Nasceu
em Extremoz, município vizinho
a Natal, Rio Grande do Norte, em 3
de fevereiro de 1899 e faleceu no Rio de Janeiro, em 20 de fevereiro de 1970. Foi um advogado e político brasileiro,
sendo presidente do Brasil
entre 24 de agosto de 1954 e 8 de novembro de 1955. Filho de Presbítero da Igreja Presbiteriana, foi o
único potiguar e o primeiro protestante a ocupar a presidência da república do Brasil, (Ernesto Geisel, são os únicos protestantes que presidiram o Brasil).
Também foi o primeiro presidente a nascer após a Proclamação da
República.
Trabalhou como jornalista durante a juventude. Entre
1918 e 1919 atuou como goleiro do Alecrim Futebol Clube, sendo o único
presidente a já ter atuado como jogador profissional. Participou da Aliança
Liberal na campanha de 1930. Em 1933, fundou o Partido Social Nacionalista
(PSN) do Rio Grande do Norte, e alguns anos mais tarde, o Partido Social
Progressista de Ademar Pereira de Barros. Em 1934 e 1945 foi
eleito deputado federal.
Eleições de 1950
Nas eleições de 1950, o governador de São Paulo Ademar
de Barros impôs o nome de Café Filho à vice-presidência como condição de
apoiar a candidatura de Getúlio Vargas. Getúlio resistiu, pois, o nome de
Café Filho desagradava os militares e a igreja católica, que o
consideravam um político de tendências esquerdistas. Café Filho foi contra a
aplicação da Lei de Segurança Nacional em 1935. Em 1937 denunciou
o Plano Cohen como uma tapeação militar para legitimar a ditadura
do Estado Novo. No parlamento fazia campanha contra o cancelamento do
registro do PCB e a extinção do mandato dos parlamentares comunistas, além de
ser defensor do divórcio.
Ademar, no entanto, se irritou com a resistência de Getúlio e
lançou uma advertência pela imprensa: "A eleição de Vargas depende
do PSP", afirmara o governador paulista. E conclui: “A
candidatura do Café Filho a vice-presidente será mantida, custe o que custar”. O Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB) acabou formalizando no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) o nome de Café Filho como vice apenas na data limite do
registro eleitoral. Mesmo companheiro de chapa, Getúlio nunca confiou em Café
Filho.
Nas eleições de 1950 a escolha do vice era
desvinculada do presidente. Mesmo assim, Café Filho foi eleito vice-presidente
com uma diferença de 200 mil votos para o segundo colocado, Odilon Duarte
Braga da União Democrática Nacional (UDN).
Além de ser eleito vice-presidente naquela eleição, Café Filho
também foi reeleito deputado federal pelo Rio Grande do Norte (algo possível na
legislação eleitoral da época). Na ocasião, conseguiu ser o deputado federal
mais votado de seu estado com mais de 19 mil votos, superando políticos
como Aluízio Alves, Djalma Marinho, Valfredo Gurgel, Jerônimo
Dix-huit Rosado e José Augusto Bezerra de Medeiros.
Vice-Presidente
da República
Em 20 de setembro de 1951 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem
Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito de Portugal.
Após o atentado da rua Tonelero, o país entrou em grave
crise política. Café Filho sugeriu, então, a Getúlio Vargas, que ambos
renunciassem ao governo, simultaneamente, abrindo as chances para um governo
interino de coalizão. Getúlio disse a Café que iria consultar alguns
amigos e pensar a respeito da proposta. Getúlio Vargas consultou o ministro
da justiça, Tancredo Neves, que recomendou rejeitar o plano, afirmando que
era um golpe de Café Filho. Getúlio avisou a Café Filho que não
renunciaria. Café Filho respondeu que, rejeitada sua proposta, não devia mais
lealdade a Getúlio: "Caso o senhor deixe desta ou daquela maneira
este palácio, a minha obrigação constitucional é vir ocupá-lo."
Presidente da República
Com o suicídio de Vargas em 24 de agosto de 1954,
assumiu a presidência, exercendo o cargo até novembro de 1955. Em 26 de abril
desse ano foi agraciado com a Grã-Cruz da Banda das Três Ordens.
Seu governo foi marcante pelas medidas econômicas liberais
comandadas pelo economista Eugênio Gudin.
Em novembro de 1955 foi afastado da presidência por motivos de
saúde, assumindo em seu lugar o presidente da Câmara, Carlos Luz, que foi
deposto logo em seguida por tentar impedir a posse do presidente eleito Juscelino
Kubitschek.
Ministérios
e Ministros
·
Aeronáutica:
Eduardo Gomes (ago. 1954 – nov. 1955)
·
Agricultura:
Apolônio Jorge de
Faria Salles (ago. 1954), José
da Costa Porto (ago. 1954 – mai1955), Bento Munhoz da
Rocha (mai1955 - nov1955)
·
Educação
e Cultura:
Edgar Rêgo Santos (ago1954 - set
1954), Cândido Mota Filho (set 1954 – nov1955)
·
Fazenda:
Eugênio Gudin (ago 1954 -
abril 1955), Interinos: Octávio Bulhões, José Maria
Whitaker (abril 1955 - out 1955), Mário Leopoldo Pereira da Câmara (out
1955 – nov1955)
·
Guerra:
General Euclydes Zenóbio da
Costa (ago1954), Marechal Henrique Batista Duffles Teixeira
Lott (ago1954 - nov1955), General de Exército Álvaro Fiúza de Castro
(tomou posse, mas não se efetivou no cargo)
·
Justiça e
Negócios do Interior:
Miguel Seabra
Fagundes (ago1954 - fev1955), Alexandre Marcondes Machado
Filho (fev1955 - abril 1955), José Eduardo do Prado Kelly (abril
1955 - nov 1955)
·
Marinha:
Vice-Almirante Renato de Almeida
Gilhobel (ago1954), Vice-Almirante Edmundo Jordão Amorim do
Vale (ago1954 - nov1955), Interino: Saladino Coelho
·
Relações
Exteriores:
Vincente Ráo (ago1954), Raul
Fernandes (ago1954 - nov1955), Interino: Antônio Camilo
de Oliveira
·
Saúde:
Mário Pinotti
(ago1954), Aramis Taborda de Athayde (set 1954 - nov1955)
·
Viação e
Obras Públicas:
José Américo de Almeida (agos
1954), Interinos: Lucas Lopes (ago1954 - jan1955),
Coronel Rodrigo Otávio Jordão Ramos (jan1955 - abr1955), Otávio
Marcondes Ferraz (abril 1955 - nov 1955)
·
Trabalho, Indústria e Comércio:
Napoleão de
Alencastro Guimarães (ago1954 - nov1955), interino: Waldyr Niemeyer
Eleições
de 1955 e o Movimento de 11 de Novembro
Nas eleições presidenciais de 1955, o candidato apoiado por Café
Filho foi derrotado pelo governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek,
do PSD, e pelo vice João Goulart, do PTB. Sob a ameaça de golpe
arquitetado pela UDN e uma ala do exército, Café Filho manteve-se pelo
menos indiferente quanto ao respeito às instituições, o que levou o
general Henrique Lott, seu ministro da Guerra, que por sinal tinha votado
no candidato oficial, general Juarez Távora, a desferir um golpe de Estado
preventivo (o "retorno aos quadros constitucionais vigentes") para
garantir a posse de Juscelino e, principalmente, a manutenção da democracia no
Brasil.
Alegando questões de saúde, Café Filho licenciou-se do cargo de
presidente da República alguns meses antes de Juscelino ser empossado, assumindo
interinamente Carlos Luz, então presidente da Câmara. Por pressão do general
Lott, Carlos Luz foi deposto e impedido de governar, assumindo a presidência
interina Nereu Ramos, então vice-presidente do Senado. Na época, para
garantir a posse dos eleitos JK e Jango, o Estado de Sítio foi aprovado e o
impedimento de Café Filho foi confirmado pelo STF, pois este declarou que
pretendia retornar a ocupar o cargo.
Vida Após
a Presidência
Após a presidência, Café Filho trabalhou em uma
imobiliária no Rio de Janeiro, até ser nomeado, em 1961, pelo governador Carlos
Lacerda, para o cargo de ministro do Tribunal
de Contas da Guanabara, onde
permaneceu, como ministro, até a sua aposentadoria, em 1969.
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