visitantes de outras cidades, para o pagamento do dízimo, pela
única moeda aceita pelo Templo, que era o “shekel” o que tornava o Templo um
verdadeiro Banco Central da Judeia e até Pilatos, o prefeito de Jerusalém, era
contemplado com propinas de “cala a boca” advindas dos dividendos dessa moeda e
de outras negociatas do Templo.
Jesus, ao derrubar o
comércio de Anás com um azorrague, estava sendo a primeira pessoa a desafiar o todo poderoso Anás, temido e respeitado por grandes e pequenos, amigo do
imperador Tibério César, porque forçava os judeus a pagarem os pesados impostos
cobrados pelo Império Romano. E agora enfrentado,
com acinte, por um jovem judeu destemido, com poderes extraordinários e, não
acobertado por nenhum poderoso da terra. Conhecedor de todas as trapaças daquele recinto e quem eram os seus mentores. E era
isso o que incomodava. Porque ele sabia quem eram os bandidos e não
os temia e os denunciava abertamente ao povo que era “a galinha dos ovos de
ouro” dos usurpadores dos seus salários ganhos com o suor de seus rostos.
Depois desse episódio,
era urgente, para Anás, a eliminação de Jesus e não havia mais tempo de
descobrir provas contra ele, até porque ele não as tinha. A grande estratégia agora
seria forjar essas provas contra ele. Então Anás partiu para o ataque
investigando a vida dos homens convidados por Jesus para serem os apóstolos de sua
doutrina, no intuito de descobrir neles falhas morais capazes de os tornarem falsas
testemunhas contra o próprio Jesus através de suborno.
DESCRIÇÃO DE CADA UM DOS
APÓSTOLOS DE CRISTO
E homens da confiança de
Anás partiram para investigar o grupo e trouxeram o seguinte resultado:
SIMÃO PEDRO -
Nasceu em Betsaida, mas residia em Cafarnaum, na Galiléia; Era pescador de
profissão, tinha pouco estudo,
impulsivo, amoroso, tímido, explosivo, mas era um homem puro, vertical,
honestíssimo. ANDRÉ - Também de Betsaida, era irmão e sócio de Pedro na
indústria da pesca. Era um homem zeloso, sincero e honesto. TIAGO - Era de
Betsaida, também era pescador. Tinha uma personalidade forte, era ambicioso,
mas era honestíssimo. JOÃO - Também era de Betsaida, pescador, de espírito
exaltado e indisciplinado, mas muito honesto. FILIPE - Nascido em
Betsaida, também, muito provavelmente, era pescador. Era tímido, mas muito
honesto. BARTOLOMEU - Era de Caná da Galiléia, de profissão desconhecida,
mas não havia dolo fraude em sua vida,
era honesto.TOMÉ - Originário da Galiléia, pescador e era determinado, mas
muito honesto. MATEUS - Era de Cafarnaum, onde trabalhava como cobrador de
impostos (publicano). Abandonou sua profissão para seguir Jesus, mas não havia
dolo em sua vida.TIAGO, (Filho de Alfeu) - Originário da Galiléia, também de
profissão desconhecida, era o mais jovens dos apóstolos, mas de vida muito
íntegra. JUDAS TADEU - Nascido na Galiléia, também de profissão desconhecida. Era
bastante temeroso nas coisas e muito honesto. SIMÃO, (o Zelote) - Originário da
Galiléia, de profissão também desconhecidas. Era um homem zeloso, cuidadoso e muito
honesto. JUDAS ISCARIOTES - Nasceu na Judéia, provavelmente em
Queriote-Hesrom, de profissão desconhecida, mas, provavelmente, teve formação
escolar. Era egoísta, ambicioso, de espírito egocêntrico. Formou no grupo, por
conta própria, uma bolsa para arrecadação de donativos. Todos foram convidados
por Jesus para o grupo, mas Judas Iscariotes não foi. Ele se ofereceu para
entrar no grupo e como faltava um para completar o número que simboliza as doze
tribos de Israel, que são os doze filhos de Jacó, Jesus consentiu com sua entrada
no grupo.
ANÁS CORROMPE O APÓSTOLO
JUDAS ISCARIOTES PARA TRAIR JESUS
Na ótica do escolado
corruptor Anás, esse apostolo que se convidou, e ainda criou uma bolsa de
arrecadação de donativos para tirar proveito financeiro dos milagres de Jesus,
era corruptível o suficientemente para trair o seu mestre mediante suborno. Então
na quarta feira da semana da páscoa, Anás mandou avisar a Judas Iscariotes que
gostaria de falar com ele e logo cedo da manhã da quinta feira Judas compareceu
a palácio para falar com o corruptor, mas, provavelmente, ele tenha recusado qualquer
valor de propina em dinheiro, pois a bolsa já lhe rendia o suficiente para uma vida
confortável no futuro, mas se ele foi atender o chamado de Anás e conhecendo a sua
influência, é muito provável que ele tenha se vendido por algo equivalente a um
cargo público de destaque e de boa remuneração, até porque Judas tinha uma boa
escolaridade. E Anás, de aguçada percepção, detentor de grande perspicácia e
alto poder de persuasão, vendo o quão ambicioso era, com certeza, deve ter-lhe
oferecido um alto cargo no sinédrio, porque Judas se entusiasmou de imediato pelo
objeto do suborno e já tramou ali mesmo com o corruptor quais as falsas
acusações que seriam atribuídas a Jesus, como também já definiram o local, a
hora e como os soldados chegariam no referido local para Judas o apontar
dentre os demais devendo tudo ocorrer
ainda naquela quinta feira, mesmo que a noite.
O sofrimento de Jesus
era bem maior do que se possa imaginar, porque ele sabia de tudo o que lhe
aconteceria naquela noite e por quem aconteceria, como sabia com todos os
detalhes da trama de Judas Iscariotes e Anás naquela manhã, mas isto não lhe
entristecia tanto quanto a negação, por três vezes, que Pedro faria dele antes
que o galo cantasse ainda naquela mesma noite, mas ele compreendia os motivos de cada caso e sua tristeza não
era de raiva da covardia de um nem do medo do outro e sim, de pena dos dois,
pela fraqueza de ambos.
“E,
no primeiro dia da festa dos pães ázimos, chegaram os discípulos junto de
Jesus, dizendo: Onde queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa?
E
ele disse: Ide, a um certo homem, e dizei-lhe: O Mestre diz: O meu tempo está
próximo; em tua casa celebrarei a páscoa com os meus discípulos.
E
os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara, e prepararam a páscoa.
E,
chegada a tarde, assentou-se à mesa com os doze.
E,
comendo eles, disse: Em verdade vos digo que um de vós me há de trair.
E
eles, entristecendo-se muito, começaram cada um a dizer-lhe: Porventura sou eu,
SENHOR?
E
ele, respondendo, disse: O que põe comigo a mão no prato, esse me há de trair.
Em
verdade o Filho do homem vai, como acerca dele está escrito, mas ai daquele
homem por quem o Filho do homem é traído! Bom seria para esse homem se não
houvera nascido.
E,
respondendo Judas, o que o traía, disse: Porventura sou eu, Rabi? Ele disse: Tu
o disseste.
E,
quando comiam, Jesus tomou o pão, e abençoando-o, o partiu, e o deu aos
discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo.
E,
tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos;
Porque
isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos,
para remissão dos pecados.
E
digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em
que o beba novo convosco no reino de meu Pai.
E,
tendo cantado o hino, saíram para o Monte das Oliveiras”.
Todos
já tinham suas tendas numa área no Monte das Oliveiras, a qual eles chamavam de
Getsêmani, e lá que todos passavam a noite desde que entraram em Jerusalém:
“Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus
discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar.
E,
levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a
angustiar-se muito.
Então
lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e
velai comigo.
E,
indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e
dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja
como eu quero, mas como tu queres.
E,
voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos; e disse a Pedro: Então
nem uma hora pudeste velar comigo?
Vigiai
e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto,
mas a carne é fraca.
E,
indo segunda vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar de mim
sem eu o beber, faça-se a tua vontade.
E,
voltando, achou-os outra vez adormecidos; porque os seus olhos estavam pesados.
E,
deixando-os de novo, foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras.
Então
chegou junto dos seus discípulos, e disse-lhes: Dormi agora, e repousai; eis
que é chegada a hora, e o Filho do homem será entregue nas mãos dos pecadores.
Levantai-vos,
partamos; eis que é chegado o que me trai.
E,
estando ele ainda a falar, eis que chegou Judas, um dos doze, e com ele grande
multidão com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos
anciãos do povo.
E
o que o traía tinha-lhes dado um sinal, dizendo: O que eu beijar é esse;
prendei-o.
E
logo, aproximando-se de Jesus, disse: Eu te saúdo, Rabi; e beijou-o.
Jesus,
porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? Então, aproximando-se eles, lançaram mão
de Jesus, e o prenderam.
E
eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e,
ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha.
Então
Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da
espada, à espada morrerão.
Ou
pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais
de doze legiões de anjos?
Como,
pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça?”
(Mateus 26:36 a 54).
JESUS É CONDUZIDO A CAIFÁS
PARA JULGAMENTO RELIGIOSO
A etapa de existir
alguém que o acusasse e o entregasse para ser preso estava cumprida e o passo
seguinte seria leva-lo a Caifás para o julgamento religioso:
“E
os que prenderam a Jesus o conduziram à casa do sumo sacerdote Caifás, onde os
escribas e os anciãos estavam reunidos.
E
Pedro o seguiu de longe, até ao pátio do sumo sacerdote e, entrando,
assentou-se entre os criados, para ver o fim.
Ora,
os príncipes dos sacerdotes, e os anciãos, e todo o conselho, buscavam falso
testemunho contra Jesus, para poderem dar-lhe a morte;
E
não o achavam; apesar de se apresentarem muitas testemunhas falsas, não o
achavam. Mas, por fim chegaram duas testemunhas falsas,
E
disseram: Este disse: Eu posso derrubar o templo de Deus, e reedificá-lo em
três dias.
E,
levantando-se o sumo sacerdote, disse-lhe: Não respondes coisa alguma ao que
estes depõem contra ti?
Jesus,
porém, guardava silêncio. E, insistindo o sumo sacerdote, disse-lhe: Conjuro-te
pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus.
Disse-lhe
Jesus: Tu o disseste; digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do homem
assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu.
Então
o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou; para que precisamos
ainda de testemunhas? Eis que bem ouvistes agora a sua blasfêmia.
Que
vos parece? E eles, respondendo, disseram: É réu de morte.
Então
cuspiram-lhe no rosto e lhe davam punhadas, e outros o esbofeteavam,
Dizendo:
Profetiza-nos, Cristo, quem é o que te bateu?
Ora,
Pedro estava assentado fora, no pátio; e, aproximando-se dele uma criada,
disse: Tu também estavas com Jesus, o galileu.
Mas
ele negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes.
E,
saindo para o vestíbulo, outra criada o viu, e disse aos que ali estavam: Este
também estava com Jesus, o Nazareno.
E
ele negou outra vez com juramento: Não conheço tal homem.
E,
daí a pouco, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro:
Verdadeiramente também tu és deles, pois a tua fala te denuncia.
Então
começou ele a praguejar e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem. E
imediatamente o galo cantou.
E
lembrou-se Pedro das palavras de Jesus, que lhe dissera: Antes que o galo
cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente”. (Mateus
26:57 a 75).
Foi assim, na calada da
noite e fora da sala de fórum do sinédrio que concluíram o julgamento religioso
de Jesus, faltando o julgamento secular, que o Sinédrio não tinha competência
de faze-lo, principalmente esse, que eles apelavam por uma pena capital, que
era a forma de tirar Jesus de seus caminhos, portanto, ele seria encaminhado
para o prefeito da Província Imperial Romana da Judéia, que, ao mesmo tempo era
o representante do Império Romano em
Jerusalém.
O ARREPENDIMENTO E SUICÍDIO
DE JUDAS ISCARIOTES
Judas Iscariotes, provavelmente, também foi traído por
Anás, pelo fato de não ter sido recompensado com o combinado que, com certeza,
não foi dinheiro, além do que, a quantidade em dinheiro que lhe foi paga era de
valor irrisório se comparada a quantidade de dinheiro da bolsa de donativos que
ele carregava consigo: “Porque, como
Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe tinha dito: Compra o que nos
é necessário para a festa; ou que desse alguma coisa aos pobres”. (João 13:
29). E tanto foi que ele jogou o dinheiro pra lá, muito arrependido pelo
que fez e essa traição de Anás contribuiu para esse arrependimento, porque ele
sentiu na pele a dor de uma traição, como também pôde dimensionar o tamanho de
seu crime:
“Então
Judas, o que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta
moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos,
Dizendo:
Pequei, traindo o sangue inocente. Eles, porém, disseram: Que nos importa? Isso
é contigo.
E
ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar.
E
os príncipes dos sacerdotes, tomando as moedas de prata, disseram: Não é lícito
colocá-las no cofre das ofertas, porque são preço de sangue.
E,
tendo deliberado em conselho, compraram com elas o campo de um oleiro, para
sepultura dos estrangeiros.
Por
isso foi chamado aquele campo, até ao dia de hoje, Campo de Sangue.
Então
se realizou o que vaticinara o profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de
prata, preço do que foi avaliado, que certos filhos de Israel avaliaram,
E
deram-nas pelo campo do oleiro, segundo o que o Senhor determinou”. (Mateus 27:
3 a 10)
JESUS É CONDUZIDO A
PILATOS E A HERODES PARA JULGAMENTO SECULAR
“E,
levantando-se toda a multidão deles, o levaram a Pilatos.
E
começaram a acusá-lo, dizendo: Havemos achado este pervertendo a nossa nação,
proibindo dar o tributo a César, e dizendo que ele mesmo é Cristo, o rei.
E
Pilatos perguntou-lhe, dizendo: Tu és o Rei dos Judeus? E ele, respondendo,
disse-lhe: Tu o dizes.
E
disse Pilatos aos principais dos sacerdotes, e à multidão: Não acho culpa
alguma neste homem.
Mas
eles insistiam cada vez mais, dizendo: Alvoroça o povo ensinando por toda a
Judéia, começando desde a Galiléia até aqui.
Então
Pilatos, ouvindo falar da Galiléia perguntou se aquele homem era galileu.
E,
sabendo que era da jurisdição de Herodes, remeteu-o a Herodes, que também naqueles
dias estava em Jerusalém.
E
Herodes, quando viu a Jesus, alegrou-se muito; porque havia muito que desejava
vê-lo, por ter ouvido dele muitas coisas; e esperava que lhe veria fazer algum
sinal.
E
interrogava-o com muitas palavras, mas ele nada lhe respondia.
E
estavam os principais dos sacerdotes, e os escribas, acusando-o com grande
veemência.
E
Herodes, com os seus soldados, desprezou-o e, escarnecendo dele, vestiu-o de
uma roupa resplandecente e tornou a enviá-lo a Pilatos.
E
no mesmo dia, Pilatos e Herodes entre si se fizeram amigos; pois dantes andavam
em inimizade um com o outro.
E,
convocando Pilatos os principais dos sacerdotes, e os magistrados, e o povo,
Disse-lhes:
Haveis-me apresentado este homem como pervertedor do povo; e eis que, examinando-o
na vossa presença, nenhuma culpa, das de que o acusais, acho neste homem.
Nem
mesmo Herodes, porque a ele vos remeti, e eis que não tem feito coisa alguma
digna de morte.
Castigá-lo-ei,
pois, e soltá-lo-ei.
E
era-lhe necessário soltar-lhes um pela festa.
Mas
toda a multidão clamou a uma, dizendo: Fora daqui com este, e solta-nos
Barrabás.
O
qual fora lançado na prisão por causa de uma sedição feita na cidade, e de um
homicídio.
Falou,
pois, outra vez Pilatos, querendo soltar a Jesus.
Mas
eles clamavam em contrário, dizendo: Crucifica-o, crucifica-o”. (Lucas 23: 1 a
21).
A CRUCIFICAÇÃO
“E,
quando saíam, encontraram um homem cireneu, chamado Simão, a quem constrangeram
a levar a sua cruz.
E,
chegando ao lugar chamado Gólgota, que se diz: Lugar da Caveira,
Deram-lhe
a beber vinagre misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber.
E,
havendo-o crucificado, repartiram as suas vestes, lançando sortes, para que se
cumprisse o que foi dito pelo profeta: Repartiram entre si as minhas vestes, e
sobre a minha túnica lançaram sortes.
E,
assentados, o guardavam ali.
E
por cima da sua cabeça puseram escrita a sua acusação: ESTE É JESUS, O REI DOS
JUDEUS.
E
foram crucificados com ele dois salteadores, um à direita, e outro à esquerda.
E
os que passavam blasfemavam dele, meneando as cabeças,
E
dizendo: Tu, que destróis o templo, e em três dias o reedificas, salva-te a ti
mesmo. Se és Filho de Deus, desce da cruz.
E
da mesma maneira também os príncipes dos sacerdotes, com os escribas, e
anciãos, e fariseus, escarnecendo, diziam:
Salvou
os outros, e a si mesmo não pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça agora
da cruz, e crê-lo-emos.
Confiou
em Deus; livre-o agora, se o ama; porque disse: Sou Filho de Deus.
E
o mesmo lhe lançaram também em rosto os salteadores que com ele estavam
crucificados.
E
desde a hora sexta houve trevas sobre toda a terra, até à hora nona.
E
perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá
sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
E
alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Este chama por Elias,
E
logo um deles, correndo, tomou uma esponja, e embebeu-a em vinagre, e, pondo-a
numa cana, dava-lhe de beber.
Os
outros, porém, diziam: Deixa, vejamos se Elias vem livrá-lo.
E
Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito.
E
eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e
fenderam-se as pedras;
E
abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram
ressuscitados;
E,
saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e
apareceram a muitos.
E
o centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto, e as coisas
que haviam sucedido, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era
Filho de Deus.
E
estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a
Galiléia, para o servir;
Entre
as quais estavam Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos
filhos de Zebedeu. (Mateus 27: 32 a 56)
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO
“E
no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando
as especiarias que tinham preparado, e algumas outras com elas.
E
acharam a pedra revolvida do sepulcro.
E,
entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus.
E
aconteceu que, estando elas muito perplexas a esse respeito, eis que pararam
junto delas dois homens, com vestes resplandecentes.
E,
estando elas muito atemorizadas, e abaixando o rosto para o chão, eles lhes
disseram: Por que buscais o vivente entre os mortos?
Não
está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na
Galiléia,
Dizendo:
Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja
crucificado, e ao terceiro dia ressuscite.
E
lembraram-se das suas palavras.
E,
voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os
demais”. (Lucas 24:1 a 9).
Todos os poderosos foram
vencidos por Jesus, porque ele vence até morte e a todos os seus assassinos,
agora recolhidos as suas insignificâncias, ainda restam três coisas: acreditar,
se arrepender das maldades de seus corações e seguir a Cristo como único
salvador.