domingo, 23 de novembro de 2014

OS CAMINHOS DA PEREGRINAÇÃO DE CRISTO



“E, quando vos conduzirem às sinagogas, aos magistrados e potestades, não estejais solícitos de como ou do que haveis de responder, nem do que haveis de dizer”. (Lucas 12:11)

Jesus foi vítima dos representantes desses principados e potestades, (imperadores, reis, governadores, prefeitos, procuradores, sumo-sacerdotes, etc.), desde seu nascimento, quando Herodes, o Grande, rei da Judeia, queria mata-lo, ainda quando criança, com medo de perder para ele o seu trono, como se o ministério de Jesus fosse sentar nos estofados fedorentos dos tronos daqui da terra. E as perseguições prosseguiram até  o matarem em pleno desenvolvimento de seu ministério, por medo de perderem seus tronos e por inveja do ser especialíssimo que ele era. Um homem altivo, forte de físico e de caráter, de alma límpida, clara. Um homem sincero, sábio, de linguagem branda para com os humildes e áspera para com os poderosos. Sua pregação era feita na língua da localidade onde ele se encontrava, numa tonalidade capaz de ser ouvida por todos os presentes e num nível de linguagem que alcançava o entendimento de todos, porque ele falava em parábolas adequadas às leis permanentes da natureza para todos os lugares em qualquer tempo, por isso suas palavras nunca envelhecem. Era amado e aclamado com louvor nas praças e passeios públicos, todos os dias, por mais de cinco mil pessoas que vinham de todos os lugares, para vê-lo, ouvi-lo, adora-lo e  serem curadas por seus prodígios e milagres que eram tantos que não haveria no mundo nem livros e nem computadores que pudessem registrar tudo que ele disse e descrever todos os milagres que foram feitos nos três anos de seu ministério e nos trinta e três anos de sua passagem aqui na terra.
                                                                                                            
Vamos, nesta postagem, falar do tempo e dos lugares por onde Jesus andou, com quem lidou e quem eram os representantes de principados e potestades nos lugares onde esteve, e que influencia tiveram direta ou indiretamente, nos fatos relacionados com o seu nascimento, vida, ministério  e morte.

“Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.
Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir,
Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor”. (Romanos 8:37 a 39)

TEMPO E LOCAL DOS ACONTECIMENTOS

Todos os fatos relacionados com o nascimento, vida, ministério  e morte de Jesus Cristo aconteceram numa região da antiga República Romana, no início da terceira década da transição de República Romana, de regime monárquico, cujo último monarca foi o rei Júlio César, para Império Romano, de regime imperial, cujo primeiro imperador e fundador do império foi Caio Júlio César Otaviano, que se  auto conclamou Imperador Romano em 27 a.C., com o nome de César Augusto, tendo o nascimento de Jesus acontecido no ano 6 a.C., vinte e um anos depois do surgimento do Império Romano e ainda na vigência do Imperador Cesar Augusto.

O Império Romano tinha uma área de abrangência equivalente a aproximadamente, 6,5 milhões de quilômetros quadrados de superfície terrestre dividida em regiões denominadas de Províncias Imperiais Romanas, e foi numa dessas províncias, a Província Imperial Romana da Judeia, que ocorreu a vinda, o ministério e a morte de Jesus Cristo. Dentro dessa Província  havia uma área de 30.000 Km² denominada de Palestina, um estreito trecho de favorável passagem entre a África e Ásia, a 30 graus de latitude norte, banhada pelo Mar Mediterrâneo (extremo leste) em toda sua extensão ocidental.  
Limitava-se, ao Norte, com a Síria e Fenícia.
Ao Sul, com o Deserto do Sinai.
Ao Leste, com partes da Síria e partes da Arábia.
Ao Oeste, com o Mar Mediterrâneo.
Seu território tinha um comprimento, na direção norte-sul, de 250 km com uma largura média de 120 km. Comparando-se com estados brasileiros, a Palestina seria um pouco maior do que o estado de Sergipe.
Constituída por uma planície costeira, uma faixa de colinas, uma cadeia de baixas montanhas e uma vertente oriental, mais ou menos desértica, tinha, na época, os principais aglomerados urbanos: Judeia, Samaria, Galileia, Fenícia, Gaulanítide, Decápoles e Pereia. Se compararmos a antiga Palestina com uma organização geo-política dos tempos atuais, para melhor entendermos suas divisões territoriais, diríamos que a Palestina equivaleria a um país e as localidades: Decápoles, Fenícia, Galileia, Gaulanítide, Judeia, Pereia e Samaria equivaleriam aos estados, com suas cidades: Filadelfia, Gadara e Gersa, pertencentes a Decápoles; Monte Carmelo, Monte Hermon, Ptolemaida e Tiro, pertencentes a Fenícia; Cafarnaum, Caná e Nazaré, pertencentes a Galiléia; Betsaida, pertencente a Gaulanítide; Azoto, Asquelom, Barseba, Gaza, Hebrom, Jericó,Jerusalém, Massada e Rafia, pertencentes a Judéia e Ary, Cesaréia, Emaus, Jabré e Monte Gerizim, pertencentes a Samaria. E tudo isso compunha a Província Imperial Romana da Judeia, que, na época da antiga República Romana, era chamada de Reino da Judeia.

As Províncias do Império Romano eram governadas por reis, etnarcas e tetrarcas e as cidades, vilas e vilarejos dessas Províncias eram governadas por prefeitos ou procuradores, mas o Reino da Judeia, com a mudança política, não mudou de imediato para o nome de Província Imperial Romana da Judeia. Permaneceu com o nome de Reino da Judeia e com o mesmo governante, que era o famigerado Rei Herodes, o Grande, que foi conclamado rei da Judeia, aos 25 anos de idade, ainda pela República Romana, no ano 40 a.C., por indicação do então procurador geral de Roma sobre toda a Palestina, o patriarca idumeu, Antípater, que era o seu pai e amigo do Imperador César Augusto, por isso ele continuou como rei da Judeia, inclusive com os mesmos poderes que lhes foram conferidos pela antiga República Romana, onde ele podia até indicar o sumo sacerdote para presidir o Grande Sinédrio. Ele era um homem muito cruel, cheio de manias e reconhecidamente megalomaníaco, cuja alcunha com que auto se intitulou, “Herodes, o Grande”, denunciava essa sua megalomania.

Até certo ponto essa sua megalomania beneficiou a Judeia pelas grandes obras construídas em sua gestão como: anfiteatros, hipódromos, aquedutos, a reconstrução do Templo de Jerusalém, (depois de Jerusalém ser invadida e tomada, no terceiro ano de seu governo), o seu palácio real denominado Heródio, suntuosamente construído numa colina no deserto da Judeia, com luxuosas casas de banho, a libertação da Galileia das mãos de vários bandos de assaltantes que assolavam a população, etc. Essas gestões administrativas também contribuíram para que o Imperador Romano César Augusto permitisse sua continuidade no cargo de rei do Reino da Judeia.


CIRCUNSTANTES DE CRISTO ANTES DO MINISTÉRIO

Foi nessa região que Jesus viveu 31 dos 33 anos de sua vida, porque 2 anos ele passou no Egito, 27 anos, aproximadamente, na cidade de Nazaré, da Galileia  e os 4 últimos anos ele fez base de chegadas e partidas em Cafarnaum enquanto peregrinava por toda Palestina.
Era chamado de Nazareno ou Galileu, mas ele era judeu e não nasceu em Nazaré da Galileia e sim, em Belém da Judeia, em circunstâncias, aparentemente, ocasionais, porque seus pais eram judeus originários de Belém, uma cidadezinha situada a doze quilômetros de Jerusalém, próxima a orla do deserto da Judéia, mas, apesar disso, era fértil, abundante em pasto para a criação de animais e abundante em produção de cereais para o fabrico de pão, daí o significado de seu nome, “Casa do Pão”, significado estendido posteriormente a Jesus, pelas suas próprias palavras : “E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede”. (João 6:35).
Tendo o Imperador Romano, César Augusto, publicado que todas as cidades do Império Romano promovessem um recenseamento de todos os seus patrícios, inclusive dos que moravam fora da cidade, ocorreu, pois, que quando foi publicado o início do recenseamento de Belém, Maria se encontrava num adiantado estado de gestação, todavia, o casal resolveu, mesmo assim,  viajar à Belém para cumprir a obrigação determinada pelo imperador. A distancia entre Nazaré e Belém era de 112 Km, a estrada era ruim, sinuosa e discrepante  e o transporte disponível era montaria a jumentos e foi nessas condições que eles viajaram e chegaram a tempo, porém muito cansados e afadigados, e além do mais, não encontraram vaga nas estalagens, pois todas as estalagens da cidade estavam  lotadas pelo grande número de pessoas que vieram de fora com a mesma finalidade que eles. Mas, funcionários da estalagem, preocupados com o avançado estado gestacional de Maria, improvisaram uma acomodação nas dependências externas da estalagem, onde os animais de montaria dos hóspedes eram abrigados e foi nesse local e nessas circunstâncias que Maria deu a luz ao menino Jesus, tendo sido uma manjedoura, (cocheira de madeira onde é colocado capim para os animais se alimentarem), que lhe serviu de berço: “E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem”. (Lucas 2:7). E nessas circunstancias aparentemente ocasionais de seu nascimento em Belém nada tinha de ocasional, simplesmente as escrituras estavam sendo  cumpridas quando o profeta bíblico Miqueias diz: “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”. (Miquéias 5:2).

Mas Deus e os seus anjos estavam ali com o menino e com os seus pais, inclusive os anjos avisaram  a uns pastores de ovelhas que estavam nos arredores e eles vieram servir ao menino Jesus e aos seus pais, como também vieram visitar o menino, trazendo-lhe ouro, incenso e mirra como presentes,  três importantes reis de distantes comunidades, chamados de magos porque eram grandes estudiosos de astronomia, denominados Melchior, Gaspar e Baltazar, que vinham há muito tempo estudando as profecias dos antigos profetas sobre o nascimento de Jesus, e tendo sido orientados por sinais astronômicos em forma de grande brilho nos céus, interpretados por eles como o nascimento de uma nova estrela, e que, conforme seus estudos, culminava com o nascimento de Jesus, (sendo hoje essa realidade comprovada pela astronomia, que, segundo estudos confirmados por Johannes Kepler, ocorreu no final do ano 7 a.C, uma conjunção de Júpiter e Saturno na constelação de Peixes, fenômeno astronômico que acontece a cada 794 anos e resplandece no céu noturno um brilho intenso pela proximidade dos dois planetas, parecendo uma estrela dupla de grande brilho), e eles partiram, seguindo a direçãoção oriental da estrela, em busca da localização geográfica anunciada pelos profetas bíblicos onde se daria o nascimento do Menino Jesus, e depois de longa caminhada chegaram a Jerusalem, na Judeia e lá receberam orientação e foram para Belém: “E, entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra”. (Mateus 2:11).

Quando eles passaram por Jerusalém procurando a cidade de Belém, a forma como eles se referiam ao menino na busca, chamou a atenção de muitos, inclusive de Herodes, o Grande, pois eles assim se referiam ao menino: Dizendo: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo”. (Mateus 2:2). “E o rei Herodes, ouvindo isto, perturbou-se, e toda Jerusalém com ele”.  (Mateus 2:2).
“Então Herodes, chamando secretamente os magos, inquiriu exatamente deles acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera.
E, enviando-os a Belém, disse: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino e, quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore”. (Mateus 2:7-8).

Mas os reis, orientados por um anjo, não voltaram por Jerusalém: “E, sendo por divina revelação avisados em sonhos para que não voltassem para junto de Herodes, partiram para a sua terra por outro caminho”. (Mateus 2:12).

“Então Herodes, vendo que tinha sido iludido pelos magos, irritou-se muito, e mandou matar todos os meninos que havia em Belém, e em todos os seus contornos, de dois anos para baixo, segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos”. (Mateus 2: 16).

Enquanto isso, lá em Belém, vendo José que Maria e o menino estavam  aptos para viajar, José se preparou para retornar com eles para Nazaré, pois os reis magos já haviam se retirado para as suas cidades. Mas um anjo de Deus o avisou em sonhos que ele com Maria e o menino, fugissem para o Egito, porque Herodes queria matar o menino: “E, tendo eles se retirado, eis que o anjo do Senhor apareceu a José em sonhos, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e demora-te lá até que eu te diga; porque Herodes há de procurar o menino para o matar”. (Mateus 2: 13).

Não há relato bíblico para qual cidade do Egito José fugiu com o Menino Jesus, apenas a Bíblia relata que foram orientados para irem, (vide Mateus 2: 13), e relata que foram orientados para retornarem a terra de Israel: “Morto, porém, Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu num sonho a José no Egito, Dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel; porque já estão mortos os que procuravam a morte do menino”. (Mateus 2: 19 -20).

“E, quando acabaram de cumprir tudo segundo a lei do Senhor, voltaram à Galileia, para a sua cidade de Nazaré.
E o menino crescia, e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele”. (Lucas 2: 29 a 40).

Considerando que Jesus nasceu entre o final do ano 7 a.C. e o início do ano 6 a.C., e viajou para o Egito com uma faixa etária de dois meses, ou seja, após a sua circuncisão, (que é feita quando a criança completa oito dias de nascida) e a sua apresentação no templo, (que é feita depois que a criança, do sexo masculino, completa quarenta dias de nascida) e retornado no ano da morte de Herodes, que ocorreu no ano 4 a.C., deduz-se que Jesus tenha morado no Egito durante dois anos, aproximadamente. Portanto, foi com essa idade que ele chegou em Nazaré da Galileia, sendo  Herodes Antipas, filho de Herodes, o Grande, tetrarca da Galileia e seu irmão Arquelau, etnarca da Judeia, com a promessa de Cesar Augusto de vir a ser rei da Judeia caso se mostrasse merecedor do cargo, porque Arquelau não apresentava, na ótica do Imperador,  preparo suficiente para substituir seu pai  num reino tão vasto e tão plural que vinha sendo conduzido  há muitos anos e, também na ótica de César Augusto, muito bem, pelo falecido Herodes, o Grande.

Jesus morou com seus pais na cidade de Nazaré, desde o ano 4 a.C., quando chegou do Egito, aos 2 anos de idade, até, aproximadamente, um ano antes de iniciar seu ministério, que ocorreu no ano 24 d.C., acreditando-se que ele tenha ido morar na cidade de Cafarnaum com 29 anos de idade para implantar ali uma base de apoio aos deslocamentos de seu ministério, porque Cafarnaum situava-se às margens do Mar da Galileia, se tornando um bom local para se deslocar para vários lugares da Palestina, utilizando barco como meio de transporte.

Durante o tempo em que Jesus morou com seus pais na cidade de Nazaré, ele levou uma vida normal como toda criança, todo adolescente, todo jovem e adulto jovem, brincando, estudando, participando da rotina da família, que, no caso dele, era auxiliando seu pai nos labores da oficina de carpintaria, que era o ofício de seu pai, viajando, com seus pais, todos os anos, para a cidade de Jerusalém, para participarem da festa da páscoa, que era o costume dos judeus residentes fora da Judeia, se deslocarem, anualmente, para Jerusalém, para participarem da festa da páscoa: “Ora, todos os anos iam seus pais a Jerusalém à festa da páscoa;
E, tendo ele já doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume do dia da festa.
E, regressando eles, terminados aqueles dias, ficou o menino Jesus em Jerusalém, e não o soube José, nem sua mãe.
Pensando, porém, eles que viria de companhia pelo caminho, andaram caminho de um dia, e procuravam-no entre os parentes e conhecidos;
E, como o não encontrassem, voltaram a Jerusalém em busca dele.
E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os.
E todos os que o ouviam admiravam a sua inteligência e respostas.
E quando o viram, maravilharam-se, e disse-lhe sua mãe: Filho, por que fizeste assim para conosco? Eis que teu pai e eu ansiosos te procurávamos.
E ele lhes disse: Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?
E eles não compreenderam as palavras que lhes dizia.
E desceu com eles, e foi para Nazaré, e era-lhes sujeito. E sua mãe guardava no seu coração todas estas coisas.
E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens”. (Lucas 2: 41 a 52)).

CIRCUNSTANTES DE CRISTO DURANTE O MINISTÉRIO

No ano 6 d.C., houve um grande motim em Jerusalém e a maneira inábil como Arquelau gerenciou o problema, evidenciou seu despreparo para o exercício do poder, que somado a outros fatos negativos ocorridos nos dez anos como etnarca  da Judeia, dentre  eles despotismo, fez com que o Imperador César Augusto o destituísse do cargo e ainda o exilasse em Viena, na província da Gália, decretando que o Reino da Judeia estaria extinto, passando a ser apenas uma Província Imperial, administrada por um procurador, (também chamado de prefeito) indicado pelo Imperador e  subordinado ao governador da província imperial da Síria.

Os crimes religiosos contra as leis de Moisés da Província Imperial da Judeia continuaram a ser resolvidos pelo Grande Sinédrio, que era um tribunal de justiça que já julgava esses crimes e controlava a vida religiosa do povo e agora julgava pequenos crimes seculares, exceto os de pena capital, que eram julgados pelo prefeito de Jerusalém, quando os julgados fossem judeus, ou pelo tetrarca da Galileia, ou outros tetrarcas, quando não judeus. A sede permanecia em Jerusalém, mas o sumo-sacerdote, que o presidia, agora era indicado pelo Imperador Romano.  O sinédrio era formado por 71 membros, onde um sumo sacerdote era o presidente, e os 70 restantes eram outros sumo-sacerdotes, anciãos, sacerdotes do partido dos saduceus, escribas e fariseus.

Os saduceus eram homens que pertenciam uma espécie de partido que defendia  que os sacerdotes deveriam  pertencer a uma estirpe de linhagens sacerdotais. Os escribas eram os escrivães encarregados  de redigir as demandas religiosas e seculares do sinédrio, como também exercer as funções de contador, secretário, copista,  arquivista, etc. Os fariseus  eram um grupo de judeus conhecedores e, aparentemente, devotos a Torá e se apresentavam na sociedade como fundamentalistas quanto ao cumprimento das leis de Moisés, e no entanto, juntamente com os escribas, participavam ou eram coniventes com Caifás na participação de falcatruas no sinédrio, que também eram estendidas à sociedade, por isso que Jesus dedica um discurso inteiro para criticá-los severamente: “Então falou Jesus à multidão, e aos seus discípulos,
Dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus.
Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem;
Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los;
E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes,
E amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas,
E as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi.
Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos.
E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus.
Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo.
O maior dentre vós será vosso servo.
E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado.
Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando.
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que devorais as casas das viúvas, sob pretexto de prolongadas orações; por isso sofrereis mais rigoroso juízo.
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós.
Ai de vós, condutores cegos! pois que dizeis: Qualquer que jurar pelo templo, isso nada é; mas o que jurar pelo ouro do templo, esse é devedor.
Insensatos e cegos! Pois qual é maior: o ouro, ou o templo, que santifica o ouro?
E aquele que jurar pelo altar isso nada é; mas aquele que jurar pela oferta que está sobre o altar, esse é devedor.
Insensatos e cegos! Pois qual é maior: a oferta, ou o altar, que santifica a oferta?
Portanto, o que jurar pelo altar, jura por ele e por tudo o que sobre ele está;
E, o que jurar pelo templo, jura por ele e por aquele que nele habita;
E, o que jurar pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que está assentado nele.
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.
Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo.
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de iniqüidade.
Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo.
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia.
Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade.
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos,
E dizeis: Se existíssemos no tempo de nossos pais, nunca nos associaríamos com eles para derramar o sangue dos profetas.
Assim, vós mesmos testificais que sois filhos dos que mataram os profetas.
Enchei vós, pois, a medida de vossos pais.
Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?
Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas; a uns deles matareis e crucificareis; e a outros deles açoitareis nas vossas sinagogas e os perseguireis de cidade em cidade;
Para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que matastes entre o santuário e o altar.
Em verdade vos digo que todas estas coisas hão de vir sobre esta geração”. (Mateus 23: 1 a 36).

CONVOCAÇÃO DOS APÓSTOLOS

Quando Jesus iniciou o Divino Ministério para o qual foi ungido, (entre os anos aproximados de 24 a 26 d.C.), aos 30 anos de idade, aproximadamente, ele elegeu doze homens para serem seus discípulos, (receberem seus ensinamentos) e futuros apóstolos, (posteriores propagadores da doutrina cristã): “E, chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem, e para curarem toda a enfermidade e todo o mal.
Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: O primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão;
Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Lebeu, apelidado Tadeu;
Simão o Zelote, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu”. (Mateus 10:1 a 4). Eram homem simples, na maioria pescadores , de pouca ou nenhuma escolaridade, mas eram muito honestos, íntegros, puros de coração e cumpridores dos seus deveres.
Jesus pregou e obrou muito milagres em Cafarnaum: “E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje.
Eu vos digo, porém, que haverá menos rigor para os de Sodoma, no dia do juízo, do que para ti”. (Mateus 11:23 a 24), porque ele morava lá, mas pregava e obrava milagres por toda Galileia, toda Judeia,  enfim, por toda Palestina e sua fama se espalhava muito rapidamente pelo além muro de todas as comunidades circunvizinhas, tanto por causa dos milagres por ele obrados,  como por causa de seus discursos, que eram proferidos com veemência e, embora não fossem contrários as normas e postulados civis do Império Romano, eram impactantes.   Quando se referia às leis religiosas de Moisés, ele respeitava o conteúdo, porem, em algumas situações,  suavizava  a conotação textual para uma conotação que sugerisse mais tolerancia, menos arrogancia, mais paciente, porem, sem contrariar o conteúdo original da lei: “Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente.
Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra;
E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa;
E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas.
Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes”. (Mateus 5:38 a 42).

MILAGRES DE CRISTO E SINAIS DE SUA DIVINDADE

Porém, muito mais impactantes do que seus discursos eram os seus atos, os quais sim, contrariavam algumas leis. Mas essas leis ele podia contrariar, porque eram as leis dele e de seu pai celestial, que são as leis da natureza e ninguém, no universo, depois de criado, teve o poder de mudar a ordem física e biológica das coisas, exceto ele, provando que era um Deus e filho do próprio Deus. E em diversas ocasiões Jesus mostrou que tinha poder sobre a natureza, como em uma ocasião em que ele acalmou uma tempestade: Entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram.
De repente, uma violenta tempestade abateu-se sobre o mar, de forma que as ondas inundavam o barco. Jesus, porém, dormia.
Os discípulos foram acordá-lo, clamando: "Senhor, salva-nos! Vamos morrer!"
Ele perguntou: "Por que vocês estão com tanto medo, homens de pequena fé?" Então ele se levantou e repreendeu os ventos e o mar, e fez-se completa bonança.
Os homens ficaram perplexos e perguntaram: "Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem?" (Mateus 8: 23 a 27).

Em outra ocasião ele surpreendeu a todos quando ressuscitou um morto em estado de putrefação:
 “Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido.
Mas também agora sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá.
Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar.
Disse-lhe Marta: Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia.
Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;
E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?
Disse-lhe ela: Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo”.(João 11:21 a 27).
“Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse-lhe: SENHOR, já cheira mal, porque é já de quatro dias.
Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?
Tiraram, pois, a pedra de onde o defunto jazia. E Jesus, levantando os olhos para cima, disse: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido.
Eu bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que está em redor, para que creiam que tu me enviaste.
E, tendo dito isto, clamou com grande voz: Lázaro, sai para fora.
E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto envolto num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o, e deixai-o ir.
Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo a Maria, e que tinham visto o que Jesus fizera, creram nele.
Os fariseus formam conselho para matarem Jesus
Mas alguns deles foram ter com os fariseus, e disseram-lhes o que Jesus tinha feito.
Depois os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho, e diziam: Que faremos? porquanto este homem faz muitos sinais.
Se o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação.
E Caifás, um deles que era sumo sacerdote naquele ano, lhes disse: Vós nada sabeis”, (João 11:39 a 49).

Jesus, em muitos de seus prodígios, obrava milagres e deixava, em alguns milagres, sinais claríssimos de quem era ele. Nesse fenômeno da ressureição Lázaro, Jesus fez algo mais do que um milagre. Ele deu um sinal de que, realmente, era o Messias que haveria de vir, porque, até aquele momento, não havia na história da humanidade alguém que tivesse ressuscitado um morto em estado de putrefação e, com certeza, não haverá um outro que assim o faça. Por isso que todos que o amavam ficaram maravilhados diante do fato e os seus antagônicos ficaram boquiabertos, principalmente o sumo sacerdote Caifás, que sabia que ele era o Cristo de Deus, ao ponto de dizer a todos em voz alta: “vós nada sabeis”.  Essa afirmativa caracterizava a consciência que eles tinham de suas incapacidades, tanto para estarem nas posições que estavam, como para qualquer outra coisa, comparando-os com Jesus. E em vez deles ficarem felizes com um Deus no mesmo espaço, eles ficavam mais temerosos de perderem suas posições para aquele verdadeiramente poderoso que ali estava, diante de todos, acompanhado de homens simples e rudes, no meio do povão, calçando as mesmas sandálias baratas, vestindo as mesmas túnicas simplórias, inconsúteis, (formadas de uma só peça, sem costuras), comendo com eles o peixe de suas redes de pescar, assado em fogueira feita no chão, a céu aberto, falando com eles e com todos, nas suas línguas e respondendo a todas as perguntas que lhe fossem formuladas, sobre qualquer assunto, até mesmo as perguntas dos fariseus do sinédrio, que, a mando de Caifás, vinham lhe  questionar leis mosaicas para testar se ele cumpria essas leis e lhe imputar crimes na ausência de quaisquer descumprimento de leis, porque seus imputadores de crimes também lhe testavam com leis seculares. E o mais culpado desses seus perseguidores era o sumo sacerdote Caifás, o presidente do sinédrio, porque, enquanto os gestores seculares nada sabiam a respeito da vinda de um filho de Deus para habitar na terra, e queriam condenar Jesus porque imaginavam que se tratasse de alguém da casa de Davi que vinha resgatar o reino de Judá, Caifás conhecia as escrituras e sabia que as descrições dos profetas sobre a vinda do Messias correspondia com as mesmas do nascimento de Jesus, comprovada pelo testemunho dos poderes extraordinários de Jesus de ressuscitar mortos, fazer mudos falarem, surdos ouvirem, cegos verem, paralíticos andarem, dar ordens aos elementos da natureza no sentido de acalmar as tempestades, andar sobre as águas do mar, multiplicar pães e peixes, transformar água em vinho, fazia-o ver que nele havia uma condição superior a condição de um simples humano, mesmo assim ele queria mata-lo para não perder o seu lugar para o filho de Deus, colocando a sua posição de chefe do sinédrio acima do poder Divino, ele mesmo pregava nas sinagogas e no templo sagrado todos os dias, a palavra dos profetas sobre a vinda do filho de Deus.

ESCRIBAS E FARISEUS BUSCAM INCRIMINAR JESUS

E os fariseus não encontrando em suas palavras, nem em seus atos, nada que pudesse lhe incriminar religiosamente, forjaram, como estratégia, um flagrante de adultério de uma prostituta em praça pública, atitude delituosa nas leis mosaicas, e levaram a prostituta até Jesus para solicitar seu julgamento:  “E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério;
E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando.
E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes? 
Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.
E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.
E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.
Quando ouviram isto, redargüidos da consciência, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio.
E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais”. (João 8:3 a 11).

Teve outra ocasião em que os fariseus queriam induzi-lo a cometer crime civil contrariando a lei de pagamento de impostos, que é a mais agradável para os gestores públicos e a mais desagradável para os contribuintes, indagando-o sobre a questão em via pública: “Então, retirando-se os fariseus, consultaram entre si como o surpreenderiam nalguma palavra;
E enviaram-lhe os seus discípulos, com os herodianos, dizendo: Mestre, bem sabemos que és verdadeiro, e ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, e de ninguém se te dá, porque não olhas a aparência dos homens.
Dize-nos, pois, que te parece? É lícito pagar o tributo a César, ou não?
Jesus, porém, conhecendo a sua malícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas?
Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um dinheiro.
E ele diz-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição?
Dizem-lhe eles: De César. Então ele lhes disse: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
E eles, ouvindo isto, maravilharam-se, e, deixando-o, se retiraram”. (Mateus 22: 15 a 22).

Vendo sua integridade, os próprios representantes dos principados e potestades tentavam seduzi-lo convidando-o a entrar em seus palácios, sentar-se às suas mesas para comer e beber com eles, no intuito de fazer com que ele se sentisse atraído pelas suas pompas e prestigiasse suas autoridades. Mas Jesus recusava seus convites e continuava indiferente aos seus cargos e posições, o que os deixava muito mais irritados e se sentindo cada vez mais inferiorizados por ele.

Essa perseguição começou depois que Jesus entrou em Jerusalém, cidade que ele deixou por último para dar continuidade ao seu ministério, porque ele sabia que em Jerusalém, no centro nervoso da Judeia, ele seria preso, julgado, condenado e morto, pelos seus adversários  que sentavam-se no palácio que fora de Herodes, o Grande, e agora era a sede da prefeitura da Província Imperial da Judeia,  como também os que sentavam no Grande Sinédrio. Por isso ele pressagiou que um dia Jerusalém se arrependeria disso:  “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!
Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta;
Porque eu vos digo que desde agora me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor”. (Mateus 23: 37 a 39).

Na época Jerusalém ficava entre o Vale do Cedron e o Monte das Oliveiras, pela direita e a torrente Hinom, a esquerda. No centro da cidade, junto ao muro ocidental do templo, encontram-se a Tiropéion. A nordeste, na parte externa de suas muralhas, ficava a piscina de Betesda. A noroeste do recinto do templo ficava a fortaleza Antônia. Descendo pelo lado ocidental do muro, em ângulo reto, na parte externa, ficava o monte da Caveira e um pouco mais abaixo, em um recinto retangular, murado, ficava o palácio do tetrarca da Galileia, Herodes Antipas. No ângulo sudoeste da cidade ficava uma espécie de bairro que era habitado por essênios, tendo sido numa dessas casas que Jesus celebrou a última ceia e nela se formou a primeira comunidade cristã. Bem próximo a essa casa ficava o sinédrio, que era o palácio de Caifás e a sudeste deste local ficava a piscina de Siloé.

DECAPITAÇÃO DE JOÃO BATISTA

João Batista, primo de Jesus e último profeta bíblico, desenvolveu  toda sua pregação paralela a de Jesus, em outras cidades da Judeia, cumprindo sua missão de anunciar ao povo judeu que a vinda do Messias, prometida por Deus, já havia se concretizado e ele já estava pregando as Boas Novas por toda Palestina, e todos deveriam se arrepender de seus pecados se converterem a Cristo, batizando os convertidos nas águas do rio Jordão e alertando-os que só com o arrependimento de seus pecados é que Cristo os resgataria para a vida eterna, do contrário queimariam eternamente no fogo do inferno: “Respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das alparcas; esse vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.
Ele tem a pá na sua mão; e limpará a sua eira, e ajuntará o trigo no seu celeiro, mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga”. (Lucas 3: 16 e 17).

Num de seus discursos João Batista, fala do adultério cometido por Herodes Antipas em ter tomado para si Herodíades,  a mulher de seu irmão Filipe, governador de Batanéia, Traconítide e Auranítide. Irritada Herodíades pede a Herodes a prisão e morte de João Batista. Ele o prende,  mas não o mata, com intenção de libertá-lo posteriormente porque  acreditava que João era um profeta de Deus, deixando o pedido de Herodíades sem ser atendido. Porem, no dia do aniversário de Herodes, Salomé, sua sobrinha, filha de seu irmão Filipe, uma belíssima adolescente, dançou para ele, a mando de Herodíades, a dança do ventre e ele, demonstrando voluptuosidade pela formosura corporal da menina, disse que ela podia lhe pedir o que quisesse que ele a daria, até metade de seu reino, se fosse pedido. E ela, orientada pela mãe, pediu a cabeça de João Batista num prato e Herodes Antipas, mesmo percebendo a trama, não voltou atrás em sua palavra e mandou decapitar  João Batista e entregou sua cabeça a Salomé.

Quando Jesus soube do assassinato de João Batista, ele estava próximo a entrar em Jerusalém  e disse aos seus discípulos: “Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele”. (Mateus 11:11),

ENTRADA DE JESUS EM JERUSALEM

“Foi, pois, Jesus seis dias antes da páscoa a Betânia, onde estava Lázaro, o que falecera, e a quem ressuscitara dentre os mortos.
Fizeram-lhe, pois, ali uma ceia, e Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele.
Então Maria, tomando um arrátel de ungüento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do ungüento.
Então, um dos seus discípulos, Judas Iscariotes, filho de Simão, o que havia de traí-lo, disse:
Por que não se vendeu este ungüento por trezentos dinheiros e não se deu aos pobres?
Ora, ele disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava.
Disse, pois, Jesus: Deixai-a; para o dia da minha sepultura guardou isto;
Porque os pobres sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes.
E muita gente dos judeus soube que ele estava ali; e foram, não só por causa de Jesus, mas também para ver a Lázaro, a quem ressuscitara dentre os mortos.
E os principais dos sacerdotes tomaram deliberação para matar também a Lázaro;
Porque muitos dos judeus, por causa dele, iam e criam em Jesus.
No dia seguinte, ouvindo uma grande multidão, que viera à festa, que Jesus vinha a Jerusalém,
Tomaram ramos de palmeiras, e saíram-lhe ao encontro, e clamavam: Hosana! Bendito o Rei de Israel que vem em nome do Senhor.
E achou Jesus um jumentinho, e assentou-se sobre ele, como está escrito:
Não temas, ó filha de Sião; eis que o teu Rei vem assentado sobre o filho de uma jumenta.
Os seus discípulos, porém, não entenderam isto no princípio; mas, quando Jesus foi glorificado, então se lembraram de que isto estava escrito dele, e que isto lhe fizeram.
A multidão, pois, que estava com ele quando Lázaro foi chamado da sepultura, testificava que ele o ressuscitara dentre os mortos.
Por isso a multidão lhe saiu ao encontro, porque tinham ouvido que ele fizera este sinal.
Disseram, pois, os fariseus entre si: Vedes que nada aproveitais? Eis que toda a gente vai após ele.
Alguns gregos desejam ver a Jesus - Jesus fala da sua glorificação. ouve-se uma voz do céu - Jesus, a luz do mundo
Ora, havia alguns gregos, entre os que tinham subido a adorar no dia da festa.
Estes, pois, dirigiram-se a Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queríamos ver a Jesus.
Filipe foi dizê-lo a André, e então André e Filipe o disseram a Jesus.
E Jesus lhes respondeu, dizendo: É chegada a hora em que o Filho do homem há de ser glorificado.
Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.
Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.
Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará.
Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora.
Pai, glorifica o teu nome. Então veio uma voz do céu que dizia: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei.
Ora, a multidão que ali estava, e que a ouvira, dizia que havia sido um trovão. Outros diziam: Um anjo lhe falou.
Respondeu Jesus, e disse: Não veio esta voz por amor de mim, mas por amor de vós.
Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo.
E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim.
E dizia isto, significando de que morte havia de morrer.
Respondeu-lhe a multidão: Nós temos ouvido da lei, que o Cristo permanece para sempre; e como dizes tu que convém que o Filho do homem seja levantado? Quem é esse Filho do homem?
Disse-lhes, pois, Jesus: A luz ainda está convosco por um pouco de tempo. Andai enquanto tendes luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai.
Enquanto tendes luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz. Estas coisas disse Jesus e, retirando-se, escondeu-se deles”. (Mateus 12; 1 a 36).

Quando Jesus saiu do meio deles em Betânia, ele foi para Jerusalém, dirigindo-se para a sinagoga  como fazia em toda cidade que entrava.  Mas em Jerusalém, ele teve uma surpresa. 
Ao chegar no Templo Sagrado se deparou com um enorme comércio de animais, mesas de câmbio monetário, vasos, enfim, todos os produtos integrantes do culto que seriam utilizados pelos fieis dentro do Templo, estavam sendo vendidos lá fora. Vendo isto Jesus se aborreceu profundamente e utilizando-se de um azorrague feito de um entrançado de cordas, derrubou as bancas, as cadeiras dos cambistas e soltou os animais que estavam a venda, conforme esta escrito: “E vieram a Jerusalém; e Jesus, entrando no templo, começou a expulsar os que vendiam e compravam no templo; e derrubou as mesas dos cambiadores e as cadeiras dos que vendiam pombas.
E não consentia que alguém levasse algum vaso pelo templo.
E os ensinava, dizendo: Não está escrito: A minha casa será chamada, por todas as nações, casa de oração? Mas vós a tendes feito covil de ladrões.
E os escribas e príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido isto, buscavam ocasião para o matar; pois eles o temiam, porque toda a multidão estava admirada acerca da sua doutrina”. (Mateus 11:15 a 18).

OS ASSASSINOS DE JESUS

Quando Jesus entrou em Jerusalém, os representantes dos principados e potestades eram: Tibério César, Imperador Romano; Herodes Antipas, (o assassino de João Batista), Tetrarca da Galileia; Pôncio Pilatos, prefeito da Província Imperial da Judeia e Caifás, sumo-sacerdote e presidente do Grande Sinédrio. Estes seriam os que, direta ou indiretamente, assassinariam Jesus, mas as estratégias seriam articuladas por um elemento de alta periculosidade chamado  Anás, que era sogro de Caifáz e vivia, há muitos anos, ardilosamente infiltrado no alto comando do sinédrio e na alta cúpula romana, mas, oficialmente, era despojado de qualquer cargo público, e assim preferia, para manipular, como eminencia parda, o sumo-sacerdote presidente do sinédrio da vez, que sempre era um parente seu. Era um hábil articulador de falcatruas e vivia das operações delituosas e fraudulentas dentro e fora do sinédrio. Por isso ele era o mais interessado em eliminar Jesus, por medo de não mais continuar sendo o estelionatário de luxo que sempre fora.

No alto da colina de Sião, erguia-se o suntuoso palácio de Anás, com duas grandes alas no pavimento superior, sendo uma destinada a sua residência e a outra a residência de seu genro. E muita riqueza havia no interior daquele palácio. Para se ter uma ideia, até fios de ouro havia no tecido das túnicas de Caifás e isso por estratégia de Anás, para dar uma conotação de autoridade ao presidente e a sua influencia sobre ele passar despercebida.

Com mais de setenta anos de idade e sofrendo de insônia a mais de três anos, ainda era uma raposa astuta. O alto comando do supremo tribunal sempre esteve em suas mãos ou nas mãos de alguém de sua família, pois ele por duas vezes dirigiu o sinédrio e todos os seus cinco filhos já haviam exercido o cargo pelos menos uma vez e, no momento, o alto posto era de seu genro, mas todas as decisões do sinédrio, a muitos anos, eram tomadas por ele.

Toda perversa e complicada teia de mafiosos do Grande Sinédrio, em toda a Judeia, era manobrada por ele e todos os cargos chaves de todo sinédrio estavam nas mãos de pessoas indicadas por ele e que lhe eram subservientes, cordatos às suas ordens, covardes, medrosos, enfim, despidos de ideais, porque assim eram escolhidos.

As altas autoridades, os príncipes dos sacerdotes, enfim, as elites judaicas, procuravam, pessoalmente, Anás para conchavos e propinas, porque ele dominava um comércio estratosférico ao Templo Sagrado de lucros exorbitantes, que era a venda de animais para os sacrifícios e a banca de cambio, que fazia a troca com alta usura, das moedas trazidas pelos visitantes de outras cidades, para o pagamento do dízimo, pela única moeda aceita pelo Templo, que era o “shekel” o que tornava o Templo um verdadeiro Banco Central da Judeia e até Pilatos, o prefeito de Jerusalém, era contemplado com propinas de “cala a boca” advindas dos dividendos dessa moeda e de outras negociatas do Templo.


Jesus, ao derrubar o comércio de Anás com um azorrague, estava sendo a primeira pessoa a desafiar o todo poderoso Anás, temido e respeitado por grandes e pequenos, amigo do imperador Tibério César, porque forçava os judeus a pagarem os pesados impostos cobrados pelo Império Romano.  E agora enfrentado, com acinte, por um jovem judeu destemido, com poderes extraordinários e, não acobertado por nenhum poderoso da terra. Conhecedor  de todas as trapaças daquele recinto e quem eram os seus mentores. E era isso o que  incomodava.  Porque ele sabia quem eram os bandidos e não os temia e os denunciava abertamente ao povo que era “a galinha dos ovos de ouro” dos usurpadores dos seus salários ganhos com o suor de seus rostos.

Depois desse episódio, era urgente, para Anás, a eliminação de Jesus e não havia mais tempo de descobrir provas contra ele, até porque ele não as tinha. A grande estratégia agora seria forjar essas provas contra ele. Então Anás partiu para o ataque investigando a vida dos homens convidados por Jesus para serem  os apóstolos de sua doutrina, no intuito de descobrir neles falhas morais capazes de os tornarem falsas testemunhas contra o próprio Jesus através de suborno.

DESCRIÇÃO DE CADA UM DOS APÓSTOLOS DE CRISTO

E homens da confiança de Anás partiram para investigar o grupo e trouxeram o seguinte resultado:

SIMÃO PEDRO - Nasceu em Betsaida, mas residia em Cafarnaum, na Galiléia; Era pescador de profissão,  tinha pouco estudo, impulsivo, amoroso, tímido, explosivo, mas era um homem puro, vertical, honestíssimo. ANDRÉ - Também de Betsaida, era irmão e sócio de Pedro na indústria da pesca. Era um homem zeloso, sincero e honesto. TIAGO - Era de Betsaida, também era pescador. Tinha uma personalidade forte, era ambicioso, mas era honestíssimo. JOÃO - Também era de Betsaida, pescador, de espírito exaltado e indisciplinado, mas muito honesto. FILIPE - Nascido em Betsaida, também, muito provavelmente, era pescador. Era tímido, mas muito honesto. BARTOLOMEU - Era de Caná da Galiléia, de profissão desconhecida, mas  não havia dolo fraude em sua vida, era honesto.TOMÉ - Originário da Galiléia, pescador e era determinado, mas muito honesto. MATEUS - Era de Cafarnaum, onde trabalhava como cobrador de impostos (publicano). Abandonou sua profissão para seguir Jesus, mas não havia dolo em sua vida.TIAGO, (Filho de Alfeu) - Originário da Galiléia, também de profissão desconhecida, era o mais jovens dos apóstolos, mas de vida muito íntegra. JUDAS TADEU - Nascido na Galiléia, também de profissão desconhecida. Era bastante temeroso nas coisas e muito honesto. SIMÃO, (o Zelote) - Originário da Galiléia, de profissão também desconhecidas. Era um homem zeloso, cuidadoso e muito honesto. JUDAS ISCARIOTES - Nasceu na Judéia, provavelmente em Queriote-Hesrom, de profissão desconhecida, mas, provavelmente, teve formação escolar. Era egoísta, ambicioso, de espírito egocêntrico. Formou no grupo, por conta própria, uma bolsa para arrecadação de donativos. Todos foram convidados por Jesus para o grupo, mas Judas Iscariotes não foi. Ele se ofereceu para entrar no grupo e como faltava um para completar o número que simboliza as doze tribos de Israel, que são os doze filhos de Jacó, Jesus consentiu com sua entrada no grupo.

ANÁS CORROMPE O APÓSTOLO JUDAS ISCARIOTES PARA TRAIR JESUS

Na ótica do escolado corruptor Anás, esse apostolo que se convidou, e ainda criou uma bolsa de arrecadação de donativos para tirar proveito financeiro dos milagres de Jesus, era corruptível o suficientemente para trair o seu mestre mediante suborno. Então na quarta feira da semana da páscoa, Anás mandou avisar a Judas Iscariotes que gostaria de falar com ele e logo cedo da manhã da quinta feira Judas compareceu a palácio para falar com o corruptor, mas, provavelmente, ele tenha recusado qualquer valor de propina em dinheiro, pois a bolsa já lhe rendia o suficiente para uma vida confortável no futuro, mas se ele foi atender o chamado de Anás e conhecendo a sua influência, é muito provável que ele tenha se vendido por algo equivalente a um cargo público de destaque e de boa remuneração, até porque Judas tinha uma boa escolaridade. E Anás, de aguçada percepção, detentor de grande perspicácia e alto poder de persuasão, vendo o quão ambicioso era, com certeza, deve ter-lhe oferecido um alto cargo no sinédrio, porque Judas se entusiasmou de imediato pelo objeto do suborno e já tramou ali mesmo com o corruptor quais as falsas acusações que seriam atribuídas a Jesus, como também já definiram o local, a hora e como os soldados chegariam no referido local para Judas o apontar dentre os demais devendo tudo ocorrer  ainda naquela quinta feira, mesmo que a noite.

O sofrimento de Jesus era bem maior do que se possa imaginar, porque ele sabia de tudo o que lhe aconteceria naquela noite e por quem aconteceria, como sabia com todos os detalhes da trama de Judas Iscariotes e Anás naquela manhã, mas isto não lhe entristecia tanto quanto a negação, por três vezes, que Pedro faria dele antes que o galo cantasse ainda naquela mesma noite, mas ele compreendia  os motivos de cada caso e sua tristeza não era de raiva da covardia de um nem do medo do outro e sim, de pena dos dois, pela fraqueza de ambos.

“E, no primeiro dia da festa dos pães ázimos, chegaram os discípulos junto de Jesus, dizendo: Onde queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa?
E ele disse: Ide, a um certo homem, e dizei-lhe: O Mestre diz: O meu tempo está próximo; em tua casa celebrarei a páscoa com os meus discípulos.
E os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara, e prepararam a páscoa.
E, chegada a tarde, assentou-se à mesa com os doze.
E, comendo eles, disse: Em verdade vos digo que um de vós me há de trair.
E eles, entristecendo-se muito, começaram cada um a dizer-lhe: Porventura sou eu, SENHOR?
E ele, respondendo, disse: O que põe comigo a mão no prato, esse me há de trair.
Em verdade o Filho do homem vai, como acerca dele está escrito, mas ai daquele homem por quem o Filho do homem é traído! Bom seria para esse homem se não houvera nascido.
E, respondendo Judas, o que o traía, disse: Porventura sou eu, Rabi? Ele disse: Tu o disseste.
E, quando comiam, Jesus tomou o pão, e abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo.
E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos;
Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados.
E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai.
E, tendo cantado o hino, saíram para o Monte das Oliveiras”.

Todos já tinham suas tendas numa área no Monte das Oliveiras, a qual eles chamavam de Getsêmani, e lá que todos passavam a noite desde que entraram em Jerusalém: “Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar.
E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito.
Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo.
E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.
E, voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos; e disse a Pedro: Então nem uma hora pudeste velar comigo?
Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.
E, indo segunda vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade.
E, voltando, achou-os outra vez adormecidos; porque os seus olhos estavam pesados.
E, deixando-os de novo, foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras.
Então chegou junto dos seus discípulos, e disse-lhes: Dormi agora, e repousai; eis que é chegada a hora, e o Filho do homem será entregue nas mãos dos pecadores.
Levantai-vos, partamos; eis que é chegado o que me trai.
E, estando ele ainda a falar, eis que chegou Judas, um dos doze, e com ele grande multidão com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo.
E o que o traía tinha-lhes dado um sinal, dizendo: O que eu beijar é esse; prendei-o.
E logo, aproximando-se de Jesus, disse: Eu te saúdo, Rabi; e beijou-o.
Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? Então, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus, e o prenderam.
E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha.
Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão.
Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos?
Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça?” (Mateus 26:36 a 54).

JESUS É CONDUZIDO A CAIFÁS PARA JULGAMENTO RELIGIOSO

A etapa de existir alguém que o acusasse e o entregasse para ser preso estava cumprida e o passo seguinte seria leva-lo a Caifás para o julgamento religioso:

“E os que prenderam a Jesus o conduziram à casa do sumo sacerdote Caifás, onde os escribas e os anciãos estavam reunidos.
E Pedro o seguiu de longe, até ao pátio do sumo sacerdote e, entrando, assentou-se entre os criados, para ver o fim.
Ora, os príncipes dos sacerdotes, e os anciãos, e todo o conselho, buscavam falso testemunho contra Jesus, para poderem dar-lhe a morte;
E não o achavam; apesar de se apresentarem muitas testemunhas falsas, não o achavam. Mas, por fim chegaram duas testemunhas falsas,
E disseram: Este disse: Eu posso derrubar o templo de Deus, e reedificá-lo em três dias.
E, levantando-se o sumo sacerdote, disse-lhe: Não respondes coisa alguma ao que estes depõem contra ti?
Jesus, porém, guardava silêncio. E, insistindo o sumo sacerdote, disse-lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus.
Disse-lhe Jesus: Tu o disseste; digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu.
Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou; para que precisamos ainda de testemunhas? Eis que bem ouvistes agora a sua blasfêmia.
Que vos parece? E eles, respondendo, disseram: É réu de morte.
Então cuspiram-lhe no rosto e lhe davam punhadas, e outros o esbofeteavam,
Dizendo: Profetiza-nos, Cristo, quem é o que te bateu?
Ora, Pedro estava assentado fora, no pátio; e, aproximando-se dele uma criada, disse: Tu também estavas com Jesus, o galileu.
Mas ele negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes.
E, saindo para o vestíbulo, outra criada o viu, e disse aos que ali estavam: Este também estava com Jesus, o Nazareno.
E ele negou outra vez com juramento: Não conheço tal homem.
E, daí a pouco, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Verdadeiramente também tu és deles, pois a tua fala te denuncia.
Então começou ele a praguejar e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem. E imediatamente o galo cantou.
E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus, que lhe dissera: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente”. (Mateus 26:57 a 75).

Foi assim, na calada da noite e fora da sala de fórum do sinédrio que concluíram o julgamento religioso de Jesus, faltando o julgamento secular, que o Sinédrio não tinha competência de faze-lo, principalmente esse, que eles apelavam por uma pena capital, que era a forma de tirar Jesus de seus caminhos, portanto, ele seria encaminhado para o prefeito da Província Imperial Romana da Judéia, que, ao mesmo tempo era o  representante do Império Romano em Jerusalém.

O ARREPENDIMENTO E SUICÍDIO DE JUDAS ISCARIOTES

Judas Iscariotes, provavelmente, também foi traído por Anás, pelo fato de não ter sido recompensado com o combinado que, com certeza, não foi dinheiro, além do que, a quantidade em dinheiro que lhe foi paga era de valor irrisório se comparada a quantidade de dinheiro da bolsa de donativos que ele carregava consigo: “Porque, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe tinha dito: Compra o que nos é necessário para a festa; ou que desse alguma coisa aos pobres”. (João 13: 29). E tanto foi que ele jogou o dinheiro pra lá, muito arrependido pelo que fez e essa traição de Anás contribuiu para esse arrependimento, porque ele sentiu na pele a dor de uma traição, como também pôde dimensionar o tamanho de seu crime:

“Então Judas, o que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos,
Dizendo: Pequei, traindo o sangue inocente. Eles, porém, disseram: Que nos importa? Isso é contigo.
E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar.
E os príncipes dos sacerdotes, tomando as moedas de prata, disseram: Não é lícito colocá-las no cofre das ofertas, porque são preço de sangue.
E, tendo deliberado em conselho, compraram com elas o campo de um oleiro, para sepultura dos estrangeiros.
Por isso foi chamado aquele campo, até ao dia de hoje, Campo de Sangue.
Então se realizou o que vaticinara o profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço do que foi avaliado, que certos filhos de Israel avaliaram,
E deram-nas pelo campo do oleiro, segundo o que o Senhor determinou”. (Mateus 27: 3 a 10)

JESUS É CONDUZIDO A PILATOS E A HERODES PARA JULGAMENTO SECULAR

“E, levantando-se toda a multidão deles, o levaram a Pilatos.
E começaram a acusá-lo, dizendo: Havemos achado este pervertendo a nossa nação, proibindo dar o tributo a César, e dizendo que ele mesmo é Cristo, o rei.
E Pilatos perguntou-lhe, dizendo: Tu és o Rei dos Judeus? E ele, respondendo, disse-lhe: Tu o dizes.
E disse Pilatos aos principais dos sacerdotes, e à multidão: Não acho culpa alguma neste homem.
Mas eles insistiam cada vez mais, dizendo: Alvoroça o povo ensinando por toda a Judéia, começando desde a Galiléia até aqui.
Então Pilatos, ouvindo falar da Galiléia perguntou se aquele homem era galileu.
E, sabendo que era da jurisdição de Herodes, remeteu-o a Herodes, que também naqueles dias estava em Jerusalém.
E Herodes, quando viu a Jesus, alegrou-se muito; porque havia muito que desejava vê-lo, por ter ouvido dele muitas coisas; e esperava que lhe veria fazer algum sinal.
E interrogava-o com muitas palavras, mas ele nada lhe respondia.
E estavam os principais dos sacerdotes, e os escribas, acusando-o com grande veemência.
E Herodes, com os seus soldados, desprezou-o e, escarnecendo dele, vestiu-o de uma roupa resplandecente e tornou a enviá-lo a Pilatos.
E no mesmo dia, Pilatos e Herodes entre si se fizeram amigos; pois dantes andavam em inimizade um com o outro.
E, convocando Pilatos os principais dos sacerdotes, e os magistrados, e o povo,
Disse-lhes: Haveis-me apresentado este homem como pervertedor do povo; e eis que, examinando-o na vossa presença, nenhuma culpa, das de que o acusais, acho neste homem.
Nem mesmo Herodes, porque a ele vos remeti, e eis que não tem feito coisa alguma digna de morte.
Castigá-lo-ei, pois, e soltá-lo-ei.
E era-lhe necessário soltar-lhes um pela festa.
Mas toda a multidão clamou a uma, dizendo: Fora daqui com este, e solta-nos Barrabás.
O qual fora lançado na prisão por causa de uma sedição feita na cidade, e de um homicídio.
Falou, pois, outra vez Pilatos, querendo soltar a Jesus.
Mas eles clamavam em contrário, dizendo: Crucifica-o, crucifica-o”. (Lucas 23: 1 a 21).

A CRUCIFICAÇÃO

“E, quando saíam, encontraram um homem cireneu, chamado Simão, a quem constrangeram a levar a sua cruz.
E, chegando ao lugar chamado Gólgota, que se diz: Lugar da Caveira,
Deram-lhe a beber vinagre misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber.
E, havendo-o crucificado, repartiram as suas vestes, lançando sortes, para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Repartiram entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica lançaram sortes.
E, assentados, o guardavam ali.
E por cima da sua cabeça puseram escrita a sua acusação: ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS.
E foram crucificados com ele dois salteadores, um à direita, e outro à esquerda.
E os que passavam blasfemavam dele, meneando as cabeças,
E dizendo: Tu, que destróis o templo, e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo. Se és Filho de Deus, desce da cruz.
E da mesma maneira também os príncipes dos sacerdotes, com os escribas, e anciãos, e fariseus, escarnecendo, diziam:
Salvou os outros, e a si mesmo não pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e crê-lo-emos.
Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama; porque disse: Sou Filho de Deus.
E o mesmo lhe lançaram também em rosto os salteadores que com ele estavam crucificados.
E desde a hora sexta houve trevas sobre toda a terra, até à hora nona.
E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
E alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Este chama por Elias,
E logo um deles, correndo, tomou uma esponja, e embebeu-a em vinagre, e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber.
Os outros, porém, diziam: Deixa, vejamos se Elias vem livrá-lo.
E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito.
E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras;
E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados;
E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos.
E o centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto, e as coisas que haviam sucedido, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era Filho de Deus.
E estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galiléia, para o servir;
Entre as quais estavam Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu. (Mateus 27: 32 a 56)
                                                                                               

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO

“E no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado, e algumas outras com elas.
E acharam a pedra revolvida do sepulcro.
E, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus.
E aconteceu que, estando elas muito perplexas a esse respeito, eis que pararam junto delas dois homens, com vestes resplandecentes.
E, estando elas muito atemorizadas, e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais o vivente entre os mortos?
Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galiléia,
Dizendo: Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite.
E lembraram-se das suas palavras.
E, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os demais”.  (Lucas 24:1 a 9).


Todos os poderosos foram vencidos por Jesus, porque ele vence até morte e a todos os seus assassinos, agora recolhidos as suas insignificâncias, ainda restam três coisas: acreditar, se arrepender das maldades de seus corações e seguir a Cristo como único salvador.