sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Hermes Rodrigues da Fonseca – 8º Presidente do Brasil


Nasceu em São Gabriel, Rio Grande do Sul, em 12 de maio de 1855 e faleceu em Petrópolis, Rio de Janeiro, em 9 de setembro de 1923. Foi um militar e político brasileiro e o oitavo presidente do Brasil, entre 1910 e 1914.
Sobrinho do marechal Deodoro da Fonseca, 1º presidente do Brasil, do general João Severiano da Fonseca, Patrono do Serviço de Saúde do Exército, e filho do marechal Hermes Ernesto da Fonseca e de Rita Rodrigues Barbosa.
Seu pai era natural de Alagoas e, sendo militar, foi transferido para São Gabriel, onde Hermes nasceu, em 1855. Quando o pai foi enviado para a Guerra do Paraguai, a família retornou para o Rio de Janeiro.

Carreira militar

Em 1871, aos 16 anos, formou-se bacharel em ciências e letras e ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha, onde foi aluno de Benjamin Constant, um dos introdutores das ideias de Auguste Comte no Brasil, e não escapou assim à influência do mestre, embora não se tornasse um positivista ortodoxo. Quando se formou serviu como ajudante de ordens do príncipe Gastão de Orléans, conde d'Eu.
Apoiou a república proclamada por seu tio Manuel Deodoro da Fonseca, e foi convidado por este a ser ajudante-de-campo e secretário militar após a tomada de poder. Em dez meses passou de capitão a tenente-coronel.
Por ocasião da revolta da esquadra, (1893), destacou-se, em Niterói, no comando da defesa do governo de Floriano Peixoto. De 1894, quando foi promovido a coronel, a 1896 comandou o 2° Regimento de Artilharia Montada, depois foi nomeado chefe da Casa Militar da Presidência. Comandou a Brigada Policial do Rio de Janeiro, (atual Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro), entre 1899 e 1904, quando assumiu o comando da Escola Militar do Realengo, que formava os oficiais do exército.
Como comandante da Escola Preparatória do Realengo, em 1904, reprimiu a Revolta da Vacina, movimento que, em nome da liberdade individual, protestou contra a obrigatoriedade da vacina ante variólica, traduzindo, também, a insatisfação popular mais ampla contra o regime. O presidente Rodrigues Alves promoveu-o a marechal.
Desempenhou vários cargos governamentais até se tornar ministro da Guerra, durante o governo de Afonso Pena, (1906-1909), entre 15 de novembro de 1906 e 27 de maio de 1908. Por sugestão do Barão do Rio Branco, enviou oficiais para treinamento no Império Alemão, os quais retornando ao Brasil, ficaram conhecidos como os "Jovens Turcos". Reformou o Exército e o Ministério com a criação de serviços técnicos e administrativos. Dessas inovações, a mais importante foi a instituição do serviço militar obrigatório, conquanto essa lei só fora legitimada em 1964, Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964. Devido à discussão na Câmara sobre a participação dos militares na vida política do país, pediu demissão do cargo. Foi depois ministro do STM (Supremo Tribunal Militar).

A eleição de 1910

Em novembro de 1908, após regressar de uma viagem à Alemanha, onde assistira a manobras militares como convidado de Guilherme II, foi indicado para a sucessão presidencial. Contou com o apoio do presidente Nilo Peçanha, que substituiu Afonso Pena, e das representações estaduais no Congresso Nacional, à exceção das bancadas de São Paulo e Bahia, que apoiavam o nome do senador Rui Barbosa e o presidente de São Paulo Albuquerque Lins como candidato a vice-presidente, e deram início à campanha civilista.
Pela primeira vez no regime republicano se instalou um clima de campanha eleitoral com a disputa entre civilistas e hermistas. Com o convite de Nilo Peçanha para que retornasse ao cargo no ministério, se fortaleceu e venceu as eleições de 1910 contra Rui Barbosa.
Na eleição de 1º de março de 1910, o país se dividiu: Bahia, São Paulo, Pernambuco, o estado do Rio de Janeiro e parte de Minas Gerais, apoiaram o candidato Rui Barbosa, que tinha o presidente de São Paulo, Albuquerque Lins, como seu vice-presidente, e os demais estados apoiaram a candidatura de Hermes da Fonseca, que tinha Venceslau Brás como seu vice. Hermes e Wenceslau Brás venceram. Hermes teve 403.867 votos contra 222.822 votos dados a Rui Barbosa.
Depois de eleito viajou à Europa, onde assistiu à queda da monarquia em Portugal.

Na presidência da República

Hermes da Fonseca enfrentou, logo na primeira semana de governo, em novembro de 1910, a Revolta da Chibata, arquitetada por cerca de dois anos e que culminou num motim dos marinheiros no Encouraçado Minas Gerais, Encouraçado São Paulo, Encouraçado Deodoro e Cruzador Bahia, revolta liderada pelo marinheiro João Cândido Felisberto. Depois de conseguido o objetivo, o fim da aplicação da Chibata na Marinha, e concedida a anistia a todos os mais de dois mil marinheiros amotinados, o governo traiu sua palavra e começou um processo de expulsão de marinheiros. O primeiro motim, já controlado, foi seguido de um levante no batalhão de fuzileiros navais sem causa aparente. O Marechal Hermes ordenou o bombardeio aos portos e colocou o país em estado de sítio. Mais de 1200 marinheiros foram expulsos e centenas foram presos e mortos. Apesar de ser bastante popular quando eleito, sua imagem ficou bastante abalada depois da revolta. Logo outra revolta veio conturbar o seu governo, a Guerra do Contestado, que não chegou a ser debelada até o fim de seu governo.
Manteve a ordem e apoiado pelo Partido Republicano Conservador, liderado pelo senador Pinheiro Machado, retomou o esquema das administrações anteriores, sem poder, contudo, conter o surto militarista das chamadas "salvações", que consistiam na derrubada das oligarquias que dominavam as regiões Norte e Nordeste. Foi no seu Governo que foi criada a faixa presidencial, pelo Decreto número 2.299, de 21 de dezembro de 1910.
A Política das Salvações, nem sempre pacífica, consistiu em promover intervenções federais, sucessivamente, nos Estados de Pernambuco, Bahia, Ceará e Alagoas, alegando a prática de corrupção e a fim de colocar militares na chefia dos Estados, em substituição aos políticos. As intervenções provocaram violenta oposição, que resultou no bombardeio a Manaus, em 8 de outubro de 1910, ainda no Governo de Nilo Peçanha e Salvador.
Em seu governo ocorreu nova renegociação da dívida externa brasileira, em 1914, com um segundo funding loan, (o primeiro fora negociado por Campos Sales), pois a situação financeira do Brasil não andava bem. Sua política externa manteve a aproximação com os Estados Unidos, traçada pelo chanceler barão do Rio Branco, que continuou no cargo de ministro, até 1912, quando faleceu.
No plano interno, prosseguiu o programa de construção de ferrovias, incluindo a ferrovia Madeira-Mamoré e de escolas técnico-profissionais, delineado no governo Afonso Pena. Instalou a Universidade do Paraná. Concluiu as reformas e obras da Vila Militar de Deodoro e do Hospital Central do Exército (HCE), entre outras, além das vilas operárias, no Rio de Janeiro, no subúrbio de Marechal Hermes e no bairro da Gávea.
Foi o único presidente a casar durante o mandato presidencial, sua primeira esposa, Orsina Francioni da Fonseca, com quem casou-se em 1878 veio a falecer em 1912.] Sua segunda esposa foi a caricaturista Nair de Tefé von Hoonholtz, filha do barão de Teffé. Nair seria hoje considerada uma feminista - e, em sua longa vida, chegaria a participar das primeiras comemorações do Ano Internacional da Mulher. As cerimônias civil e religiosa ocorreram no dia 8 de dezembro de 1913, no Palácio Rio Negro, em Petrópolis.
Durante seu governo, foi editado um decreto instituindo o uso da faixa presidencial no Brasil, sendo ele mesmo o primeiro presidente a usá-la e o primeiro a passá-la a seu sucessor. Desde então, todos os presidentes a recebem na ocasião da posse. Hermes da Fonseca é um dos dois únicos militares a chegar na Presidência de forma direta e eleitoral. O outro foi Eurico Gaspar Dutra. Durante todo o seu mandato andou fardado, inclusive durante as reuniões ministeriais.
Ministérios e Ministros
- Ministério da Justiça e Negócios Interiores:
Rivadávia da Cunha Correia, (de 15 de novembro de 1910 a 12 de agosto de 1913).
Uladislau Herculano de Freitas, (de 12 de agosto de 1913 a 15 de novembro de 1914).
- Ministério da Marinha:
Contra-almirante Joaquim Marques Batista de Leão, (de 15 de novembro de 1910 a 11 de janeiro de 1912); vice-almirante Manuel Inácio Belfort Vieira, (de 11 de janeiro de 1912 a 12 de julho de 1913); general Vespasiano Gonçalves de Albuquerque e Silva, (interino), (de 12 de julho de 1913 a 2 de agosto de 1913); vice-almirante Alexandrino Faria de Alencar, (de 2 de agosto de 1913 a 15 de novembro de 1914).
- Ministério da Guerra:
general Emídio Dantas Barreto, (de 15 de novembro de 1910 a 12 de setembro de 1911); general Antônio Adolfo da Fontoura Mena Barreto, (de 12 de setembro de 1911 a 30 de março de 1912); general Vespasiano Gonçalves de Albuquerque e Silva, (de 30 de março de 1912 a 15 de novembro de 1914).
- Ministério das Relações Exteriores:
José Maria da Silva Paranhos Júnior, barão do Rio Branco, (interino), (de 15 de novembro de 1910 a 10 de fevereiro de 1912); Enéas Martins, (interino), (de 10 de fevereiro de 1912 a 14 de fevereiro de 1912); Lauro Müller, (de 14 de fevereiro de 1912 a 15 de novembro de 1914).
- Ministério da Fazenda:
Francisco Antônio de Salles, (de 15 de novembro de 1910 a 9 de maio de 1913); Rivadávia da Cunha Correia, (de 9 de maio de 1913 a 15 de novembro de 1914).
- Ministério da Viação e Obras Públicas:
José Joaquim Seabra, (de 15 de novembro de 1910 a 26 de janeiro de 1912); Pedro Manuel de Toledo, (interino), (de 26 de janeiro de 1912 a 26 de fevereiro de 1912); José Barbosa Gonçalves, (de 26 de fevereiro de 1912 a 15 de novembro de 1914).
- Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio:
Pedro Manuel de Toledo, (de 5 de novembro de 1910 a 18 de novembro de 1913); José Joaquim Seabra, (interino), (de 3 de março de 1911 a 30 de março de 1911); José Barbosa Gonçalves, (interino), (de 4 de maio de 1912 a 29 de maio de 1912); Manuel Edwiges de Queirós Vieira, (de 19 de novembro de 1913 a 15 de novembro de 1914).

Após a presidência

Ao deixar a presidência, em novembro de 1914, candidatou-se ao Senado pelo Rio Grande do Sul, mas se recusou a assumir a cadeira, em virtude do assassinato de José Gomes Pinheiro Machado, no dia em que deveria ser diplomado, em setembro de 1915. Viajou para a Europa, afastando-se da política, e só retornou ao Brasil após seis anos de vida na Suíça (1920), quando se iniciava uma nova campanha presidencial.
Acolhido carinhosamente pelos militares, foi conduzido à presidência do Clube Militar em 1921. Nesta condição entrou em conflito com o governo de Epitácio Pessoa ao prestigiar as forças políticas que apoiaram a candidatura de Nilo Peçanha, no movimento "reação republicana", e envolver-se na frustrada revolta militar de 1922, conhecida como revolta do forte de Copacabana.
Durante a eleição presidencial de 1922, cartas falsas contra Hermes da Fonseca, onde era chamado de "sargentão sem compostura", foram atribuídas à autoria de Artur Bernardes, o que causou tumulto imenso naquelas eleições.
Sua prisão foi então decretada pelo presidente Epitácio Pessoa em 2 de julho de 1922. No dia seguinte foi libertado por ordem do mesmo presidente Epitácio. Preso novamente no dia 5 de julho acusado de conspiração na revolta que se iniciou nessa data no Rio de Janeiro, passou seis meses preso, libertado por habeas corpus em janeiro de 1923. Doente, retirou-se para Petrópolis, hospedando-se com seus sogros, os barões de Tefé. Lá morreu em 9 de setembro de 1923. Foi sepultado no cemitério da cidade.

(Origem: Wikipédia: Hermes da Fonseca )

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