Capítulo 01
E, depois que
João foi entregue à prisão, veio Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho do
reino de Deus,
15 E dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos,
e crede no evangelho.
E, andando
junto do mar da Galiléia, viu Simão, e André, seu irmão, que lançavam a rede ao
mar, pois eram pescadores.
17 E Jesus lhes disse: Vinde após mim, e eu farei que sejais pescadores de homens.
E estava na
sinagoga deles um homem com um espírito imundo, o qual exclamou,
Dizendo: Ah!
que temos contigo, Jesus Nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o
Santo de Deus.
25 E repreendeu-o Jesus, dizendo: Cala-te, e sai dele.
E,
levantando-se de manhã, muito cedo, fazendo ainda escuro, saiu, e foi para um
lugar deserto, e ali orava.
E seguiram-no
Simão e os que com ele estavam.
E, achando-o,
lhe disseram: Todos te buscam.
38 E ele lhes disse: Vamos às aldeias vizinhas, para que eu ali também pregue; porque para
isso vim.
E aproximou-se
dele um leproso que, rogando-lhe, e pondo-se de joelhos diante dele, lhe dizia:
Se queres, bem podes limpar-me.
41 E Jesus, movido de grande compaixão, estendeu
a mão, e tocou-o, e disse-lhe: Quero, sê
limpo.
E, tendo ele
dito isto, logo a lepra desapareceu, e ficou limpo.
44 E disse-lhe: Olha, não digas nada a ninguém; porém vai, mostra-te ao sacerdote, e
oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para lhes servir de
testemunho.
CAPÍTULO 2
E ALGUNS dias
depois entrou outra vez em Cafarnaum, e soube-se que estava em casa.
E vieram ter
com ele conduzindo um paralítico, trazido por quatro.
E, não podendo
aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava, e,
fazendo um buraco, baixaram o leito em que jazia o paralítico.
5 E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados.
E estavam ali
assentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações, dizendo:
Por que diz
este assim blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus?
8 E Jesus, conhecendo logo em seu espírito que
assim arrazoavam entre si, lhes disse: Por
que arrazoais sobre estas coisas em vossos corações?
9 Qual é
mais fácil? dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados; ou dizer-lhe:
Levanta-te, e toma o teu leito, e anda?
10 Ora,
para que saibais que o Filho do homem tem na terra poder para perdoar pecados (disse
ao paralítico),
11 A ti
te digo: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa.
14 E, passando, viu Levi, filho de Alfeu,
sentado na recebedoria, e disse-lhe: Segue-me.
E, levantando-se, o seguiu.
E aconteceu
que, estando sentado à mesa em casa deste, também estavam sentados à mesa com
Jesus e seus discípulos muitos publicanos e pecadores; porque eram muitos, e o
tinham seguido.
E os escribas
e fariseus, vendo-o comer com os publicanos e pecadores, disseram aos seus
discípulos: Por que come e bebe ele com os publicanos e pecadores?
17 E Jesus, tendo ouvido isto, disse-lhes: Os sãos não necessitam de médico, mas, sim,
os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao
arrependimento.
Ora, os
discípulos de João e os fariseus jejuavam; e foram e disseram-lhe: Por que
jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, e não jejuam os teus
discípulos?
19 E Jesus disse-lhes: Podem porventura os filhos das bodas jejuar enquanto está com eles o
esposo? Enquanto têm consigo o esposo, não podem jejuar;
20 Mas
dias virão em que lhes será tirado o esposo, e então jejuarão naqueles dias.
21 Ninguém
deita remendo de pano novo em roupa velha; doutra sorte o mesmo remendo novo
rompe o velho, e a rotura fica maior.
22 E
ninguém deita vinho novo em odres velhos; doutra sorte, o vinho novo rompe os
odres e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; o vinho novo deve ser
deitado em odres novos.
E aconteceu
que, passando ele num sábado pelas searas, os seus discípulos, caminhando,
começaram a colher espigas.
E os fariseus
lhe disseram: Vês? Por que fazem no sábado o que não é lícito?
25 Mas ele disse-lhes: Nunca lestes o que fez Davi, quando estava em necessidade e teve fome,
ele e os que com ele estavam?
26 Como
entrou na casa de Deus, no tempo de Abiatar, sumo sacerdote, e comeu os pães da
proposição, dos quais não era lícito comer senão aos sacerdotes, dando também
aos que com ele estavam?
27 E disse-lhes: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do
sábado.
28 Assim
o Filho do homem até do sábado é Senhor.
CAPÍTULO 3
E OUTRA vez
entrou na sinagoga, e estava ali um homem que tinha uma das mãos mirrada.
E estavam
observando-o se curaria no sábado, para o acusarem.
3 E disse ao homem que tinha a mão mirrada: Levanta-te e vem para o meio.
4 E perguntou-lhes: É lícito no sábado fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida, ou matar?
E eles calaram-se.
5 E, olhando para eles em redor com indignação,
condoendo-se da dureza do seu coração, disse ao homem: Estende a tua mão. E ele a estendeu, e foi-lhe restituída a sua mão, sã
como a outra.
E retirou-se
Jesus com os seus discípulos para o mar, e seguia-o uma grande multidão da
Galiléia e da Judéia,
E os escribas,
que tinham descido de Jerusalém, diziam: Tem Belzebu, e pelo príncipe dos
demônios expulsa os demônios.
23 E, chamando-os a si, disse-lhes por
parábolas: Como pode Satanás expulsar
Satanás?
24 E, se
um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode subsistir;
25 E, se
uma casa se dividir contra si mesma, tal casa não pode subsistir.
26 E, se
Satanás se levantar contra si mesmo, e for dividido, não pode subsistir; antes
tem fim.
27 Ninguém pode
roubar os bens do valente, entrando-lhe em sua casa, se primeiro não maniatar o
valente; e então roubará a sua casa.
28 Na
verdade vos digo que todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, e
toda a sorte de blasfêmias, com que blasfemarem;
29 Qualquer,
porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu
do eterno juízo
Chegaram,
então, seus irmãos e sua mãe; e, estando fora, mandaram-no chamar.
E a multidão
estava assentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos
te procuram, e estão lá fora.
33 E ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos?
34 E, olhando em redor para os que estavam
assentados junto dele, disse: Eis aqui
minha mãe e meus irmãos.
35 Porquanto,
qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã, e minha
mãe.
CAPÍTULO 4
E OUTRA vez
começou a ensinar junto do mar, e ajuntou-se a ele grande multidão, de sorte
que ele entrou e assentou-se num barco, sobre o mar; e toda a multidão estava
em terra junto do mar.
E
ensinava-lhes muitas coisas por parábolas, e lhes dizia na sua doutrina:
3 Ouvi: Eis
que saiu o semeador a semear.
4 E
aconteceu que semeando ele, uma parte da semente caiu junto do caminho, e
vieram as aves do céu, e a comeram;
5 E
outra caiu sobre pedregais, onde não havia muita terra, e nasceu logo, porque
não tinha terra profunda;
6 Mas,
saindo o sol, queimou-se; e, porque não tinha raiz, secou-se.
7 E
outra caiu entre espinhos e, crescendo os espinhos, a sufocaram e não deu
fruto.
8 E
outra caiu em boa terra e deu fruto, que vingou e cresceu; e um produziu
trinta, outro sessenta, e outro cem.
9 E disse-lhes: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
E, quando se
achou só, os que estavam junto dele com os doze interrogaram-no acerca da
parábola.
11 E ele disse-lhes: A vós vos é dado saber os mistérios do reino de Deus, mas aos que estão
de fora todas estas coisas se dizem por parábolas,
12 Para
que, vendo, vejam, e não percebam; e, ouvindo, ouçam, e não entendam; para que
não se convertam, e lhes sejam perdoados os pecados.
13 E disse-lhes: Não percebeis esta parábola? Como, pois, entendereis todas as
parábolas?
14 O que
semeia, semeia a palavra;
15 E, os
que estão junto do caminho são aqueles em quem a palavra é semeada; mas,
tendo-a eles ouvido, vem logo Satanás e tira a palavra que foi semeada nos seus
corações.
16 E da
mesma forma os que recebem a semente sobre pedregais; os quais, ouvindo a
palavra, logo com prazer a recebem;
17 Mas
não têm raiz em si mesmos, antes são temporãos; depois, sobrevindo tribulação
ou perseguição, por causa da palavra, logo se escandalizam.
18 E
outros são os que recebem a semente entre espinhos, os quais ouvem a palavra;
19 Mas os
cuidados deste mundo, e os enganos das riquezas e as ambições de outras coisas,
entrando, sufocam a palavra, e fica infrutífera.
20 E os
que recebem a semente em boa terra são os que ouvem a palavra e a recebem, e
dão fruto, um a trinta, outro a sessenta, outro a cem, por um.
21 E disse-lhes: Vem porventura a candeia para se meter debaixo do alqueire, ou debaixo
da cama? não vem antes para se colocar no velador?
22 Porque
nada há encoberto que não haja de ser manifesto; e nada se faz para ficar
oculto, mas para ser descoberto.
23 Se
alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.
24 E
disse-lhes: Atendei ao que ides ouvir. Com a medida com que medirdes vos
medirão a vós, e ser-vos-á ainda acrescentada a vós que ouvis.
25 Porque
ao que tem, ser-lhe-á dado; e, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.
26 E dizia: O
reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra.
27 E
dormisse, e se levantasse de noite ou de dia, e a semente brotasse e crescesse,
não sabendo ele como.
28 Porque
a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, por último o
grão cheio na espiga.
29 E,
quando já o fruto se mostra, mete-se-lhe logo a foice, porque está chegada a
ceifa.
30 E dizia: A
que assemelharemos o reino de Deus? ou com que parábola o representaremos?
31 É como
um grão de mostarda, que, quando se semeia na terra, é a menor de todas as
sementes que há na terra;
32 Mas,
tendo sido semeado, cresce; e faz-se a maior de todas as hortaliças, e cria
grandes ramos, de tal maneira que as aves do céu podem aninhar-se debaixo da
sua sombra.
35 E, naquele dia, sendo já tarde, disse-lhes: Passemos para o outro lado.
E levantou-se
grande temporal de vento, e subiam as ondas por cima do barco, de maneira que
já se enchia.
E ele estava
na popa, dormindo sobre uma almofada, e despertaram-no, dizendo-lhe: Mestre,
não se te dá que pereçamos?
9 E ele, despertando, repreendeu o vento, e
disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E
o vento se aquietou, e houve grande bonança.
40 E disse-lhes: Por que sois tão tímidos? Ainda não tendes fé?
CAPÍTULO 5
E CHEGARAM ao
outro lado do mar, à província dos gadarenos.
E, saindo ele
do barco, lhe saiu logo ao seu encontro, dos sepulcros, um homem com espírito
imundo;
E, clamando
com grande voz, disse: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo?
conjuro-te por Deus que não me atormentes.
(Porque lhe
dizia: Sai deste homem, espírito imundo.)
9 E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? E lhe respondeu, dizendo: Legião é o meu nome,
porque somos muitos.
E rogava-lhe
muito que os não enviasse para fora daquela província.
E andava ali
pastando no monte uma grande manada de porcos.
E todos
aqueles demônios lhe rogaram, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que
entremos neles.
E Jesus logo
lho permitiu. E, saindo aqueles espíritos imundos, entraram nos porcos; e a
manada se precipitou por um despenhadeiro no mar (eram quase dois mil), e
afogaram-se no mar.
E, entrando
ele no barco, rogava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar com ele.
19 Jesus, porém, não lho permitiu, mas
disse-lhe: Vai para tua casa, para os
teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o SENHOR te fez, e como teve misericórdia
de ti.
E eis que
chegou um dos principais da sinagoga, por nome Jairo, e, vendo-o, prostrou-se
aos seus pés,
E rogava-lhe
muito, dizendo: Minha filha está moribunda; rogo-te que venhas e lhe imponhas
as mãos, para que sare, e viva.
E foi com ele,
e seguia-o uma grande multidão, que o apertava.
E certa mulher
que, havia doze anos, tinha um fluxo de sangue,
Ouvindo falar
de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou na sua veste.
Porque dizia:
Se tão-somente tocar nas suas vestes, sararei.
E logo se lhe
secou a fonte do seu sangue; e sentiu no seu corpo estar já curada daquele mal.
30 E logo Jesus, conhecendo que a virtude de si
mesmo saíra, voltou-se para a multidão, e disse: Quem tocou nas minhas vestes?
Então a
mulher, que sabia o que lhe tinha acontecido, temendo e tremendo, aproximou-se,
e prostrou-se diante dele, e disse-lhe toda a verdade.
34 E ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou; vai em paz, e sê curada deste teu mal.
Estando ele
ainda falando, chegaram alguns do principal da sinagoga, a quem disseram: A tua
filha está morta; para que enfadas mais o Mestre?
36 E Jesus, tendo ouvido estas palavras, disse
ao principal da sinagoga: Não temas, crê
somente.
E não permitiu
que alguém o seguisse, a não ser Pedro, Tiago, e João, irmão de Tiago.
E, tendo
chegado à casa do principal da sinagoga, viu o alvoroço, e os que choravam
muito e pranteavam.
39 E, entrando, disse-lhes: Por que vos alvoroçais e chorais? A menina não está morta, mas dorme.
E riam-se
dele; porém ele, tendo-os feito sair, tomou consigo o pai e a mãe da menina, e
os que com ele estavam, e entrou onde a menina estava deitada.
41 E, tomando a mão da menina, disse-lhe: Talita cumi; que, traduzido, é: Menina, a ti te digo, levanta-te.
E logo a
menina se levantou, e andava, pois já tinha doze anos; e assombraram-se com
grande espanto.
CAPÍTULO 6
E, PARTINDO
dali, chegou à sua pátria, e os seus discípulos o seguiram.
E, chegando o
sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ouvindo-o, se admiravam,
dizendo: De onde lhe vêm estas coisas? e que sabedoria é esta que lhe foi dada?
e como se fazem tais maravilhas por suas mãos?
Não é este o
carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de
Simão? e não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele.
4 E Jesus lhes dizia: Não há profeta sem honra senão na sua pátria, entre os seus parentes, e
na sua casa.
Chamou a si os
doze, e começou a enviá-los a dois e dois, e deu-lhes poder sobre os espíritos
imundos;
E ordenou-lhes
que nada tomassem para o caminho, senão somente um bordão; nem alforje, nem
pão, nem dinheiro no cinto;
Mas que
calçassem alparcas, e que não vestissem duas túnicas.
10 E dizia-lhes: Na casa em que entrardes, ficai nela até partirdes dali.
11 E
tantos quantos vos não receberem, nem vos ouvirem, saindo dali, sacudi o pó que
estiver debaixo dos vossos pés, em testemunho contra eles. Em verdade vos digo
que haverá mais tolerância no dia de juízo para Sodoma e Gomorra, do que para
os daquela cidade.
E ouviu isto o
rei Herodes (porque o nome de Jesus se tornara notório), e disse: João, o que
batizava, ressuscitou dentre os mortos, e por isso estas maravilhas operam
nele.
Outros diziam:
É Elias. E diziam outros: É um profeta, ou como um dos profetas.
Herodes,
porém, ouvindo isto, disse: Este é João, que mandei degolar; ressuscitou dentre
os mortos.
Porquanto o
mesmo Herodes mandara prender a João, e encerrá-lo maniatado no cárcere, por
causa de Herodias, mulher de Filipe, seu irmão, porquanto tinha casado com ela.
Pois João
dizia a Herodes: Não te é lícito possuir a mulher de teu irmão.
E Herodias o
espiava, e queria matá-lo, mas não podia.
Porque Herodes
temia a João, sabendo que era homem justo e santo; e guardava-o com segurança,
e fazia muitas coisas, atendendo-o, e de boa mente o ouvia.
E, chegando
uma ocasião favorável em que Herodes, no dia dos seus anos, dava uma ceia aos
grandes, e tribunos, e príncipes da Galiléia,
Entrou a filha
da mesma Herodias, e dançou, e agradou a Herodes e aos que estavam com ele à
mesa. Disse então o rei à menina: Pede-me o que quiseres, e eu to darei.
E jurou-lhe,
dizendo: Tudo o que me pedires te darei, até metade do meu reino.
E, saindo ela,
perguntou a sua mãe: Que pedirei? E ela disse: A cabeça de João o Batista.
E os apóstolos
ajuntaram-se a Jesus, e contaram-lhe tudo, tanto o que tinham feito como o que
tinham ensinado.
31 E ele disse-lhes: Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco.
Porque havia muitos que iam e vinham, e não tinham tempo para comer.
E Jesus,
saindo, viu uma grande multidão, e teve compaixão deles, porque eram como
ovelhas que não têm pastor; e começou a ensinar-lhes muitas coisas.
E, como o dia
fosse já muito adiantado, os seus discípulos se aproximaram dele, e lhe
disseram: O lugar é deserto, e o dia está já muito adiantado.
Despede-os,
para que vão aos lugares e aldeias circunvizinhas, e comprem pão para si;
porque não têm que comer.
37 Ele, porém, respondendo, lhes disse: Dai-lhes vós de comer. E eles
disseram-lhe: Iremos nós, e compraremos duzentos dinheiros de pão para lhes
darmos de comer?
38 E ele disse-lhes: Quantos pães tendes? Ide ver. E, sabendo-o eles, disseram: Cinco
pães e dois peixes.
E ordenou-lhes
que fizessem assentar a todos, em ranchos, sobre a erva verde.
E, tomando ele
os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos ao céu, abençoou e partiu os
pães, e deu-os aos seus discípulos para que os pusessem diante deles. E
repartiu os dois peixes por todos.
E todos
comeram, e ficaram fartos;
E os que
comeram os pães eram quase cinco mil homens.
E logo obrigou
os seus discípulos a subir para o barco, e passar adiante, para o outro lado, a
Betsaida, enquanto ele despedia a multidão.
E, tendo-os
despedido, foi ao monte a orar.
E, sobrevindo
a tarde, estava o barco no meio do mar e ele, sozinho, em terra.
E vendo que se
fatigavam a remar, porque o vento lhes era contrário, perto da quarta vigília
da noite aproximou-se deles, andando sobre o mar, e queria passar-lhes adiante.
Mas, quando
eles o viram andar sobre o mar, cuidaram que era um fantasma, e deram grandes
gritos.
50 Porque todos o viam, e perturbaram-se; mas
logo falou com eles, e disse-lhes: Tende
bom ânimo; sou eu, não temais.
E subiu para o
barco, para estar com eles, e o vento se aquietou; e entre si ficaram muito
assombrados e maravilhados;
CAPÍTULO 7
Depois
perguntaram-lhe os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos
conforme a tradição dos antigos, mas comem o pão com as mãos por lavar?
6 E ele, respondendo, disse-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós,
hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, Mas o seu
coração está longe de mim;
7 Em
vão, porém, me honram, Ensinando doutrinas que são mandamentos de homens.
8 Porque,
deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens; como o lavar dos
jarros e dos copos; e fazeis muitas outras coisas semelhantes a estas.
9 E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição.
10 Porque
Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e quem maldisser, ou o pai ou a mãe,
certamente morrerá.
11 Vós,
porém, dizeis: Se um homem disser ao pai ou à mãe: Aquilo que poderias
aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta ao Senhor;
12 Nada
mais lhe deixais fazer por seu pai ou por sua mãe,
13 Invalidando
assim a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes. E muitas
coisas fazeis semelhantes a estas.
14 E, chamando outra vez a multidão, disse-lhes:
Ouvi-me vós, todos, e compreendei.
15 Nada
há, fora do homem, que, entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai dele
isso é que contamina o homem.
16 Se
alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.
17 Depois, quando deixou a multidão, e entrou em
casa, os seus discípulos o interrogavam acerca desta parábola.
18 E ele disse-lhes: Assim também vós estais sem entendimento? Não compreendeis que tudo o
que de fora entra no homem não o pode contaminar,
19 Porque
não entra no seu coração, mas no ventre, e é lançado fora, ficando puras todas
as comidas?
20 E dizia: O
que sai do homem isso contamina o homem.
21 Porque
do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as
prostituições, os homicídios,
22 Os
furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia,
a soberba, a loucura.
23 Todos
estes males procedem de dentro e contaminam o homem.
E,
levantando-se dali, foi para os termos de Tiro e de Sidom. E, entrando numa
casa, não queria que alguém o soubesse, mas não pôde esconder-se;
Porque uma
mulher, cuja filha tinha um espírito imundo, ouvindo falar dele, foi e
lançou-se aos seus pés.
E esta mulher
era grega, siro-fenícia de nação, e rogava-lhe que expulsasse de sua filha o
demônio.
27 Mas Jesus disse-lhe: Deixa primeiro saciar os filhos; porque não convém tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.
Ela, porém,
respondeu, e disse-lhe: Sim, Senhor; mas também os cachorrinhos comem, debaixo
da mesa, as migalhas dos filhos.
29 Então ele disse-lhe: Por essa palavra, vai; o demônio já saiu de tua filha.
E, indo ela
para sua casa, achou a filha deitada sobre a cama, e que o demônio já tinha
saído.
E ele,
tornando a sair dos termos de Tiro e de Sidom, foi até ao mar da Galiléia,
pelos confins de Decápolis.
E
trouxeram-lhe um surdo, que falava dificilmente; e rogaram-lhe que pusesse a
mão sobre ele.
E, tirando-o à
parte, de entre a multidão, pôs-lhe os dedos nos ouvidos; e, cuspindo,
tocou-lhe na língua.
34 E, levantando os olhos ao céu, suspirou, e
disse: Efatá; isto é, Abre-te.
E logo se
abriram os seus ouvidos, e a prisão da língua se desfez, e falava
perfeitamente.
36 E ordenou-lhes que a ninguém o dissessem;
mas, quanto mais lhos proibia, tanto mais o divulgavam.
E,
admirando-se sobremaneira, diziam: Tudo faz bem; faz ouvir os surdos e falar os
mudos.
CAPÍTULO 8
NAQUELES dias,
havendo uma grande multidão, e não tendo quê comer, Jesus chamou a si os seus
discípulos, e disse-lhes:
2 Tenho
compaixão da multidão, porque há já três dias que estão comigo, e não têm quê
comer.
3 E, se
os deixar ir em jejum, para suas casas, desfalecerão no caminho, porque alguns
deles vieram de longe.
E os seus
discípulos responderam-lhe: De onde poderá alguém satisfazê-los de pão aqui no
deserto?
5 E perguntou-lhes: Quantos pães tendes? E disseram-lhe: Sete.
E ordenou à
multidão que se assentasse no chão. E, tomando os sete pães, e tendo dado
graças, partiu-os, e deu-os aos seus discípulos, para que os pusessem diante
deles, e puseram-nos diante da multidão.
Tinham também
alguns peixinhos; e, tendo dado graças, ordenou que também lhos pusessem
diante.
E comeram, e
saciaram-se; e dos pedaços que sobejaram levantaram sete cestos.
E os que
comeram eram quase quatro mil; e despediu-os.
E, entrando
logo no barco, com os seus discípulos, foi para as partes de Dalmanuta.
E saíram os
fariseus, e começaram a disputar com ele, pedindo-lhe, para o tentarem, um sinal
do céu.
12 E, suspirando profundamente em seu espírito,
disse: Por que pede esta geração um
sinal? Em verdade vos digo que a esta geração não se dará sinal algum.
E,
deixando-os, tornou a entrar no barco, e foi para o outro lado.
E eles se
esqueceram de levar pão e, no barco, não tinham consigo senão um pão.
15 E ordenou-lhes, dizendo: Olhai, guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes.
E arrazoavam
entre si, dizendo: É porque não temos pão.
17 E Jesus, conhecendo isto, disse-lhes: Para que arrazoais, que não tendes pão? não
considerastes, nem compreendestes ainda? tendes ainda o vosso coração
endurecido?
18 Tendo
olhos, não vedes? e tendo ouvidos, não ouvis? e não vos lembrais,
19 Quando
parti os cinco pães entre os cinco mil, quantas alcofas cheias de pedaços
levantastes? Disseram-lhe: Doze.
20 E,
quando parti os sete entre os quatro mil, quantos cestos cheios de pedaços
levantastes? E disseram-lhe: Sete.
21 E ele lhes disse: Como não entendeis ainda?
E chegou a
Betsaida; e trouxeram-lhe um cego, e rogaram-lhe que o tocasse.
E, tomando o
cego pela mão, levou-o para fora da aldeia; e, cuspindo-lhe nos olhos, e
impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe se via alguma coisa.
E, levantando
ele os olhos, disse: Vejo os homens; pois os vejo como árvores que andam.
Depois disto,
tornou a pôr-lhe as mãos sobre os olhos, e fez olhar para cima: e ele ficou
restaurado, e viu cada homem claramente.
26 E mandou-o para sua casa, dizendo: Nem entres na aldeia, nem o digas a ninguém
na aldeia.
27 E saiu Jesus, e os seus discípulos, para as
aldeias de Cesaréia de Filipe; e no caminho perguntou aos seus discípulos,
dizendo: Quem dizem os homens que eu
sou?
E eles
responderam: João o Batista; e outros: Elias; mas outros: Um dos profetas.
29 E ele lhes disse: Mas vós, quem dizeis que eu sou? E, respondendo Pedro, lhe disse:
Tu és o Cristo.
E
admoestou-os, para que a ninguém dissessem aquilo dele.
E começou a
ensinar-lhes que importava que o Filho do homem padecesse muito, e que fosse
rejeitado pelos anciãos e príncipes dos sacerdotes, e pelos escribas, e que
fosse morto, mas que depois de três dias ressuscitaria.
E dizia
abertamente estas palavras. E Pedro o tomou à parte, e começou a repreendê-lo.
33 Mas ele, virando-se, e olhando para os seus
discípulos, repreendeu a Pedro, dizendo: Retira-te
de diante de mim, Satanás; porque não compreendes as coisas que são de Deus,
mas as que são dos homens.
34 E chamando a si a multidão, com os seus
discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser
vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me.
35 Porque
qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas, qualquer que perder a
sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará.
36 Pois,
que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?
37 Ou,
que daria o homem pelo resgate da sua alma?
38 Porquanto,
qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e
das minhas palavras, também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier
na glória de seu Pai, com os santos anjos.
CAPÍTULO 9
1 DIZIA-LHES também: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que não provarão
a morte sem que vejam chegado o
reino de Deus com poder.
E seis dias
depois Jesus tomou consigo a Pedro, a Tiago, e a João, e os levou sós, em
particular, a um alto monte; e transfigurou-se diante deles;
E as suas
vestes tornaram-se resplandecentes, extremamente brancas como a neve, tais como
nenhum lavadeiro sobre a terra os poderia branquear.
E
apareceu-lhes Elias, com Moisés, e falavam com Jesus.
E Pedro,
tomando a palavra, disse a Jesus: Mestre, é bom que estejamos aqui; e façamos
três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias.
Pois não sabia
o que dizia, porque estavam assombrados.
E desceu uma
nuvem que os cobriu com a sua sombra, e saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é
o meu filho amado; a ele ouvi.
E, tendo
olhado em redor, ninguém mais viram, senão só Jesus com eles.
E, descendo
eles do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, até que
o Filho do homem ressuscitasse dentre os mortos.
E eles
retiveram o caso entre si, perguntando uns aos outros que seria aquilo,
ressuscitar dentre os mortos.
E
interrogaram-no, dizendo: Por que dizem os escribas que é necessário que Elias
venha primeiro?
12 E, respondendo ele, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e todas as
coisas restaurará; e, como está escrito do Filho do homem, que ele deva padecer
muito e ser aviltado.
13 Digo-vos,
porém, que Elias já veio, e fizeram-lhe tudo o que quiseram, como dele está
escrito.
E, quando se
aproximou dos discípulos, viu ao redor deles grande multidão, e alguns escribas
que disputavam com eles.
E logo toda a
multidão, vendo-o, ficou espantada e, correndo para ele, o saudaram.
16 E perguntou aos escribas: Que é que discutis com eles?
E um da
multidão, respondendo, disse: Mestre, trouxe-te o meu filho, que tem um
espírito mudo;
E este, onde
quer que o apanha, despedaça-o, e ele espuma, e range os dentes, e vai
definhando; e eu disse aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam.
19 E ele, respondendo-lhes, disse: Ó geração incrédula! até quando estarei
convosco? até quando vos sofrerei ainda? Trazei-mo.
E
trouxeram-lho; e quando ele o viu, logo o espírito o agitou com violência, e,
caindo o endemoninhado por terra, revolvia-se, escumando.
21 E perguntou ao pai dele: Quanto tempo há que lhe sucede isto? E ele disse-lhe: Desde a
infância.
E muitas vezes
o tem lançado no fogo, e na água, para o destruir; mas, se tu podes fazer
alguma coisa, tem compaixão de nós, e ajuda-nos.
23 E Jesus disse-lhe: Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê.
E logo o pai
do menino, clamando, com lágrimas, disse: Eu creio, Senhor! ajuda a minha
incredulidade.
25 E Jesus, vendo que a multidão concorria,
repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: Espírito
mudo e surdo, eu te ordeno: Sai dele, e não entres mais nele.
E ele,
clamando, e agitando-o com violência, saiu; e ficou o menino como morto, de tal
maneira que muitos diziam que estava morto.
Mas Jesus,
tomando-o pela mão, o ergueu, e ele se levantou.
E, quando
entrou em casa, os seus discípulos lhe perguntaram à parte: Por que o não
pudemos nós expulsar?
29 E disse-lhes: Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e
jejum.
E, tendo
partido dali, caminharam pela Galiléia, e não queria que alguém o soubesse;
31 Porque ensinava os seus discípulos, e lhes
dizia: O Filho do homem será entregue
nas mãos dos homens, e matá-lo-ão; e, morto ele, ressuscitará ao terceiro dia.
33 E chegou a Cafarnaum e, entrando em casa,
perguntou-lhes: Que estáveis vós
discutindo pelo caminho?
Mas eles
calaram-se; porque pelo caminho tinham disputado entre si qual era o maior.
35 E ele, assentando-se, chamou os doze, e
disse-lhes: Se alguém quiser ser o
primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos.
E, lançando
mão de um menino, pô-lo no meio deles e, tomando-o nos seus braços, disse-lhes:
37 Qualquer
que receber um destes meninos em meu nome, a mim me recebe; e qualquer que a
mim me receber, recebe, não a mim, mas ao que me enviou.
E João lhe
respondeu, dizendo: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava demônios, o qual
não nos segue; e nós lho proibimos, porque não nos segue.
39 Jesus, porém, disse: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e
possa logo falar mal de mim.
40 Porque
quem não é contra nós, é por nós.
41 Porquanto,
qualquer que vos der a beber um copo de água em meu nome, porque sois
discípulos de Cristo, em verdade vos digo que não perderá o seu galardão.
42 E
qualquer que escandalizar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe
fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e que fosse lançado no mar.
43 E, se
a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor é para ti entrares na vida aleijado
do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga,
44 Onde o
seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.
45 E, se
o teu pé te escandalizar, corta-o; melhor é para ti entrares coxo na vida do
que, tendo dois pés, seres lançado no inferno, no fogo que nunca se apaga,
46 Onde o
seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.
47 E, se
o teu olho te escandalizar, lança-o fora; melhor é para ti entrares no reino de
Deus com um só olho do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno,
48 Onde o
seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.
49 Porque
cada um será salgado com fogo, e cada sacrifício será salgado com sal.
50 Bom é
o sal; mas, se o sal se tornar insípido, com que o temperareis? Tende sal em
vós mesmos, e paz uns com os outros.
CAPÍTULO 10
E,
LEVANTANDO-SE dali, foi para os termos da Judéia, além do Jordão, e a multidão
se reuniu em torno dele; e tornou a ensiná-los, como tinha por costume.
E,
aproximando-se dele os fariseus, perguntaram-lhe, tentando-o: É lícito ao homem
repudiar sua mulher?
3 Mas ele, respondendo, disse-lhes: Que vos mandou Moisés?
E eles
disseram: Moisés permitiu escrever carta de divórcio e repudiar.
5 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Pela dureza dos vossos corações vos deixou
ele escrito esse mandamento;
6 Porém,
desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea.
7 Por
isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher,
8 E
serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne.
9 Portanto,
o que Deus ajuntou não o separe o homem.
E em casa
tornaram os discípulos a interrogá-lo acerca disto mesmo.
11 E ele lhes disse: Qualquer que deixar a sua mulher e casar com outra, adultera contra
ela.
12 E, se
a mulher deixar a seu marido, e casar com outro, adultera.
E traziam-lhe
meninos para que lhes tocasse, mas os discípulos repreendiam aos que lhos
traziam.
14 Jesus, porém, vendo isto, indignou-se, e
disse-lhes: Deixai vir os meninos a mim,
e não os impeçais; porque dos tais é o reino de Deus.
15 Em
verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como menino, de
maneira nenhuma entrará nele.
E, tomando-os
nos seus braços, e impondo-lhes as mãos, os abençoou.
E, pondo-se a
caminho, correu para ele um homem, o qual se ajoelhou diante dele, e lhe
perguntou: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
18 E Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom senão um, que é Deus.
19 Tu
sabes os mandamentos: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não dirás
falso testemunho; não defraudarás alguém; honra a teu pai e a tua mãe.
Ele, porém,
respondendo, lhe disse: Mestre, tudo isso guardei desde a minha mocidade.
21 E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe
disse: Falta-te uma coisa: vai, vende
tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a
cruz, e segue-me.
Mas ele,
pesaroso desta palavra, retirou-se triste; porque possuía muitas propriedades.
23 Então Jesus, olhando em redor, disse aos seus
discípulos: Quão dificilmente entrarão
no reino de Deus os que têm riquezas!
24 E os discípulos se admiraram destas suas
palavras; mas Jesus, tornando a falar, disse-lhes: Filhos, quão difícil é, para os que confiam nas riquezas, entrar no
reino de Deus!
25 É mais
fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino
de Deus.
E eles se
admiravam ainda mais, dizendo entre si: Quem poderá, pois, salvar-se?
27 Jesus, porém, olhando para eles, disse: Para os homens é impossível, mas não para
Deus, porque para Deus todas as coisas são possíveis.
E Pedro
começou a dizer-lhe: Eis que nós tudo deixamos, e te seguimos.
29 E Jesus, respondendo, disse: Em verdade vos digo que ninguém há, que
tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos,
ou campos, por amor de mim e do evangelho,
30 Que
não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e
mães, e filhos, e campos, com perseguições; e no século futuro a vida eterna.
31 Porém
muitos primeiros serão derradeiros, e muitos derradeiros serão primeiros.
E iam no
caminho, subindo para Jerusalém; e Jesus ia adiante deles. E eles
maravilhavam-se, e seguiam-no atemorizados. E, tornando a tomar consigo os
doze, começou a dizer-lhes as coisas que lhe deviam sobrevir,
33 Dizendo: Eis
que nós subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos
sacerdotes, e aos escribas, e o condenarão à morte, e o entregarão aos gentios.
34 E o
escarnecerão, e açoitarão, e cuspirão nele, e o matarão; e, ao terceiro dia,
ressuscitará.
E
aproximaram-se dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo: Mestre, queremos
que nos faças o que te pedirmos.
36 E ele lhes disse: Que quereis que vos faça?
37 E eles lhe disseram: Concede-nos que na tua glória nos assentemos, um à tua direita, e outro
à tua esquerda.
38 Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis vós beber o cálice que eu bebo, e ser
batizados com o batismo com que eu sou batizado?
39 E eles lhe disseram: Podemos. Jesus, porém,
disse-lhes: Em verdade, vós bebereis o
cálice que eu beber, e sereis batizados com o batismo com que eu sou batizado;
40 Mas, o
assentar-se à minha direita, ou à minha esquerda, não me pertence a mim
concedê-lo, mas isso é para aqueles a quem está reservado.
E os dez,
tendo ouvido isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João.
42 Mas Jesus, chamando-os a si, disse-lhes: Sabeis que os que julgam ser príncipes dos
gentios, deles se assenhoreiam, e os seus grandes usam de autoridade sobre
elas;
43 Mas
entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser ser grande, será
vosso serviçal;
44 E
qualquer que dentre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos.
45 Porque
o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua
vida em resgate de muitos.
Depois, foram
para Jericó. E, saindo ele de Jericó com seus discípulos e uma grande multidão,
Bartimeu, o cego, filho de Timeu, estava assentado junto do caminho,
mendigando.
E, ouvindo que
era Jesus de Nazaré, começou a clamar, e a dizer: Jesus, filho de Davi, tem
misericórdia de mim.
E muitos o
repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava cada vez mais: Filho de Davi!
tem misericórdia de mim.
E Jesus,
parando, disse que o chamassem; e chamaram o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo;
levanta-te, que ele te chama.
E ele,
lançando de si a sua capa, levantou-se, e foi ter com Jesus.
51 E Jesus, falando, disse-lhe: Que queres que te faça? E o cego lhe
disse: Mestre, que eu tenha vista.
52 E Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho.
CAPÍTULO 11
E, LOGO que se
aproximaram de Jerusalém, de Betfagé e de Betânia, junto do Monte das
Oliveiras, enviou dois dos seus discípulos,
2 E disse-lhes: Ide à aldeia que está defronte de vós; e, logo que ali entrardes,
encontrareis preso um jumentinho, sobre o qual ainda não montou homem algum;
soltai-o, e trazei-mo.
3 E, se
alguém vos disser: Por que fazeis isso? dizei-lhe que o Senhor precisa dele, e
logo o deixará trazer para aqui.
E foram, e
encontraram o jumentinho preso fora da porta, entre dois caminhos, e o
soltaram.
E alguns dos
que ali estavam lhes disseram: Que fazeis, soltando o jumentinho?
Eles, porém,
disseram-lhes como Jesus lhes tinha mandado; e deixaram-nos ir.
E levaram o
jumentinho a Jesus, e lançaram sobre ele as suas vestes, e assentou-se sobre
ele.
E muitos
estendiam as suas vestes pelo caminho, e outros cortavam ramos das árvores, e
os espalhavam pelo caminho.
E aqueles que
iam adiante, e os que seguiam, clamavam, dizendo: Hosana, bendito o que vem em
nome do Senhor;
Bendito o
reino do nosso pai Davi, que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas.
E Jesus entrou
em Jerusalém, no templo, e, tendo visto tudo em redor, como fosse já tarde,
saiu para Betânia com os doze.
E, no dia
seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome.
E, vendo de
longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa; e,
chegando a ela, não achou senão folhas, porque não era tempo de figos.
14 E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E
os seus discípulos ouviram isto.
E vieram a
Jerusalém; e Jesus, entrando no templo, começou a expulsar os que vendiam e
compravam no templo; e derrubou as mesas dos cambiadores e as cadeiras dos que
vendiam pombas.
E não
consentia que alguém levasse algum vaso pelo templo.
17 E os ensinava, dizendo: Não está escrito: A minha casa será chamada, por todas as nações, casa
de oração? Mas vós a tendes feito covil de ladrões.
E os escribas
e príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido isto, buscavam ocasião para o matar;
pois eles o temiam, porque toda a multidão estava admirada acerca da sua
doutrina.
E, sendo já
tarde, saiu para fora da cidade.
E eles,
passando pela manhã, viram que a figueira se tinha secado desde as raízes.
E Pedro,
lembrando-se, disse-lhe: Mestre, eis que a figueira, que tu amaldiçoaste, se
secou.
22 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Tende fé em Deus;
23 Porque
em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar
em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será
feito.
24 Por
isso vos digo que todas as coisas que pedirdes, orando, crede receber, e
tê-las-eis.
25 E,
quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para
que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas.
26 Mas,
se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará as
vossas ofensas.
E tornaram a
Jerusalém, e, andando ele pelo templo, os principais dos sacerdotes, e os
escribas, e os anciãos, se aproximaram dele.
E lhe
disseram: Com que autoridade fazes tu estas coisas? ou quem te deu tal
autoridade para fazer estas coisas?
29 Mas Jesus, respondendo, disse-lhes: Também eu vos perguntarei uma coisa, e
respondei-me; e então vos direi com que autoridade faço estas coisas:
30 O
batismo de João era do céu ou dos homens? respondei-me.
E eles
arrazoavam entre si, dizendo: Se dissermos: Do céu, ele nos dirá: Então por que
o não crestes?
Se, porém,
dissermos: Dos homens, tememos o povo. Porque todos sustentavam que João
verdadeiramente era profeta.
33 E, respondendo, disseram a Jesus: Não
sabemos. E Jesus lhes replicou: Também
eu vos não direi com que autoridade faço estas coisas.
CAPÍTULO 12
1 E COMEÇOU a falar-lhes por parábolas: Um homem plantou uma vinha, e cercou-a de
um valado, e fundou nela um lagar, e edificou uma torre, e arrendou-a a uns
lavradores, e partiu para fora da terra.
2 E,
chegado o tempo, mandou um servo aos lavradores para que recebesse, dos
lavradores, do fruto da vinha.
3 Mas
estes, apoderando-se dele, o feriram e o mandaram embora vazio.
4 E
tornou a enviar-lhes outro servo; e eles, apedrejando-o, o feriram na cabeça, e
o mandaram embora, tendo-o afrontado.
5 E
tornou a enviar-lhes outro, e a este mataram; e a outros muitos, dos quais a
uns feriram e a outros mataram.
6 Tendo
ele, pois, ainda um seu filho amado, enviou-o também a estes por derradeiro,
dizendo: Ao menos terão respeito ao meu filho.
7 Mas
aqueles lavradores disseram entre si: Este é o herdeiro; vamos, matemo-lo, e a
herança será nossa.
8 E,
pegando dele, o mataram, e o lançaram fora da vinha.
9 Que
fará, pois, o SENHOR da vinha? Virá, e destruirá os lavradores, e dará a vinha
a outros.
10 Ainda
não lestes esta Escritura: A pedra, que os edificadores rejeitaram, Esta foi
posta por cabeça de esquina;
11 Isto
foi feito pelo Senhor E é coisa maravilhosa aos nossos olhos?
E, chegando
eles, disseram-lhe: Mestre, sabemos que és homem de verdade, e de ninguém se te
dá, porque não olhas à aparência dos homens, antes com verdade ensinas o
caminho de Deus; é lícito dar o tributo a César, ou não? Daremos, ou não
daremos?
15 Então ele, conhecendo a sua hipocrisia,
disse-lhes: Por que me tentais? Trazei-me uma moeda, para que a veja.
16 E eles lha trouxeram. E disse-lhes: De quem é esta imagem e inscrição? E
eles lhe disseram: De César.
17 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Dai pois a César o que é de César, e a Deus
o que é de Deus. E maravilharam-se dele.
Então os
saduceus, que dizem que não há ressurreição, aproximaram-se dele, e
perguntaram-lhe, dizendo:
Mestre, Moisés
nos escreveu que, se morresse o irmão de alguém, e deixasse a mulher e não
deixasse filhos, seu irmão tomasse a mulher dele, e suscitasse descendência a
seu irmão.
Ora, havia
sete irmãos, e o primeiro tomou a mulher, e morreu sem deixar descendência;
E o segundo
também a tomou e morreu, e nem este deixou descendência; e o terceiro da mesma
maneira.
E tomaram-na
os sete, sem, contudo, terem deixado descendência. Finalmente, depois de todos,
morreu também a mulher.
Na
ressurreição, pois, quando ressuscitarem, de qual destes será a mulher? porque
os sete a tiveram por mulher.
E Jesus,
respondendo, disse-lhes: Porventura não
errais vós em razão de não saberdes as Escrituras nem o poder de Deus?
25 Porquanto,
quando ressuscitarem dentre os mortos, nem casarão, nem se darão em casamento,
mas serão como os anjos que estão nos céus.
26 E,
acerca dos mortos que houverem de ressuscitar, não tendes lido no livro de
Moisés como Deus lhe falou na sarça, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, e o Deus
de Isaque, e o Deus de Jacó?
27 Ora,
Deus não é de mortos, mas sim, é Deus de vivos. Por isso vós errais muito.
Aproximou-se
dele um dos escribas que os tinha ouvido disputar, e sabendo que lhes tinha
respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos?
29 E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus
é o único Senhor.
30 Amarás,
pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo
o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.
31 E o
segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há
outro mandamento maior do que estes.
E o escriba
lhe disse: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que há um só Deus, e que
não há outro além dele;
E que amá-lo
de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a alma, e de todas as
forças, e amar o próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e
sacrifícios.
34 E Jesus, vendo que havia respondido
sabiamente, disse-lhe: Não estás longe
do reino de Deus. E já ninguém ousava perguntar-lhe mais nada.
35 E, falando Jesus, dizia, ensinando no templo:
Como dizem os escribas que o Cristo é
filho de Davi?
36 O
próprio Davi disse pelo Espírito Santo: O Senhor disse ao meu Senhor:
Assenta-te à minha direita Até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos
teus pés.
37 Pois,
se Davi mesmo lhe chama SENHOR, como é logo seu filho? E a grande multidão
o ouvia de boa vontade.
38 E, ensinando-os, dizia-lhes: Guardai-vos dos escribas, que gostam de
andar com vestes compridas, e das saudações nas praças,
39 E das
primeiras cadeiras nas sinagogas, e dos primeiros assentos nas ceias;
40 Que
devoram as casas das viúvas, e isso com pretexto de largas orações. Estes
receberão mais grave condenação.
E, estando
Jesus assentado defronte da arca do tesouro, observava a maneira como a
multidão lançava o dinheiro na arca do tesouro; e muitos ricos deitavam muito.
Vindo, porém,
uma pobre viúva, deitou duas pequenas moedas, que valiam meio centavo.
43 E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva
deitou mais do que todos os que deitaram na arca do tesouro;
44 Porque
todos ali deitaram do que lhes sobejava, mas esta, da sua pobreza, deitou tudo
o que tinha, todo o seu sustento.
CAPÍTULO 13
E, SAINDO ele
do templo, disse-lhe um dos seus discípulos: Mestre, olha que pedras, e que
edifícios!
2 E, respondendo Jesus, disse-lhe: Vês estes grandes edifícios? Não ficará
pedra sobre pedra que não seja derrubada.
E,
assentando-se ele no Monte das Oliveiras, defronte do templo, Pedro, e Tiago, e
João e André lhe perguntaram em particular:
Dize-nos,
quando serão essas coisas, e que sinal haverá quando todas elas estiverem para
se cumprir.
5 E Jesus, respondendo-lhes, começou a dizer: Olhai que ninguém vos engane;
6 Porque
muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos.
7 E,
quando ouvirdes de guerras e de rumores de guerras, não vos perturbeis; porque
assim deve acontecer; mas ainda não será o fim.
8 Porque
se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá terremotos em
diversos lugares, e haverá fomes e tribulações. Estas coisas são os princípios
das dores.
9 Mas
olhai por vós mesmos, porque vos entregarão aos concílios e às sinagogas; e
sereis açoitados, e sereis apresentados perante presidentes e reis, por amor de
mim, para lhes servir de testemunho.
10 Mas
importa que o evangelho seja primeiramente pregado entre todas as nações.
11 Quando,
pois, vos conduzirem e vos entregarem, não estejais solícitos de antemão pelo
que haveis de dizer, nem premediteis; mas, o que vos for dado naquela hora,
isso falai, porque não sois vós os que falais, mas o Espírito Santo.
12 E o
irmão entregará à morte o irmão, e o pai ao filho; e levantar-se-ão os filhos
contra os pais, e os farão morrer.
13 E
sereis odiados por todos por amor do meu nome; mas quem perseverar até ao fim,
esse será salvo.
14 Ora,
quando vós virdes a abominação do assolamento, que foi predito por Daniel o
profeta, estar onde não deve estar (quem lê, entenda), então os que estiverem
na Judéia fujam para os montes.
15 E o
que estiver sobre o telhado não desça para casa, nem entre a tomar coisa alguma
de sua casa;
16 E o
que estiver no campo não volte atrás, para tomar as suas vestes.
17 Mas ai
das grávidas, e das que criarem naqueles dias!
18 Orai,
pois, para que a vossa fuga não suceda no inverno.
19 Porque
naqueles dias haverá uma aflição tal, qual nunca houve desde o princípio da
criação, que Deus criou, até agora, nem jamais haverá.
20 E, se
o Senhor não abreviasse aqueles dias, nenhuma carne se salvaria; mas, por causa
dos eleitos que escolheu, abreviou aqueles dias.
21 E
então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo; ou: Ei-lo ali; não acrediteis.
22 Porque
se levantarão falsos cristos, e falsos profetas, e farão sinais e prodígios,
para enganarem, se for possível, até os escolhidos.
23 Mas
vós vede; eis que de antemão vos tenho dito tudo.
24 Ora,
naqueles dias, depois daquela aflição, o sol se escurecerá, e a lua não dará a
sua luz.
25 E as
estrelas cairão do céu, e as forças que estão nos céus serão abaladas.
26 E
então verão vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e glória.
27 E ele
enviará os seus anjos, e ajuntará os seus escolhidos, desde os quatro ventos,
da extremidade da terra até a extremidade do céu.
28 Aprendei,
pois, a parábola da figueira: Quando já o seu ramo se torna tenro, e brota
folhas, bem sabeis que já está próximo o verão.
29 Assim
também vós, quando virdes sucederem estas coisas, sabei que já está perto, às
portas.
30 Na
verdade vos digo que não passará esta geração, sem que todas estas coisas
aconteçam.
31 Passará
o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.
32 Mas
daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho,
senão o Pai.
33 Olhai,
vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo.
34 É como
se um homem, partindo para fora da terra, deixasse a sua casa, e desse
autoridade aos seus servos, e a cada um a sua obra, e mandasse ao porteiro que
vigiasse.
35 Vigiai,
pois, porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à
meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã,
36 Para
que, vindo de improviso, não vos ache dormindo.
37 E as
coisas que vos digo, digo-as a todos: Vigiai.
CAPÍTULO 14
E DALI a dois
dias era a páscoa, e a festa dos pães ázimos; e os principais dos sacerdotes e
os escribas buscavam como o prenderiam com dolo, e o matariam.
Mas eles
diziam: Não na festa, para que porventura não se faça alvoroço entre o povo.
E, estando ele
em Betânia, assentado à mesa, em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher, que
trazia um vaso de alabastro, com ungüento de nardo puro, de muito preço, e
quebrando o vaso, lho derramou sobre a cabeça.
E alguns houve
que em si mesmos se indignaram, e disseram: Para que se fez este desperdício de
ungüento?
Porque podia
vender-se por mais de trezentos dinheiros, e dá-lo aos pobres. E bramavam
contra ela.
6 Jesus, porém, disse: Deixai-a, por que a molestais? Ela fez-me boa obra.
7 Porque
sempre tendes os pobres convosco, e podeis fazer-lhes bem, quando quiserdes;
mas a mim nem sempre me tendes.
8 Esta
fez o que podia; antecipou-se a ungir o meu corpo para a sepultura.
9 Em
verdade vos digo que, em todas as partes do mundo onde este evangelho for
pregado, também o que ela fez será contado para sua memória.
E Judas
Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principais dos sacerdotes para lho
entregar.
E eles,
ouvindo-o, folgaram, e prometeram dar-lhe dinheiro; e buscava como o entregaria
em ocasião oportuna.
E, no primeiro
dia dos pães ázimos, quando sacrificavam a páscoa, disseram-lhe os discípulos:
Aonde queres que vamos fazer os preparativos para comer a páscoa?
13 E enviou dois dos seus discípulos, e
disse-lhes: Ide à cidade, e um homem,
que leva um cântaro de água, vos encontrará; segui-o.
14 E,
onde quer que entrar, dizei ao senhor da casa: O Mestre diz: Onde está o
aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos?
15 E ele
vos mostrará um grande cenáculo mobilado e preparado; preparai-a ali.
E, saindo os
seus discípulos, foram à cidade, e acharam como lhes tinha dito, e prepararam a
páscoa.
E, chegada a
tarde, foi com os doze.
18 E, quando estavam assentados a comer, disse
Jesus: Em verdade vos digo que um de
vós, que comigo come, há de trair-me.
E eles
começaram a entristecer-se e a dizer-lhe um após outro: Sou eu? E outro disse:
Sou eu?
20 Mas ele, respondendo, disse-lhes: É um dos doze, que põe comigo a mão no
prato.
21 Na
verdade o Filho do homem vai, como dele está escrito, mas ai daquele homem por
quem o Filho do homem é traído! Bom seria para o tal homem não haver nascido.
22 E, comendo eles, tomou Jesus pão e,
abençoando-o, o partiu e deu-lho, e disse: Tomai,
comei, isto é o meu corpo.
E, tomando o
cálice, e dando graças, deu-lho; e todos beberam dele.
24 E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que por muitos é
derramado.
25 Em
verdade vos digo que não beberei mais do fruto da vide, até àquele dia em que o
beber, novo, no reino de Deus.
E, tendo
cantado o hino, saíram para o Monte das Oliveiras.
27 E disse-lhes Jesus: Todos vós esta noite vos escandalizareis em mim; porque está escrito:
Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão.
28 Mas,
depois que eu houver ressuscitado, irei adiante de vós para a Galiléia.
E disse-lhe
Pedro: Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu.
30 E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas
vezes, três vezes me negarás.
Mas ele disse
com mais veemência: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo nenhum
te negarei. E da mesma maneira diziam todos também.
32 E foram a um lugar chamado Getsêmani, e disse
aos seus discípulos: Assentai-vos aqui,
enquanto eu oro.
E tomou
consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, e começou a ter pavor, e a angustiar-se.
34 E disse-lhes: A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui, e
vigiai.
E, tendo ido
um pouco mais adiante, prostrou-se em terra; e orou para que, se fosse
possível, passasse dele aquela hora.
36 E disse: Aba,
Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja,
porém, o que eu quero, mas o que tu queres.
37 E, chegando, achou-os dormindo; e disse a
Pedro: Simão, dormes? não podes vigiar
uma hora?
38 Vigiai
e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto,
mas a carne é fraca.
E foi outra
vez e orou, dizendo as mesmas palavras.
E, voltando,
achou-os outra vez dormindo, porque os seus olhos estavam pesados, e não sabiam
o que responder-lhe.
41 E voltou terceira vez, e disse-lhes: Dormi agora, e descansai. Basta; é chegada
a hora. Eis que o Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores.
42 Levantai-vos,
vamos; eis que está perto o que me trai.
E logo,
falando ele ainda, veio Judas, que era um dos doze, da parte dos principais dos
sacerdotes, e dos escribas e dos anciãos, e com ele uma grande multidão com
espadas e varapaus.
Ora, o que o
traía, tinha-lhes dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é;
prendei-o, e levai-o com segurança.
E, logo que
chegou, aproximou-se dele, e disse-lhe: Rabi, Rabi. E beijou-o.
E lançaram-lhe
as mãos, e o prenderam.
E um dos que
ali estavam presentes, puxando da espada, feriu o servo do sumo sacerdote, e
cortou-lhe uma orelha.
48 E, respondendo Jesus, disse-lhes: Saístes com espadas e varapaus a
prender-me, como a um salteador?
49 Todos
os dias estava convosco ensinando no templo, e não me prendestes; mas isto é
para que as Escrituras se cumpram.
Então,
deixando-o, todos fugiram.
E levaram
Jesus ao sumo sacerdote, e ajuntaram-se todos os principais dos sacerdotes, e
os anciãos e os escribas.
E Pedro o
seguiu de longe até dentro do pátio do sumo sacerdote, e estava assentado com
os servidores, aquentando-se ao lume.
E os
principais dos sacerdotes e todo o concílio buscavam algum testemunho contra
Jesus, para o matar, e não o achavam.
Porque muitos
testificavam falsamente contra ele, mas os testemunhos não eram coerentes.
E,
levantando-se alguns, testificaram falsamente contra ele, dizendo:
Nós
ouvimos-lhe dizer: Eu derrubarei este templo, construído por mãos de homens, e
em três dias edificarei outro, não feito por mãos de homens.
E nem assim o
seu testemunho era coerente.
E,
levantando-se o sumo sacerdote no Sinédrio, perguntou a Jesus, dizendo: Nada
respondes? Que testificam estes contra ti?
Mas ele
calou-se, e nada respondeu. O sumo sacerdote lhe tornou a perguntar, e
disse-lhe: És tu o Cristo, Filho do Deus Bendito?
62 E Jesus disse-lhe: Eu o sou, e vereis o Filho do homem assentado à direita do poder de
Deus, e vindo sobre as nuvens do céu.
E o sumo
sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: Para que necessitamos de mais
testemunhas?
Vós ouvistes a
blasfêmia; que vos parece? E todos o consideraram culpado de morte.
E alguns
começaram a cuspir nele, e a cobrir-lhe o rosto, e a dar-lhe punhadas, e a
dizer-lhe: Profetiza. E os servidores davam-lhe bofetadas.
E, estando
Pedro embaixo, no átrio, chegou uma das criadas do sumo sacerdote;
E, vendo a
Pedro, que se estava aquentando, olhou para ele, e disse: Tu também estavas com
Jesus Nazareno.
Mas ele
negou-o, dizendo: Não o conheço, nem sei o que dizes. E saiu fora ao alpendre,
e o galo cantou.
E a criada,
vendo-o outra vez, começou a dizer aos que ali estavam: Este é um dos tais.
Mas ele o
negou outra vez. E pouco depois os que ali estavam disseram outra vez a Pedro:
Verdadeiramente tu és um deles, porque és também galileu, e tua fala é
semelhante.
E ele começou
a praguejar, e a jurar: Não conheço esse homem de quem falais.
E o galo
cantou segunda vez. E Pedro lembrou-se da palavra que Jesus lhe tinha dito: Antes que o galo cante duas vezes, três
vezes me negarás. E, retirando-se dali, chorou.
CAPÍTULO 15
E, LOGO ao
amanhecer, os principais dos sacerdotes, com os anciãos, e os escribas, e todo
o Sinédrio, tiveram conselho; e, ligando Jesus, o levaram e entregaram a
Pilatos.
2 E Pilatos lhe perguntou: Tu és o Rei dos
Judeus? E ele, respondendo, disse-lhe: Tu
o dizes.
E os
principais dos sacerdotes o acusavam de muitas coisas; porém ele nada
respondia.
E Pilatos o
interrogou outra vez, dizendo: Nada respondes? Vê quantas coisas testificam
contra ti.
Mas Jesus nada
mais respondeu, de maneira que Pilatos se maravilhava.
Ora, no dia da
festa costumava soltar-lhes um preso qualquer que eles pedissem.
E havia um
chamado Barrabás, que, preso com outros amotinadores, tinha num motim cometido
uma morte.
E a multidão,
dando gritos, começou a pedir que fizesse como sempre lhes tinha feito.
E Pilatos lhes
respondeu, dizendo: Quereis que vos solte o Rei dos Judeus?
Porque ele bem
sabia que por inveja os principais dos sacerdotes o tinham entregado.
Mas os
principais dos sacerdotes incitaram a multidão para que fosse solto antes
Barrabás.
E Pilatos,
respondendo, lhes disse outra vez: Que quereis, pois, que faça daquele a quem
chamais Rei dos Judeus?
E eles
tornaram a clamar: Crucifica-o.
Mas Pilatos
lhes disse: Mas que mal fez? E eles cada vez clamavam mais: Crucifica-o.
Então Pilatos,
querendo satisfazer a multidão, soltou-lhe Barrabás e, açoitado Jesus, o
entregou para ser crucificado.
E os soldados
o levaram dentro à sala, que é a da audiência, e convocaram toda a coorte.
E vestiram-no
de púrpura, e tecendo uma coroa de espinhos, lha puseram na cabeça.
E começaram a
saudá-lo, dizendo: Salve, Rei dos Judeus!
E feriram-no
na cabeça com uma cana, e cuspiram nele e, postos de joelhos, o adoraram.
E, havendo-o
escarnecido, despiram-lhe a púrpura, e o vestiram com as suas próprias vestes;
e o levaram para fora a fim de o crucificarem.
E
constrangeram um certo Simão, cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que por ali
passava, vindo do campo, a que levasse a cruz.
E levaram-no
ao lugar do Gólgota, que se traduz por lugar da Caveira.
E deram-lhe a
beber vinho com mirra, mas ele não o tomou.
E, havendo-o
crucificado, repartiram as suas vestes, lançando sobre elas sortes, para saber
o que cada um levaria.
E era a hora
terceira, e o crucificaram.
E por cima
dele estava escrita a sua acusação: O REI DOS JUDEUS.
E crucificaram
com ele dois salteadores, um à sua direita, e outro à esquerda.
E cumprindo-se
a escritura que diz: E com os malfeitores foi contado.
E os que
passavam blasfemavam dele, meneando as suas cabeças, e dizendo: Ah! tu que
derrubas o templo, e em três dias o edificas,
Salva-te a ti
mesmo, e desce da cruz.
E da mesma
maneira também os principais dos sacerdotes, com os escribas, diziam uns para
os outros, zombando: Salvou os outros, e não pode salvar-se a si mesmo.
O Cristo, o
Rei de Israel, desça agora da cruz, para que o vejamos e acreditemos. Também os
que com ele foram crucificados o injuriavam.
E, chegada a
hora sexta, houve trevas sobre toda a terra até a hora nona.
34 E, à hora nona, Jesus exclamou com grande
voz, dizendo: Eloí, Eloí, lamá
sabactâni? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
E alguns dos
que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Eis que chama por Elias.
E um deles
correu a embeber uma esponja em vinagre e, pondo-a numa cana, deu-lho a beber,
dizendo: Deixai, vejamos se virá Elias tirá-lo.
E Jesus, dando
um grande brado, expirou.
E o véu do
templo se rasgou em dois, de alto a baixo.
E o centurião,
que estava defronte dele, vendo que assim clamando expirara, disse:
Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus.
E também ali
estavam algumas mulheres, olhando de longe, entre as quais também Maria Madalena,
e Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, e Salomé;
As quais
também o seguiam, e o serviam, quando estava na Galiléia; e muitas outras, que
tinham subido com ele a Jerusalém.
E, chegada a
tarde, porquanto era o dia da preparação, isto é, a véspera do sábado,
Chegou José de
Arimatéia, senador honrado, que também esperava o reino de Deus, e ousadamente
foi a Pilatos, e pediu o corpo de Jesus.
E Pilatos se
maravilhou de que já estivesse morto. E, chamando o centurião, perguntou-lhe se
já havia muito que tinha morrido.
E, tendo-se
certificado pelo centurião, deu o corpo a José;
O qual
comprara um lençol fino, e, tirando-o da cruz, o envolveu nele, e o depositou
num sepulcro lavrado numa rocha; e revolveu uma pedra para a porta do sepulcro.
E Maria
Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde o punham.
CAPÍTULO 16
E, PASSADO o
sábado, Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para
irem ungi-lo.
E, no primeiro
dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nascer do sol.
E diziam umas
às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro?
E, olhando,
viram que já a pedra estava revolvida; e era ela muito grande.
E, entrando no
sepulcro, viram um jovem assentado à direita, vestido de uma roupa comprida,
branca; e ficaram espantadas.
Ele, porém,
disse-lhes: Não vos assusteis; buscais a Jesus Nazareno, que foi crucificado;
já ressuscitou, não está aqui; eis aqui o lugar onde o puseram.
Mas ide, dizei
a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o
vereis, como ele vos disse.
E, saindo elas
apressadamente, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de temor e
assombro; e nada diziam a ninguém porque temiam.
E Jesus, tendo
ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria
Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios.
E, partindo
ela, anunciou-o àqueles que tinham estado com ele, os quais estavam tristes, e
chorando.
E, ouvindo
eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram.
E depois
manifestou-se de outra forma a dois deles, que iam de caminho para o campo.
E, indo estes,
anunciaram-no aos outros, mas nem ainda estes creram.
Finalmente
apareceu aos onze, estando eles assentados à mesa, e lançou-lhes em rosto a sua
incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto
já ressuscitado.
15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.
16
Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.
17 E
estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios;
falarão novas línguas;
18 Pegarão
nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum;
e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão.
Ora, o Senhor,
depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de
Deus.
E eles, tendo
partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e
confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém.
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